71O Senhor disse-me: 2«Homem7,2 Ver nota a 2,1., eis o que eu, o Senhor Deus, tenho para comunicar à terra de Israel: o seu fim está próximo! O desastre chegará aos quatro cantos do país!
3Israel, o teu fim chegou. Vou fazer cair sobre ti a minha indignação; vou julgar-te pelo que fizeste. Retribuir-te-ei por todo o teu abominável comportamento. 4Não te pouparei nem terei pena de ti. Vou pedir-te contas pelo mal que fizeste e revelar publicamente as tuas práticas abomináveis, para que saibas que eu sou o Senhor.
5Eu, o Senhor, vos declaro que uma grande desgraça está a chegar. Ela aí vem! 6O fim está próximo, mesmo a chegar! Aí está ele a cair sobre ti! 7Chegou a vossa vez, ó gente deste país! Chegou o momento, o dia do castigo7,7 Em hebraico: o dia. Ver Is 2,12; Am 5,18. aproxima-se. Sobre as montanhas haverá terror, em vez dos gritos de alegria! 8Vou dar livre curso à minha indignação contra ti e, com toda a minha ira, vou condenar-te pelo que fizeste e atirar-te à cara todas as tuas abominações. 9Não te pouparei nem terei pena de ti. Vou pedir-te contas pelo mal que fizeste e revelar publicamente as tuas práticas abomináveis, para que saibas que eu, o Senhor, sou capaz de dar o castigo.
10Aí está o dia! É a vossa vez! Cada vez há mais violência e a arrogância atingiu o seu máximo. 11A violência produziu mais maldade. Mas deles nada ficará, nem da sua riqueza, nem do esplendor da sua glória.
12Está a chegar o dia em que o comprar ou o vender não voltarão mais a dar alegria ou tristeza a ninguém, porque o castigo de Deus cairá sobre todos por igual. 13Ninguém viverá o tempo suficiente para recuperar o que vendeu, porque a ira de Deus cairá sobre todos. Os que são maus não sobreviverão. 14Soam as trombetas e cada um se prepara para o combate; mas ninguém vai para a guerra, porque a ira de Deus cairá sobre todos por igual.»
15«Nas ruas, é a morte pela espada e dentro de casa, a enfermidade e a fome! Quem estiver fora morrerá na guerra e os que ficarem na cidade serão vítimas de doença e fome. 16Alguns escaparão para os montes. Como pombas a arrulhar todos eles gemerão pelos seus pecados. 17As suas mãos enfraquecerão e os seus joelhos tremerão, batendo um contra o outro. 18Vestir-se-ão de roupas grosseiras e ficarão cheios de medo. As suas cabeças serão rapadas e todos ficarão cobertos de vergonha7,18 Estes eram sinais de luto. Ver Is 15,2–3; Am 8,10.. 19Atirarão com o ouro e a prata para a rua, como se fosse lixo, porque nem o ouro nem a prata os poderão socorrer da ira do Senhor. Não o poderão gastar para satisfazer os seus desejos nem para encher o estômago. Pois o ouro e a prata é que os fizeram tropeçar. 20Antes orgulhavam-se das belas joias e usaram-nas para fazer ídolos abomináveis. Por isso, o Senhor fez com que a sua riqueza se tornasse como lixo.
21Deixarei que os estrangeiros saqueiem as suas riquezas e que os transgressores da lei lhes levem tudo, profanando a sua cidade. 22Não intervirei, quando o templo, o meu tesouro, for invadido e profanado pelos ladrões.
23Prepara as correntes7,23 Esta ordem pode referir-se ao exílio futuro, pois os prisioneiros eram habitualmente postos em correntes., pois o país está cheio de assassinos e a cidade repleta de violência. 24Farei com que as nações mais bárbaras ataquem e se apoderem das vossas casas. Os vossos mais fortes heróis perderão a confiança e os seus lugares de culto7,24 Os seus lugares de culto. Segundo a antiga tradução grega. Em hebraico: e os que os santificam. serão profanados. 25Sim, vem aí o desespero. Haveis de querer paz, mas não a conseguireis. 26Virá desastre sobre desastre e as más notícias nunca mais acabarão. Haveis de pedir aos profetas que vos revelem o futuro, mas será em vão. Os sacerdotes não terão nada a ensinar ao povo e os anciãos não terão conselhos a dar. 27O rei ficará de luto, os chefes desesperados e o povo tremerá de medo. Vou castigá-los a todos por tudo o que fizeram e condená-los da mesma maneira que eles condenaram os outros. Assim reconhecerão que eu sou o Senhor.»
81No sexto ano do exílio8,1 Corresponde ao ano 592–591 a.C., no dia cinco do sexto mês, estavam sentados comigo, em minha casa, os anciãos dos exilados de Judá. Subitamente, o poder do Senhor Deus veio sobre mim. 2Olhei para cima e vi então uma figura que parecia um homem8,2 Que parecia um homem. Segundo a antiga tradução grega. Em hebraico: com a aparência de um fogo.. Da cintura para baixo parecia de fogo e da cintura para cima resplandecia como se fosse de um metal brilhante; 3estendeu uma espécie de braço e apanhou-me pelo cabelo. Então o Espírito de Deus ergueu-me bem alto e, naquela visão, levou-me a Jerusalém. Levou-me para o lado de dentro da porta norte do templo. Havia lá um ídolo8,3 A identificação desta divindade é incerta. Pode tratar-se de Tamuz. Ver v. 14.; era um insulto insuportável para Deus.
4Ali se manifestava a presença gloriosa do Deus de Israel, tal como a tinha visto na planície8,4 Ver 3,22–23. do canal Quebar. 5Deus disse-me: «Homem8,5 Ver nota a 2,1., olha para o norte!» Olhei e junto ao altar, à entrada da porta, vi um ídolo, que era um insulto insuportável para Deus.
6Deus disse-me: «Estás a ver o que se passa? Olha para as coisas vergonhosas que o povo de Israel está ali a fazer, expulsando-me cada vez para mais longe do meu santuário. Mas vais ver coisas ainda mais horrorosas do que estas!»
7Levou-me em seguida à entrada do átrio exterior, mostrou-me uma fenda no muro 8e disse-me: «Abre um buraco nesse muro!» Abri um buraco e descobri uma porta. 9O Senhor disse-me: «Entra e vê as coisas horrorosas e terríveis que ali se fazem!» 10Entrei e olhei. As paredes estavam cobertas de pinturas de cobras e outros animais repugnantes8,10 Animais impuros que não podiam ser comidos, segundo Lv 11., além de muitos ídolos que os israelitas adoravam. 11Encontravam-se ali de pé setenta anciãos de Israel, incluindo Jazanias, filho de Chafan. Cada um tinha na mão um incensário e o fumo do incenso espalhava-se pelo ar8,11 Os anciãos cometiam uma infidelidade dupla: adoravam imagens (ver Dt 4,16–18) e fazendo uso de um incensário, desempenhavam uma função reservada apenas aos sacerdotes (ver Nm 16).. 12Deus perguntou-me: «Vês agora, Ezequiel, o que estes anciãos dos israelitas estão a fazer em segredo? Estão todos a prestar culto na sala do seu ídolo e desculpam-se dizendo: “O Senhor não nos vê! Ele abandonou este país!”»
13Então o Senhor disse-me: «Vais vê-los fazer coisas ainda mais abomináveis do que essas!» 14Em seguida levou-me à porta norte do templo e ali estavam mulheres a lamentar-se pela morte do deus Tamuz8,14 Tamuz. Pensava-se que este deus morria quando a vegetação secava, para renascer no ano seguinte.. 15O Senhor perguntou-me: «Estás a ver tudo isso Ezequiel? Pois verás coisas ainda mais abomináveis.»
16Levou-me depois à parte interior do templo. Ali, perto da entrada do santuário do Senhor, entre o altar e o pórtico, havia cerca de vinte e cinco homens. Estavam de costas para o santuário e inclinavam-se até ao chão, voltados para o oriente, em adoração ao sol nascente.
17O Senhor disse-me: «Estás a ver aquilo? Os habitantes de Judá não se contentam em fazer todas as coisas degradantes que viste, enchem de violência o país inteiro, irritando-me mais e mais. E ainda se põem a tocar com um ramo no nariz8,17 Alusão a um rito idolátra, hoje desconhecido. Ou: E ainda me insultam e provocam.. 18Não os pouparei nem terei misericórdia deles. Farão orações a mim, em alta voz, mas não os ouvirei.»
91Então ouvi Deus dar esta ordem em voz alta: «Venham cá os que vão castigar a cidade! Que cada um traga na mão as suas armas de destruição!» 2Logo saíram seis homens da porta norte do templo, cada um com a sua arma de destruição. Com eles encontrava-se um homem vestido de linho9,2 As vestes de linho eram usadas pelos sacerdotes (ver Lv 6,3; 16,4) e pelos anjos destruidores de Ap 15,6., que levava à cintura a tábua de escriba. Então vieram todos e puseram-se em volta do altar de bronze. 3Apareceu em seguida o esplendor da presença gloriosa do Deus de Israel, esplendor que saiu de cima dos querubins que ali se encontravam e se moveu para a entrada do templo. O Senhor dirigiu-se ao homem vestido de linho que levava à cintura a tábua de escriba e disse: 4«Percorre a cidade de Jerusalém e põe um sinal na testa de cada pessoa que lamente e desaprove as coisas abomináveis que se fazem nesta cidade.»
5Depois ouvi-o dizer aos outros homens: «Sigam-no por toda a cidade e matem os seus habitantes. Não poupem nem tenham compaixão de ninguém. 6Matem velhos e jovens, de ambos os sexos, mães e crianças. Mas não molestem nenhum dos que têm o sinal na testa9,6 Ver Ap 7,3–4; 9,4.. Comecem já por aqui, pelo meu templo.» E eles começaram pelos anciãos que se encontravam diante do templo. 7Deus disse-lhes: «Podem tornar impuro o templo, enchendo os átrios de cadáveres9,7 O contacto com cadáveres implicava o estado de impuro, isto é, ficar inapto para participar no culto.. Mãos à obra!» E eles começaram a matar os habitantes da cidade.
8Enquanto a matança prosseguia, fiquei ali sozinho; deitei-me com o rosto por terra e gritei: «Senhor, meu Deus! Estás tão irado contra Jerusalém para matares aqueles que ainda restam em Israel?» 9E Deus respondeu-me: «O povo de Israel e de Judá é culpado de pecados enormes! Cometeram assassinatos por todo o país e encheram Jerusalém com os seus crimes. Dizem que eu, o Senhor, abandonei este país e já não olho para eles. 10Sim! Não me compadecerei deles, nem terei misericórdia! Vou fazê-los pagar pelo que fizeram!»
11Então o homem que estava vestido de linho e tinha à cintura a tábua de escriba voltou e disse ao Senhor: «As ordens que me deste foram cumpridas!»