301Ditos de Agur, filho de Jaqué, de Massá.
Oráculo deste homem para Itiel, para Itiel e Ucal30,1 Itiel e Ucal. No hebraico, estes nomes próprios podem também ser entendidos como verbos. A tradução seria a seguinte: Cansei-me, ó Deus! Cansei-me e esgotei-me!.
2Sem dúvida, sou o mais estúpido dos homens;
não tenho a inteligência de um ser humano.
3Não adquiri sabedoria
e nada sei acerca do Deus santo.
4Quem já subiu ao céu e dele desceu?
Quem pode suster o vento com as mãos?
Quem envolve o mar com a sua capa?
Quem estabelece os limites da terra?
Qual é o seu nome e o nome do seu filho?
Responde, se é que sabes?
5Todas as promessas de Deus são dignas de confiança:
ele protege os que nele confiam.
6Nada acrescentes ao que ele disse,
se não, ele repreende-te e desmente essas mentiras.
7Peço-te duas coisas, meu Deus,
concede-mas antes de eu morrer.
8Afasta de mim a falsidade e a mentira
e não me faças rico nem pobre.
Dá-me apenas o necessário para viver;
9porque, na abundância, poderia renegar-te
e dizer que não te conheço;
na miséria, poderia roubar
e ofender assim o nome do meu Deus.
10Não calunies o escravo diante do seu senhor,
pois pode amaldiçoar-te e sofrerás o castigo.
11Há pessoas que maldizem o seu pai
e não dizem bem de sua mãe.
12Há pessoas que se julgam puras
e nem se limparam das suas imundícies.
13Há pessoas que se julgam importantes
e olham os outros com altivez.
14Há pessoas cujos dentes são espadas
e cujos maxilares são punhais,
para devorar os fracos no país
e os pobres entre o povo.
15A sanguessuga tem duas filhas,
que se chamam: «Dá-me! Dá-me!»
Há três coisas que nunca se fartam
e uma quarta, que nunca diz «Basta!»
16É o mundo dos mortos, a mulher estéril,
a terra, que não se farta de água,
e o fogo, que nunca diz «Basta!»
17Aquele que olha o pai com desprezo
e se recusa a obedecer à sua mãe
merece que os corvos lhe tirem os olhos
e as águias lhos devorem.
18Há três coisas que me ultrapassam
e mais uma quarta, que não compreendo:
19é o caminho da águia, no céu,
o caminho da cobra, na rocha,
o caminho do navio, no alto mar,
e o caminho do homem para a donzela.
20Tal é o caminho da mulher infiel;
com o à-vontade de quem come e lava a boca,
ela diz: «Não fiz nada de mal!»
21Há três coisas que alvoroçam a terra
e uma quarta que não se pode tolerar:
22é o escravo que se torna rei;
o insensato que tem comida de sobra;
23a mulher desprezada que se casa;
e a escrava que toma o lugar da sua senhora.
24Quatro são os seres mais pequenos da terra,
mas duma enorme sabedoria:
25as formigas, que são fracas,
mas durante o verão preparam as suas provisões;
26os coelhos, animais não muito fortes,
mas que sabem arranjar morada entre as rochas;
27os gafanhotos, que não têm rei,
mas andam em grupos ordenados;
28os lagartos, que se podem apanhar à mão,
mas que vão até aos palácios dos reis.
29Há três seres vivos, de andar elegante,
e um quarto, que anda com grande garbo:
30o leão, o mais corajoso dos animais,
que não recua diante de nada;
31o galo, muito senhor de si; o bode;
e o rei, à frente dos seus exércitos.
32Se achas que foste arrogante e estúpido,
e fizeste mal, pensa bem nisto:
33quem bate a nata do leite produz manteiga,
quem aperta o nariz fá-lo sangrar;
quem instiga a ira provoca contendas.
311Ditos do rei Lemuel, de Massá, que recebeu da parte de sua mãe:
2«Escuta-me bem, meu filho, fruto do meu ventre,
filho que pedi nas minhas preces.
3Não gastes com mulheres a tua força e vigor,
pois por causa delas se perdem reis.
4Não está bem, Lemuel, que reis e governantes
bebam vinho e bebidas fortes;
5o beber pode levá-los a esquecer a lei
e a trair os direitos de todos os infelizes.
6Dá as bebidas fortes àqueles que desfalecem
e o vinho aos que têm o coração amargurado,
7para que, bebendo, possam esquecer
a sua fraqueza e a sua infelicidade.
8Faz ouvir a tua voz para defender
os que não podem falar e os desventurados.
9Faz ouvir a tua voz em seu favor
e faz justiça aos pobres e miseráveis.»
10Mulher exemplar não é fácil de encontrar;
ela vale muito mais que as joias!
11O seu marido confia inteiramente nela,
não lhe faltando com nada.
12Ela só lhe dá satisfação e nunca desgostos,
todos os dias da sua vida.
13Ela procura lã e linho
e trabalha de boa vontade com as suas mãos.
14Tal como um navio mercante,
ela traz as suas provisões de muito longe.
15Levanta-se antes de romper o dia,
prepara de comer para a família
e distribui as tarefas pelas suas criadas.
16Examina um terreno e compra-o
e planta uma vinha com o produto do trabalho.
17Põe-se ao trabalho com toda a energia;
os seus braços nunca estão parados.
18Vigia bem os seus negócios;
durante a noite, a sua lâmpada mantém-se acesa.
19As suas mãos trabalham com a roca de fiar
e os seus dedos, com o fuso.
20Estende a mão segura aos infelizes
e é generosa para com os pobres.
21Não receia a neve para os seus familiares,
porque todos eles trazem roupa suficiente.
22Ela faz as suas próprias mantas
e os tecidos de linho e púrpura com que se veste.
23O seu marido é conhecido e considerado na assembleia,
quando toma assento no conselho dos anciãos da terra.
24Ela faz tecidos de linho fino para vender
e fornece cintos aos mercadores.
25Reveste-se de força e dignidade
e sorri a pensar no futuro.
26Fala sempre com sabedoria
e dá conselhos com bondade.
27Vigia tudo o que se passa na sua casa
e não prova o pão da ociosidade.
28Os seus filhos levantam-se para a felicitar
e o seu marido, para a elogiar:
29«Muitas mulheres foram exemplares,
mas tu és a melhor de todas.»
30Encantos são enganos e beleza é ilusão,
mas uma mulher que respeita o Senhor é digna de elogio.
31Recompensem-na com o fruto das suas mãos
e louvem-na diante da assembleia pelo seu trabalho.