231Balaão pediu a Balac: «Manda que me construam aqui sete altares e que me preparem sete bois e sete carneiros.» 2Balac cumpriu as indicações de Balaão e juntos ofereceram um boi e um carneiro sobre cada altar. 3Depois Balaão disse a Balac: «Fica aqui ao pé dos teus holocaustos, enquanto eu vou ver se o Senhor vem ao meu encontro. Depois comunico-te aquilo que o Senhor me disser.»
Balaão foi a uma colina isolada. 4Deus foi ter com ele e Balaão disse-lhe: «Mandei construir os sete altares e ofereci um boi e um carneiro em sacrifício sobre cada altar.»
5O Senhor indicou a Balaão o que devia dizer e acrescentou: «Vai de novo ter com Balac e fala da maneira que eu te disse.»
6Balaão voltou e encontrou Balac ainda de pé junto dos seus holocaustos, com os chefes de Moab.
7E nessa altura Balaão recitou o seguinte poema:
«Da Síria, dos montes do oriente,
me mandou vir Balac, o rei de Moab:
“Vem amaldiçoar por mim os descendentes de Jacob,
vem ameaçar os israelitas!”
8Mas como posso eu amaldiçoar
aqueles que o Senhor Deus não amaldiçoa
e ameaçar os que ele não ameaça?
9Estou a vê-los do cimo dos rochedos,
cá do alto estou a admirá-los!
É um povo capaz de viver sozinho,
sem ter de se misturar com os outros povos!
10Quem poderá enumerar a nuvem de descendentes de Jacob
e contar a multidão de Israel23,10 Ou: e contar mesmo só um quarto dos israelitas.?
Quem me dera ter um fim
igual ao destes homens bons,
um futuro semelhante ao deste povo!»
11Balac disse a Balaão: «Que me estás a fazer? Eu trouxe-te cá para amaldiçoares o meu inimigo e tu pões-te a abençoá-lo?»
12Balaão respondeu: «Eu sou obrigado a dizer aquilo que o Senhor me manda dizer.»
13Balac pediu-lhe de novo: «Vem comigo, por favor, a um outro lugar, onde se vê bem; daqui só se pode ver uma pequena parte e não o acampamento inteiro23,13 Ou: a um lugar donde não se vê senão parte do acampamento.. Vem amaldiçoar de lá este povo por mim.» 14Levou-o então a um ponto de observação23,14 Pode tratar-se de uma localidade chamada Campo de Sofim., perto do cimo do monte Pisga, e voltou a construir sete altares e a oferecer um boi e um carneiro sobre cada um deles. 15Balaão disse a Balac: «Fica aqui de pé junto dos teus holocaustos que eu vou ali encontrar-me com Deus.» 16O Senhor foi ao encontro de Balaão, indicou-lhe o que devia dizer e acrescentou: «Vai de novo ter com Balac e fala da maneira que eu te disse.»
17Balaão voltou e encontrou Balac ainda de pé junto dos seus holocaustos com os chefes de Moab. Balac perguntou a Balaão: «Que é que o Senhor disse?»
18E Balaão recitou o seguinte poema:
«Levanta-te, Balac, e escuta-me,
dá-me ouvidos, ó filho de Sipor:
19Deus não muda de palavra, como os homens,
não volta atrás, como os mortais.
Será que ele diz uma coisa e não a faz?
Porventura promete e não realiza?
20Recebi ordens para abençoar.
Ele abençoou e eu não volto atrás?
21Nenhuma desgraça apanhará os descendentes de Jacob,
nenhum sofrimento atingirá o povo de Israel23,21 Ou: Não descobre maldade em Jacob, nem encontra crime em Israel..
O Senhor, o seu Deus, está com ele
e ele aclama-o como seu rei.
22Deus fê-los sair do Egito,
atacando o Egito como um touro irresistível.
23Contra o povo dos israelitas
não servem magias nem esconjuros23,23 Ou: Entre o povo dos israelitas não há magos nem adivinhos..
É preciso dizer agora a Israel:
“Que maravilhas Deus fez por ti!”
24Este povo ergue-se como um leão,
põe-se de pé como um tigre;
não volta a deitar-se;
enquanto não devora a presa,
enquanto não bebe o sangue da sua vítima.»
25Balac replicou a Balaão: «Já que não o amaldiçoas, pelo menos não o abençoes!» 26Balaão respondeu: «Já te disse que faço só aquilo que o Senhor me manda.»
27Balac pediu a Balaão: «Vem! Vou levar-te a outro lugar. Talvez Deus ache bem que tu os amaldiçoes de lá por mim.» 28E Balac levou Balaão ao cimo do monte Peor, de onde se avista toda a planície. 29Balaão disse a Balac: «Manda-me construir aqui sete altares e que me preparem sete bois e sete carneiros.» 30Balac cumpriu as indicações de Balaão e ofereceu um boi e um carneiro sobre cada altar.
241Balaão compreendeu que o Senhor queria abençoar Israel e já não foi, como das outras vezes, à procura de revelações, mas voltou-se imediatamente para o deserto. 2Olhou para os israelitas, que estavam acampados por tribos. Nisto o Espírito de Deus inspirou-o 3e Balaão recitou o seguinte poema:
«Mensagem de Balaão, filho de Beor,
homem de olhar penetrante24,3 Ou: que sabe fechar os olhos, para melhor se concentrar numa luz interior.
4que recebe revelações de Deus
e visões da parte do Todo-Poderoso,
daquele que entra em êxtase e vê com mais clareza!
5Que belas são as vossas tendas, ó descendentes de Jacob,
as vossas moradas, ó israelitas.
6Estendem-se como vales férteis,
como jardins junto ao rio,
como árvores de aloés e como cedros,
que o Senhor plantou à beira de água.
7A água corre dos reservatórios deste povo
e com água as searas produzem muito.
O seu rei é mais forte do que Agag24,7 Ver 1 Sm 15.
e o seu reinado será soberano.
8Deus fê-los sair do Egito,
atacando o Egito como um touro irresistível.
Devora os povos seus inimigos,
esmagando-lhes os ossos
e ferindo-os com as suas flechas,
9acocorado em atitude de espera,
como os tigres e os leões.
Quem lhe poderá resistir?
Quem te abençoa, ó Israel, é abençoado24,9 Ver Gn 49,9.
e quem te amaldiçoa é amaldiçoado.»
10Muito irritado, Balac ameaçava bater em Balaão e disse: «Mandei-te vir para amaldiçoares o meu inimigo e tu já o abençoaste por três vezes. 11Pois agora, vai-te embora para a tua terra. Eu tinha-te prometido honrarias, mas o Senhor não consentiu que as conseguisses!»
12Balaão respondeu a Balac: «Eu já tinha dito claramente aos mensageiros que enviaste a minha casa 13que eu não poderia desobedecer às ordens do Senhor, fazendo qualquer coisa por minha iniciativa, fosse bem ou fosse mal, ainda que Balac me desse o seu palácio cheio de prata e ouro. O que o Senhor me disse é isso que eu vou dizer. 14E agora volto para junto dos meus. Mas antes disso, quero anunciar-te aquilo que este povo há de fazer ao teu povo no futuro.» 15E Balaão recitou o seguinte poema:
«Mensagem de Balaão, filho de Beor,
homem de olhar penetrante24,15 Ver 24,3 e nota.,
16mensagem daquele que recebe revelações de Deus
e visões da parte do Todo-Poderoso,
que conhece os planos do Altíssimo
e que entra em êxtase e vê com mais clareza.
17Estou a ver o que acontecerá mais tarde,
num futuro ainda distante.
Uma estrela de Jacob vai dominar24,17 No oriente a estrela era o sinal dos deuses e dos reis. (Ver Mt 2,2). Este oráculo referia-se talvez a David, vencedor dos moabitas (2 Sm 8,2). Através dele é visada toda a sua dinastia, e finalmente o messias-rei esperado.,
vai erguer-se um cetro de Israel
que há de esmagar a cabeça aos moabitas
e destruir os nómadas descendentes de Set.
18Conquistará a região de Seir,
apoderando-se do país dos edomeus, seus inimigos.
Israel ficará rico
19e Jacob há de mandar em todos eles
e acabará com os sobreviventes da capital.»
20Depois referindo-se aos amalecitas, Balaão disse:
«Os amalecitas são um povo muito importante,
mas no futuro serão destruídos.»
21Referindo-se aos quenitas disse:
«A tua morada é segura,
o teu ninho está colocado no rochedo24,21 Em hebraico a palavra quenita lembra a palavra que significa “ninho”..
22Contudo até esse ninho será queimado
e um dia os assírios hão de levar-te prisioneiro24,22 Ou: E os da tribo de Achur hão de levar-te prisioneiro. Ver Gn 25,3..»
23Balaão acrescentou ainda:
«Ai! Quem poderá viver,
quando Deus fizer tudo isto?
24Navios virão do lado de Chipre
e oprimirão descendentes de Assur24,24 Em vez de Assur, podia ser a tribo de Achur (Gn 25,3). e de Héber24,24 Héber era antepassado de Abraão e dos hebreus (1 Cr 1,25–27).
mas também esse finalmente perecerá.»
25Depois disto, Balaão pôs-se a caminho de sua casa e Balac foi-se também embora.
251Estando os israelitas em Chitim, alguns começaram a deixar-se arrastar por mulheres de Moab, 2que os convidavam a comer da carne dos sacrifícios oferecidos aos seus deuses e a inclinar-se diante deles. 3Os israelitas associaram-se ao culto do deus Baal de Baal-Peor25,3 Peor é uma montanha na região de Moab, ver 23,28, onde havia um santuário de Baal. e o Senhor ficou muito indignado contra os israelitas.
4O Senhor disse então a Moisés: «Manda matar todos os chefes do povo, na minha presença à luz do dia, e eu deixarei de estar irado contra os israelitas.» 5Moisés disse aos responsáveis israelitas: «Que cada um mate os homens do seu grupo que se associaram ao culto do deus Baal, de Baal-Peor.»
6Naquele momento, chegava um israelita que trazia consigo para a sua tenda uma madianita, mesmo na frente de Moisés e de toda a comunidade, enquanto estes se lamentavam à entrada da tenda do encontro. 7Ao vê-lo, Fineias, filho de Eleazar, neto do sacerdote Aarão, levantou-se do meio da comunidade e, com uma lança na mão, 8entrou na tenda daquele israelita, imediatamente atrás dele, e atravessou-o com a lança, a ele e à dita mulher. E a mortandade entre os israelitas só terminou, 9quando já tinham morrido vinte e quatro mil pessoas.
10O Senhor disse a Moisés: 11«O sacerdote Fineias, filho de Eleazar e neto do sacerdote Aarão, zelando pelos meus interesses entre os israelitas, fez com que cessasse a minha indignação contra eles e impediu que eu acabasse com eles, por esse motivo. 12Por isso, diz-lhe que lhe ofereço uma aliança de paz: 13o sacerdócio será para ele e para os seus descendentes. É um compromisso eterno sobre o sacerdócio, em troca de ele ter defendido os interesses do seu Deus e de ter purificado os israelitas do seu pecado.»
14O israelita que foi morto com a madianita era Zimeri, filho de Salum, chefe de clã da tribo de Simeão. 15A madianita que foi morta chamava-se Cozebi e era filha de Sur, chefe dum clã madianita.
16O Senhor disse a Moisés: 17«Ataquem os madianitas e desfaçam-nos, 18porque eles atacaram-vos, tentando seduzir-vos com os cultos de Baal-Peor e por meio de Cozebi, filha dum chefe madianita, que foi morta no dia da mortandade, em Baal-Peor.»
19Depois daquela mortandade,