11Mensagem que o Senhor confiou a Joel, filho de Petuel.
2«Ouçam o que vos digo, ó responsáveis do povo,
prestem atenção, habitantes deste país1,2 Pelo contexto de todo o livro, o profeta dirige-se ao reino de Judá. Ver sobretudo 4,1.6–8.20.!
Porventura aconteceu algo semelhante
durante a vossa vida
ou durante a vida dos vossos antepassados?
3Contem-no aos vossos filhos,
para que eles o contem também aos seus filhos
e estes à geração seguinte.
4O que as lagartas deixaram
foi comido pelos gafanhotos;
o que os gafanhotos deixaram
foi comido pelos saltões,
e o que os saltões deixaram
foi comido pelos outros insetos1,4 O texto hebraico apresenta quatro espécies de gafanhotos. O significado primitivo das palavras usadas é de difícil compreensão. Trata-se de espécies de insetos parasitas e destruidores..
5Despertem, chorem e lamentem-se,
ó gente bêbeda e viciada do vinho,
porque vão ficar sem uvas para fazer mais vinho.
6Um povo estrangeiro invade o meu país.
São muitos e poderosos,
têm dentes de leão e queixadas de leoa.
7Converte as minhas vinhas em desolação,
as minhas figueiras são feitas em pedaços;
são roídas por dentro, descascadas,
até que os ramos perdem a cor.
8Lamentem-se como a noiva vestida de luto,
que acaba de perder o seu noivo.
9No templo do Senhor,
acabaram as ofertas de trigo e de vinho,
os sacerdotes que o servem estão de luto.
10Os campos estão devastados,
as terras mergulhadas na tristeza;
o trigo está perdido, as videiras estão secas
e não há mais azeite.
11Os lavradores estão desolados,
os viticultores lamentam-se.
O milho e a cevada estão perdidos,
as colheitas dos campos são uma miséria.
12A vinha está seca, as figueiras sem cor,
as romãzeiras, as tamareiras e as macieiras,
todas as árvores de fruto estão mirradas.
Realmente, acabou-se a alegria entre as pessoas.»
13Vistam-se de luto, ó sacerdotes,
lamentem-se, ministros do altar.
Venham passar a noite em penitência,
ó ministros do meu Deus!
Pois no templo do vosso Deus
não há mais ofertas de trigo e de vinho.
14Proclamem um jejum, convoquem uma assembleia solene,
reúnam os responsáveis do povo e toda a população,
no templo do Senhor, vosso Deus,
e dirijam ao Senhor as vossas súplicas.
15Que dia terrível!
Aproxima-se o dia do castigo do Senhor1,15 O dia do castigo do Senhor. Tema central do livro. Ver Jl 2,1–2.11; 3,4; 4,14; Is 13,6–9; Ez 30,2–3; Am 5,18; Ob v. 15; Sf 1,7.14–15; Zc 14,1; Ml 3,2–5.19–21.;
ele aí vem com a destruição decidida pelo Deus supremo.
16Não veem como falta a comida
e no templo do nosso Deus falta a alegria e a festa?
17Secaram as sementes debaixo dos torrões,
os silos estão arruinados,
os celeiros destruídos
porque as colheitas de trigo ficaram perdidas.
18Ouçam os mugidos do gado!
As manadas de bois e vacas vagueiam à toa,
porque não encontram pastagens.
E os rebanhos de ovelhas sofrem o mesmo castigo.
19A ti, Senhor, dirijo a minha súplica!
O fogo devora as pastagens,
o calor abrasa todas as árvores do campo.
20Até os animais selvagens se voltam para ti, mugindo,
porque os regatos estão secos
e o fogo devora as pastagens do campo.
21Deus diz: «Toquem a trombeta em Sião,
deem o alarme na minha santa montanha!
Tremam de medo, ó habitantes do país,
porque vem aí e já está próximo
o dia do castigo do Senhor.»
2É um dia de trevas e escuridão,
dia de nuvens sombrias!
Como o crepúsculo se estende sobre os montes,
assim é o exército denso e numeroso2,2 O texto não qualifica a natureza deste exército. A deduzir por 1,4.6 e 2,25 tratar-se-ia do exército dos insetos.;
como ele não apareceu outro,
nem aparecerá jamais, até ao fim dos tempos.
3O fogo devora pela frente
e as chamas queimam por trás.
Antes a terra era como o jardim do Éden2,3 Ver Gn 2,8–9; Ez 36,35.,
depois, fica devastada como um deserto;
e nada se lhe consegue escapar!
4Parece um exército de cavalos
e de ginetes a galopar.
5É como o ruído de carros
aos solavancos sobre as montanhas,
como o crepitar do fogo
que devora a palha,
como um exército poderoso
formado para o combate.
6Diante dele os povos tremem,
com o rosto pálido de medo.
7Correm como valentes soldados
e como guerreiros escalam as muralhas;
cada qual avança pela sua fila,
sem se desviar do seu caminho.
8Nenhum deles embaraça os outros,
cada qual segue o seu caminho.
Afrontam os perigos sem romperem fileiras.
9Correm pela cidade, escalam as muralhas,
sobem às casas e entram pelas janelas como os ladrões.
10Diante deles a terra treme e o céu fica abalado,
o Sol e a Lua escurecem2,10 Ver Is 13,10; Am 8,9. e as estrelas perdem o brilho.
11O Senhor dá a voz de comando ao seu exército;
são numerosos os seus batalhões,
são poderosos os que cumprem as suas ordens.
Grande e terrível é o dia do castigo do Senhor!
Quem lhe poderá resistir?
12Mas ainda é tempo de voltarem para mim
com todo o vosso coração,
jejuando e chorando de arrependimento.
Palavra do Senhor!
13Não basta rasgarem os vossos vestidos2,13 O ato de rasgar os vestidos era um sinal de arrependimento.,
o que é preciso é mudar o vosso coração.
Convertam-se, portanto, ao Senhor, vosso Deus,
que é generoso e cheio de compaixão,
paciente e cheio de bondade,
pronto a renunciar às suas ameaças.
14Talvez ele mude de ideia
e, ao passar, vos deixe as suas bênçãos.
Podereis então oferecer ao Senhor, vosso Deus,
as ofertas de trigo e de vinho.
15Toquem a trombeta em Sião,
proclamem um jejum,
convoquem uma assembleia solene!
16Ordenem ao povo que se purifique para a assembleia,
reúnam o conselho dos anciãos,
congreguem jovens, crianças e bebés de peito
e que os recém-casados deixem o seu quarto de núpcias.
17Os sacerdotes que servem o Senhor chorem no templo,
entre o pórtico e o altar2,17 Ver Ez 40—43.,
e supliquem assim ao Senhor:
«Senhor, tem piedade deste povo, que te pertence;
não deixes que a vergonha caia sobre eles;
não permitas que os estrangeiros escarneçam deles,
dizendo: “Onde está o poder do seu Deus?”»
18Que o Senhor defenda ciosamente a sua terra
e tenha compaixão do seu povo.
19Então o Senhor responde às súplicas do seu povo:
«Vou dar-vos trigo, vinho e azeite com fartura.
E nunca mais deixarei
que os estrangeiros vos insultem.
20Afastarei de vós os inimigos do norte2,20 Referência aos assírios e babilónios.,
afastá-los-ei para terras desertas e áridas,
lançarei os da frente no mar Morto
e os da retaguarda no Mediterrâneo.
Os seus cadáveres espalharão um cheiro pestilento!
Eles que ambicionavam realizar grandes coisas!
21Ó terra, não tenhas mais medo!
Alegra-te e rejubila
porque é o Senhor que faz grandes maravilhas.
22Animais selvagens, não tenham mais medo!
As pastagens ficarão de novo verdejantes,
as árvores darão fruto,
as figueiras e as vinhas vão ficar carregadas.
23Alegrem-se e façam festa em honra do Senhor, vosso Deus,
ó habitantes de Sião!
É ele que, a seu devido tempo, vos dá a chuva de outono
e a da primavera, como antigamente,
e que faz cair os aguaceiros.
24As eiras vão encher-se de trigo
e os lagares extravasar de vinho e azeite.
25Vou compensar-vos dos anos
em que as colheitas foram devoradas
pelos gafanhotos, saltões, lagartas e outros insetos
do grande exército que enviei contra vós.
26Hão de comer até ficarem saciados
e irão louvar o Senhor, vosso Deus,
que fez maravilhas a vosso favor.
Nunca mais o meu povo ficará desiludido.
27Então sabereis que eu estou no meio de Israel,
que o Senhor, vosso Deus, sou eu e mais ninguém;
e nunca mais o meu povo ficará desiludido.»