41«Se te quiseres arrepender, ó Israel,
volta para mim.
Se deixares os ídolos que detesto,
não precisarás de andar sem rumo.
Palavra do Senhor!
2Se fores honesto e sincero,
poderás prestar juramento em nome do Senhor;
e os pagãos pedirão a minha bênção
e se sentirão felizes por isso.»
3Assim fala o Senhor a Judá e a Jerusalém:
«Lavrem os vossos terrenos incultos;
não semeiem no meio dos cardos4,3 Ver Os 10,12..
4Façam uma circuncisão
que afaste todo o mal do vosso coração,
ó habitantes de Judá e Jerusalém.
Se não, a minha ira se fará sentir
por causa das vossas transgressões;
o meu fogo vos consumirá
e ninguém o poderá apagar.»
5«Mandem ressoar a trombeta por todo o país!
Proclamem de maneira que se ouça bem
e digam aos habitantes de Judá e de Jerusalém
que corram para as cidades fortificadas.
6Deem o sinal de alarme a Sião!
Corram sem demora, pela vossa segurança!
Que eu vou mandar vir do norte4,6 Ver 1,14 e nota.
desgraças e grande destruição.
7O destruidor das nações acometerá
como um leão4,7 Ver Dn 7,4. que sai do covil.
Vem destruir a tua terra,
deixando em ruínas as tuas cidades,
e ninguém morará nelas.
8Vistam-se de luto4,8 Ver Is 22,12. e chorem em altos gritos,
porque Judá não escapará à ira do Senhor.
9Nesse dia, os reis e os membros do governo
perderão a sua coragem.»
Palavra do Senhor!
«Os sacerdotes ficarão pasmados
e os profetas admirados.
10Então eles replicarão:
“Ó Senhor, Deus, enganaste redondamente os habitantes de Jerusalém4,10 Ver Is 63,17.!
Disseste que teriam paz,
mas puseste a espada contra as suas gargantas.”
11Há de chegar o dia em que se dirá
aos habitantes de Jerusalém,
que um vento abrasador
sopra do deserto contra o meu povo.
Não será uma brisa suave
como a que limpa o trigo4,11 Para limpar o trigo atirava-se ao ar, com uma forquilha, a mistura de grão e de palha; o vento levava a palha deixando cair o grão..
12É um vento mais forte
que virá por minha ordem
e com o qual julgarei este povo.»
13«Eis que o inimigo se aproxima
como se fosse uma nuvem.
Os seus carros de guerra são como um ciclone,
e os seus cavalos mais velozes do que águias.
Estamos perdidos!
Não conseguiremos escapar!»
14«Ó Jerusalém, limpa a maldade do teu coração,
para poderes ser salva.
Até quando abrigarás dentro de ti
os teus maldosos pensamentos?
15Ouçam as más notícias que vêm de Dan
e das montanhas de Efraim4,15 Dan. Tribo de Israel situada próxima da nascente do Jordão. Montanhas de Efraim. Zona montanhosa entre Siquém e Betel, no centro da Palestina..
16Proclamem a toda a gente,
anunciem a Jerusalém
que o inimigo vem de um país longínquo,
lançando o grito de ataque contra as cidades de Judá.
17Cercarão Jerusalém,
como homens de guarda a um campo,
porque os seus habitantes se mostraram rebeldes.
Palavra do Senhor!
18Atraíste sobre ti tudo isto,
devido ao teu comportamento e à tua maldade.
A tua rebeldia produziu sofrimento;
feriu o teu coração.»
19O meu coração parte-se de dor!
O meu peito está apertado pelo sofrimento.
Não consigo sossegar por um momento,
porque ouço o toque das trombetas e os gritos de guerra!
20É calamidade atrás de calamidade:
todo o país está em ruínas.
As nossas tendas foram subitamente deitadas por terra,
e os nossos abrigos destruídos.
21Até quando terei de ver o estandarte de guerra
e ouvir o toque das trombetas?
22«O meu povo é estúpido: não me conhece.
É como uma criança sem tino;
não tem entendimento.
É perito em fazer o mal,
mas não sabe fazer o que é bem.»
23Vejo a terra desolada4,23 Terra desolada. A mesma expressão é usada em Gn 1,2.; o céu está sem luz.
24As montanhas tremem,
e as colinas fogem de um lado para o outro.
25Vejo que já não há ninguém;
até as aves desapareceram do céu.
26Vejo a terra fértil transformada num deserto;
as cidades ficaram em ruínas
por causa da terrível ira do Senhor.
27Eis o que declara o Senhor:
«O país inteiro será um deserto árido
porém não o destruirei totalmente.
28A terra cobre-se de luto;
e o céu escurece.
O que eu decidi foi o que mandei que se cumprisse.
E não voltarei atrás na decisão que tomei.»
29Toda a gente se põe em fuga
ao ouvir o ruído dos cavaleiros e arqueiros.
Uns escondem-se na floresta,
outros fogem para os rochedos.
As cidades ficam desertas,
ninguém se atreve a ficar lá.
30Ó Jerusalém, tu estás perdida!
Por que te vestiste de púrpura?
Por que te adornaste com joias e pintaste os olhos?
Isso não serve para nada!
Os teus amantes rejeitaram-te
e agora tentam matar-te.
31Ouço gemidos, como duma mulher a dar à luz,
com as dores do primeiro parto.
É Jerusalém que geme e suplica, estendendo a mão:
«Estou perdida! Vão matar-me!»
51«Habitantes de Jerusalém,
percorram as vossas ruas!
Busquem por toda a parte!
Verifiquem, pelas praças,
para ver se encontram uma pessoa que faça o bem
e que procure ser fiel a Deus.
Se a encontrarem, perdoarei a Jerusalém.»
2Embora jurem em nome do Senhor vivo
o vosso juramento é mentiroso.
3Ó Senhor, o que tu procuras
é quem te seja fiel.
Tu castigaste-os, mas sem resultado;
feriste-os, mas eles recusaram aceitar a correção.
Ficaram mais duros que a pedra
e não quiseram arrepender-se.
4Disse então para comigo:
«São pobres ignorantes!
O seu comportamento é de gente louca.
Não conhecem a vontade do Senhor,
as exigências do seu Deus.
5Vou ter com os seus chefes e falarei com eles;
eles conhecem certamente a vontade do Senhor
e as exigências do seu Deus.»
Porém todos rejeitaram a autoridade do Senhor
e recusaram-se a obedecer-lhe.
6Por isso, leões sairão do bosque e os matarão;
lobos do deserto os despedeçarão,
e os leopardos atacarão as suas cidades.
Quem delas sair será despedaçado,
porque são muitos os seus pecados
e graves as suas transgressões.
7«Por que haveria eu de perdoar as transgressões do meu povo?
Ele abandonou-me e prestou culto a falsos deuses!
Dei de comer ao meu povo até o saciar,
mas ele tornou-se adúltero e frequentou cultos imorais5,7 Ver 2,20; 3,8 e respetivas notas..
8Ficaram como cavalos bem alimentados e cheios de cio,
cada qual cobiçando a mulher do próximo.
9Não devo eu castigá-los por causa disso
e vingar-me do povo que faz semelhantes coisas?
Palavra do Senhor!
10Venham os inimigos e arrasem o meu povo como uma vinha,
mas sem os destruírem totalmente.
Devem cortar todos os rebentos que não me pertencem5,10 Sobre a vinha, como imagem do povo de Deus, ver Is 5,1–7..
11Os habitantes de Israel e de Judá
traíram-me por completo.
Palavra do Senhor!»
12O povo renegou o Senhor e disse:
«Ele não vale nada. Não haverá problema;
nem guerra nem fome nos incomodarão!
13As palavras dos profetas são como o vento:
o que dizem não vale nada
e o mal que anunciam só a eles acontece.»
14O Senhor, Deus todo-poderoso, disse-me então:
«Jeremias, por causa do que este povo tem dito,
as minhas palavras serão como fogo na tua boca.
O povo será como madeira, e o fogo os consumirá.
15Eis que vou mandar contra vós um povo de longe,
para vos atacar, ó Israel!
É uma nação poderosa e antiga,
uma nação cuja língua não sabes falar,
nem percebes o que eles dizem.
16As suas flechas são morte certa
e todos eles são valentes soldados.
17Devorarão as tuas colheitas e a tua comida;
matarão os teus filhos e filhas;
dizimarão os teus rebanhos
e destruirão as tuas vinhas e figueiras.
As cidades fortificadas, nas quais pões a tua confiança,
serão destruídas pelo seu exército.
18Todavia, nesses dias, não exterminarei por completo o meu povo. Palavra do Senhor! 19Quando perguntarem por que fiz tudo isso, deves dizer-lhes que foi por se afastarem de mim e por servirem a outros deuses na sua terra; por isso terão de ir servir os estrangeiros numa terra que não é vossa.
20Fala aos descendentes de Jacob
e anuncia ao povo de Judá:
21“Prestem atenção, gente louca e insensata,
que têm olhos, mas não veem
têm ouvidos, mas não ouvem5,21 Comparar com Is 6,9–10; Ez 12,2; Mc 8,18.!”
22Por que não me respeitam,
nem a minha presença vos faz tremer?
Palavra do Senhor!
Não fui eu que pus a areia como limite do mar,
como fronteira que ele nunca pode atravessar?
O mar pode agitar-se, mas não passará dessa fronteira5,22 Comparar com Jb 38,8–11.;
as ondas podem rugir, mas não passarão aquele limite.
23Mas como povo teimoso e rebelde,
voltaram-me as costas e foram-se embora.
24Nunca reconheceram
que deviam respeitar o Senhor, vosso Deus,
que vos manda a chuva do outono e da primavera,
e vos garante, cada ano,
as semanas da colheita necessária.
25Pelo contrário, pelos vossos crimes e transgressões
afastaram toda a prosperidade do vosso meio.
26Há entre o meu povo homens maus,
que andam com armadilhas à espreita,
para ver se conseguem apanhar alguém.
27As suas casas estão cheias de rapina,
como uma gaiola cheia de aves.
Por isso, são ricos, poderosos,
28e anafados: nada lhes falta.
Não há limite para as suas más ações.
Não tratam os órfãos como devem,
nem reivindicam os direitos do necessitado.
29Mas eu, hei de castigá-los por tudo isso!
Este povo terá de pagar pelo que me fez!
Palavra do Senhor!
30Uma coisa horrível e espantosa
aconteceu nesta terra:
31os profetas só falam mentiras5,31 Ou: falam em nome dos falsos deuses.
os sacerdotes governam por interesse5,31 Ou: ao seu mando.
e o meu povo concorda com eles.
Mas como acabará tudo isso?»
61Fujam de Jerusalém e procurem um refúgio,
descendentes de Benjamim!
Toquem a trombeta em Técoa6,1 Jeremias faz um jogo de palavras entre tocar trombeta e Técoa que, em hebraico, são semelhantes.
e ponham atalaias em Bet-Carem.
Pois uma desgraça e uma grande calamidade
estão para chegar, vindas do norte6,1 Ver 1,14 e nota..
2A cidade de Sião é bela e agradável,
mas vai ser destruída.
3Pastores de povos virão com os seus exércitos para a sitiar;
contra ela os arraiais serão levantados;
cada um com o seu regimento.
4Eles proclamavam: «Lancem ataque à cidade!
Preparem-se para atacar ao meio-dia!
Ai de nós que o dia já se acabou,
o Sol já se está a pôr!
5Atacaremos durante a noite
e deitaremos abaixo a fortaleza da cidade!»
6O Senhor todo-poderoso
deu instruções aos comandantes inimigos
para mandarem cortar árvores e montar plataformas
para cercarem Jerusalém.
Na verdade esta cidade
está totalmente dominada pela opressão.
7Assim como uma cisterna se enche de água,
Jerusalém está cheia de iniquidade.
A cidade está repleta de violência e rapina;
só se vê ali doença e epidemias.
8«Habitantes de Jerusalém,
que isto vos sirva de aviso,
para que eu não vos abandone;
pois a vossa cidade ficará deserta,
ninguém voltará a morar nela.»
9Assim diz o Senhor todo-poderoso:
«Vão ver se sobreviveu alguém dos israelitas,
como os vindimadores rebuscam depois da vindima,
procurando em todas as varas.»
10Indaguei então: «A quem devo ir falar e avisar, para me ouvir?
Eles têm os ouvidos tapados
e não conseguem ouvir.
O Senhor dirigiu-lhes a sua palavra,
mas eles não a apreciam nem a escutam.
11A tua ira, Senhor, arde também em mim,
não consigo aguentar mais.»
«Derrama a minha ira sobre as crianças pela rua,
sobre os grupos de jovens.
Homens e mulheres, adultos e velhos
todos serão apanhados.
12As suas casas serão dadas a outros,
juntamente com os seus campos e esposas6,12 Comparar com Jr 8,10–12.;
porque vou castigar o povo desta terra.
Palavra do Senhor!
13Todos, grandes e pequenos,
foram desonestos no negócio;
até os profetas e os sacerdotes se corromperam.
14Deram pouca atenção às desgraças do meu povo,
dizendo que “vai tudo muito bem”
quando não é verdade6,14 Ver Jr 8,11; Ez 13,10..
15Deviam ter vergonha das coisas horríveis que fazem,
mas não têm;
já nem sequer sabem corar.
Por isso, diz o Senhor,
cairão junto com os outros;
quando os castigar, ficarão por terra.»
16Então o Senhor disse: «Parem um pouco e procurem saber
qual é o único caminho a seguir!
Sigam por ele e poderão viver em paz!»
Porém a resposta do povo foi:
«Não queremos!»
17Então o Senhor estabeleceu sentinelas
para estarem atentas ao toque de alarme.
Porém a resposta do povo foi:
«Não queremos saber!»
18Por isso, o Senhor disse: «Escutem, ó povos;
que a Humanidade saiba o que vai acontecer a este povo.
19Atenção, ó terra! Vou arruinar este povo,
em consequência dos seus intuitos maldosos,
porque não escutaram as minhas palavras,
e rejeitaram as minhas instruções.
20Que me interessa o incenso
que me trazem de Sabá,
ou as especiarias de países longínquos?
Não aceitarei os vossos holocaustos.
Os vossos sacrifícios não me agradam.
21Por isso, diz o Senhor,
farei com que este povo tropece e caia.
Pais e filhos, amigos e vizinhos,
morrerão ao mesmo tempo.»
22Eis o que diz o Senhor:
«Um povo virá do norte6,22 Ver 1,14 e nota; comparar com 5,15.;
uma nação poderosa chegará dos confins da terra,
23armados com arcos e lanças.
São cruéis e não têm piedade.
O seu barulho assemelha-se ao rugir das ondas do mar;
e vêm montados nos seus cavalos.
Vêm armados para a guerra
contra ti, cidade de Sião.»
24«Já ouvimos as notícias!»
exclamaram os habitantes de Jerusalém.
«As nossas mãos tremem e estamos horrorizados.
Temos dores como quem vai dar à luz.
25Não saiam da cidade,
nem se ponham a caminho.
Porque o inimigo está às nossas portas.
Estamos aterrorizados6,25 Ver Jr 20,3.10; 46,5; 49,29; Sl 31,14..»
26«Vistam-se de luto e cubram-se de cinza.
Chorem lágrimas amargas,
como se vos tivesse morrido um filho único,
pois o invasor já vem a caminho.
27E a ti, Jeremias, dou-te a missão
de pores à prova o meu povo,
para se ver o que valem os caminhos que eles seguem.
28São todos rebeldes e caluniadores,
duros como o bronze e o ferro;
estão cheios de corrupção.
29O forno aqueceu a alta temperatura
e o chumbo derreteu-se com o calor.
É em vão que procuro refinar o meu povo,
pois os maus não são afastados.
30Serão chamados metal rejeitado,
porque o Senhor os rejeitou.»