91O povo que caminhava nas trevas
viu uma grande luz;
habitavam numa terra de sombras
e uma luz brilhou para eles.
2Acrescentaste a alegria, ó Senhor,
aumentaste o júbilo.
Rejubilam diante de ti
como se alegram no tempo das ceifas,
como rejubilam ao repartirem os despojos.
3Tal como outrora com o jugo dos madianitas9,3 Madianitas. Alusão a Juízes 7. Ver Is 10,26.,
também agora quebras o jugo da opressão
que pesa sobre o teu povo,
a vara que lhes rasga os ombros
e o bastão do capataz de trabalhos forçados.
4A bota inimiga que pisa o solo com arrogância
e a capa enrolada9,4 A bota e a capa enrolada faziam parte do equipamento dos soldados assírios., tingida de sangue,
serão queimadas e pasto do fogo.
5É que um menino9,5 Ver Is 7,14; Lc 2,11. nos nasceu,
um filho nos foi dado.
Deus colocou a soberania sobre os seus ombros.
Os seus títulos são:
Conselheiro maravilhoso,
Deus forte, Pai para sempre,
Príncipe da paz.
6Ele vai alargar o seu domínio
e governar em paz total,
sobre o trono de David e sobre o seu reino.
Vai estabelecê-lo e consolidá-lo
com a justiça e o direito,
desde agora e para sempre.
É isto mesmo o que vai realizar
o Senhor do Universo, com todo o zelo.
7O Senhor lançou a sua sentença
contra os descendentes de Jacob,
ela caiu sobre o reino de Israel9,7 Reino de Israel. O reino do Norte estava separado do de Judá havia uns 200 anos (ver 1 Rs 12). Samaria era a capital do reino do Norte..
8Todo o povo a há de ouvir,
o reino de Efraim e os habitantes da Samaria.
Eles dizem com soberba e presunção:
9«Se caíram os tijolos,
reconstruiremos com pedras lavradas;
se deitaram abaixo as vigas de sicómoro,
substituí-las-emos por vigas de cedro.»
10O Senhor fez que surgisse contra eles
o seu inimigo Recin9,10 Sobre a pessoa de Recin, ver Is 7,1..
Atiçou os seus adversários,
11os arameus pela frente
e os filisteus por detrás.
Eles devoraram Israel à boca cheia.
E apesar disto, a ira do Senhor não se acalma,
a sua mão continua ameaçadora.
12Mas o povo não se converteu a Deus, que o castigava,
não procurou o Senhor do Universo.
13Então num só dia,
o Senhor cortou em Israel a cabeça e a cauda
a palma e o junco.
14O ancião e o nobre são a cabeça,
os falsos profetas são a cauda.
15Os dirigentes do povo enganam-no,
e os dirigidos são totalmente esmagados.
16Por isso, o Senhor não se alegra9,16 Segundo o texto massorético. O texto de Isaías encontrado em Qumran diz: o Senhor não poupa. com os jovens,
e não tem compaixão dos órfãos e viúvas.
São todos ímpios e maus;
tudo quanto dizem é infame.
E apesar disto, a ira do Senhor9,16 Ver 5,25; 9,11. não se acalma,
a sua mão continua ameaçadora.
17A maldade está a arder como um fogo,
que consome silvas e cardos;
o fogo toma conta das árvores da floresta
e levanta para o céu colunas de fumo.
18O país está em chamas
devido à cólera do Senhor do Universo:
o povo é pasto das chamas.
Ninguém tem compaixão do seu próximo.
19Cortam um pedaço à direita
e continuam com fome,
devoram um outro pedaço à esquerda
e não ficam saciados.
Cada um devora os seus próprios parentes.
20A tribo de Manassés está contra a de Efraim
e esta contra a de Manassés,
e as duas juntas contra a de Judá.
E, apesar disto, a ira do Senhor não se acalma,
a sua mão continua ameaçadora.
101Ai dos que decretam leis injustas,
dos que escrevem leis que geram a miséria!
2Retiram do tribunal as reivindicações dos fracos,
e privam dos seus direitos os pobres do meu povo.
As viúvas servem-lhes de presa
e exploram os órfãos10,2 Sobre a situação dos pobres, ver Is 1,17.23; 3,14–15; Am 2,6–8; 5,7.10–15; 6,12; 8,4–6..
3Quando o Senhor intervier,
quando a tempestade chegar de longe,
que podereis fazer?
A quem ireis pedir auxílio?
E onde ireis esconder as vossas riquezas?
4Sereis humilhados como prisioneiros,
caindo por terra com os que morrem.
E, apesar disto, a ira do Senhor não se acalma,
a sua mão continua ameaçadora.
5O Senhor diz: «Ai da Assíria10,5 Assíria. Ver Is 10,24–27; 14,25; 30,27–33; 37,22–35., vara da minha ira
e bastão do meu furor10,5 Instrumento de castigo de Deus. Ver Is 5,26–30; 7,18.20; 8,7; cf. Jr 51,23.!
6Enviei-a contra uma nação infiel,
mandei-a contra o povo que me irritou,
para recolher os despojos e fazer a pilhagem,
para o calcar aos pés como barro da rua.
7Mas não foi assim que os assírios pensaram;
o seu coração tinha outros propósitos.
A sua ideia era aniquilar e exterminar
todas as nações que pudessem.
8Diziam: “Porventura os chefes dos meus exércitos
não valem tanto como os reis dos outros?
9Não aconteceu à cidade de Calno
o mesmo que à de Carquémis?
E não acabei com Hamat como com Arpad,
com a Samaria como com Damasco10,9 Calno, Carquémis, Hamat, Arpad. Cidades do reino arameu que tinha como capital Damasco. Entre 738 e 717 a.C caíram no poder da Assíria. Samaria. Capital do reino de Israel, tomada em 722–721 a.C. A disposição dos nomes das cidades sugere a ideia de marcha irresistível contra Jerusalém.?”
10A minha mão conquistou aqueles reinos de ídolos,
cujas imagens são mais ricas
que as de Jerusalém e Samaria.
11O que fiz com a Samaria e seus deuses,
hei de fazer também com Jerusalém e seus ídolos?»
12Quando o Senhor acabar a sua tarefa no monte Sião e em Jerusalém, castigará o orgulho do rei da Assíria e a arrogância do seu olhar insolente. 13Ele dizia:
«Tudo quanto fiz é devido à minha força
e ao meu saber, pois sou inteligente.
Acabei com as fronteiras entre as nações,
saqueei os seus tesouros
e destronei, como um herói, os seus reis.
14Como se mete a mão num ninho,
assim arrecadei as riquezas dos povos;
como quem apanha ovos abandonados,
assim apanhei eu toda a terra.
E não houve ninguém que batesse as asas
ou abrisse a boca para protestar.»
15Será que o machado se envaidece contra quem o usa?
E a serra vangloria-se contra quem a maneja?
É como se o pau manejasse a quem o segura,
e a vara levantasse quem é mais do que ela.
16Por isso, o Senhor Deus, todo-poderoso,
fará com que definhem os fortes guerreiros da Assíria.
E que em vez de glória, a febre os consuma como fogo ardente.
17A luz de Israel converter-se-á num fogo,
o seu Santo será uma chama,
que destruirá e queimará
os cardos e as silvas, num só dia.
18A beleza das suas florestas e pomares
será totalmente consumida,
como um homem minado pela doença.
19Apenas algumas árvores ficarão
na floresta da Assíria10,19 Ou: na sua floresta. Segundo esta leitura os v. 16–19 diriam respeito a Israel e não à Assíria., mas tão poucas
que até uma criança as poderá contar.
20Naquele dia, o resto de Israel10,20 O tema o resto de Israel é um refrão muito presente em Isaías. Ver 4,3; 11,11.16; 28,5; cf. 16,14; 17,3; 21,17.,
os sobreviventes do povo de Jacob,
não voltarão mais a apoiar-se em quem os castigava;
vão apoiar-se, sim, no Senhor, o Santo de Israel10,20 Santidade. Este atributo de Deus é muito comum neste livro. Ver 1,4; 6,3; 10,17..
21Um resto voltará;
um resto do povo de Jacob
voltará para o Deus forte.
22Mesmo que a tua população, ó Israel,
fosse numerosa como as areias da praia,
apenas um resto voltaria para o Senhor.
A destruição está decretada,
a sentença está ditada.
23O Senhor, o Deus do Universo, cumprirá em toda a terra a destruição que decidiu10,23 Versículos citados em Rm 9,27–28..
24Por isso, assim fala o Senhor, Deus do Universo:
«Meu povo, que habitas em Sião, não temas a Assíria, embora te castigue com a vara e levante o seu pau contra ti, como fizeram outrora os egípcios. 25Dentro de muito pouco tempo a minha ira vai destruí-los, o meu furor acabará com eles.»
26O Senhor do Universo levantará contra a Assíria o seu chicote, como fez contra os madianitas no rochedo de Oreb10,26 Oreb. Ver Jz 7,23–25; não confundir com o rochedo de Ex 17,6. Comparar com Is 9,3.; erguerá o seu bastão contra o mar, como fez contra os egípcios.
27Naquele dia,
ele tirará dos teus ombros a carga pesada
e do teu pescoço o jugo torcido.
Em vez do jugo haverá abundância.
28O inimigo avança sobre Aiat10,28 Aiat. Localidade poucos quilómetros a sul de Betel. O itinerário descrito nos v. 28–32 parte desta localidade, a 15 km a norte de Jerusalém, e dirige-se para sul através duma região acidentada.,
atravessa Migron e revista as armas em Micmás.
29Atravessa o desfiladeiro;
Guebo serve-lhe de acampamento.
A cidade de Ramá treme de medo
e Guibeá, a cidade de Saul, põe-se em fuga.
30Gritem forte, gente de Galim,
escutem, habitantes de Laís; respondam, povo de Anatot.
31Mademena pôs-se a salvo
e os habitantes de Guebim puseram-se em fuga.
32Mais um dia e o inimigo estará em Nob10,32 Nob. Aldeia situada no monte Scopus, no cimo do monte das Oliveiras. A invasão aqui descrita é provavelmente a de 734 a.C., cuja alusão aparece várias vezes em Isaías. Ver 7,1–9.,
e já estende a mão para o monte Sião,
a colina de Jerusalém.
33Vejam como o Senhor, Deus do Universo,
lança por terra a ramagem à machadada;
os troncos mais fortes serão abatidos,
os ramos mais altos derribados.
34Cortará as árvores da floresta com o machado
e o Líbano10,34 Líbano. Cadeia montanhosa a norte da Palestina, famosa pelas suas florestas de cedros. Umas vezes aparece como símbolo de orgulho (ver 2,13; 37,24), outras como símbolo de prosperidade (29,17; 33,9; 35,2). com o seu esplendor cairá por terra.
111Um novo ramo sairá do tronco de Jessé11,1 Jessé. Pai de David (1 Sm 16,1), considerado a cabeça da dinastia davídica. Aqui é comparado ao tronco de uma árvore abatida, do qual brotará um novo rebento. Modo de anunciar que Deus continuará fiel à promessa feita a David (Is 7,13; 2 Sm 5,7–16).,
e da sua raiz brotará um rebento.
2Sobre ele repousará o Espírito do Senhor:
espírito de sabedoria e entendimento
espírito de conselho e valentia,
espírito de conhecimento e de respeito pelo Senhor.
3Viverá inteiramente para honrar o Senhor.
Não julgará segundo as aparências,
nem dará sentenças pelo que ouve dizer.
4Defenderá com justiça os fracos
e com retidão, os pobres do país.
A sua palavra, como uma vara, castigará o país,
condenando à morte os malvados.
5A justiça e a verdade serão a cintura
com que ele se aperta continuamente.
6Então o lobo habitará com o cordeiro,
o leopardo deitar-se-á junto do cabrito,
o vitelo e o leão pastarão juntos;
até uma criança pequena os conduzirá.
7A vaca pastará com o urso,
as suas crias deitar-se-ão juntas,
e o leão comerá erva com o boi.
8O bebé brincará na toca da cobra,
e a criança meterá a mão no buraco da víbora.
9Não haverá mais mal nem destruição
em todo o meu Monte Santo,
porque o conhecimento do Senhor encherá o país,
tal como as águas enchem o mar11,9 Ver Is 65,25. Sobre o v. 9, ver Hc 2,14..
10Naquele dia,
um descendente de Jessé
será como uma bandeira levantada para os povos:
as nações virão procurá-lo
e será gloriosa a sua morada11,10 Ver Rm 15,12..
11Naquele dia,
o Senhor estenderá outra vez a sua mão
para resgatar o resto do seu povo:
os que sobreviveram da Assíria e do Egito,
de Patros, de Cuche, do Elam, da Mesopotâmia, de Hamat
e das ilhas.
12Levantará uma bandeira para que as nações saibam
que ele vai reunir os exilados de Israel
e reagrupar os judeus dispersos
dos quatro cantos da terra.
13Então acabará a inveja de Efraim
e os inimigos de Judá serão destroçados.
Efraim não terá inveja de Judá,
nem Judá se voltará contra Efraim11,13 Sobre o fim da divisão dos dois reinos, ver Jr 3,18; 23,5–6; 31,6; Ez 34,23; 37,15–28; Os 2,2; 3,5..
14Correrão lado a lado contra os filisteus, a Ocidente,
bem unidos, pilharão as tribos do Oriente.
Edom e Moab cairão nas suas mãos,
e os amonitas tornar-se-ão seus súbditos.
15O Senhor secará o golfo do mar do Egito,
e ameaçará o Eufrates com a sua mão levantada.
Com o seu sopro poderoso,
atacará os seus sete canais,
de modo a poderem ser atravessados a pé.
16E haverá um caminho plano para o resto do seu povo11,16 Alusão ao retorno dos exilados. Ver 40,3–4; 42,16; 43,19; 49,19; 57,14; 62,10.
que sobreviver da Assíria,
tal como aconteceu com os israelitas,
quando saíram do Egito.