431A fome no país era cada vez mais dura. 2E quando acabaram de comer todos os mantimentos que tinham levado do Egito, Jacob disse aos seus filhos: «Vão outra vez ao Egito para ver se conseguem arranjar alguma coisa para comermos.» 3Mas Judá respondeu: «Aquele homem avisou-nos muito severamente que não fossemos outra vez ter com ele sem levarmos o nosso irmão connosco. 4Portanto, se deixas ir o nosso irmão connosco, nós vamos comprar mantimentos para ti. 5Mas se não deixares, não vamos, porque aquele homem nos avisou que não fossemos mais ter com ele sem levarmos connosco o nosso irmão.»
6Israel respondeu: «Por que é que foram dizer a esse homem que tinham mais um irmão? Causaram-me um enorme prejuízo!» 7Mas eles responderam: «Foi aquele homem que nos interrogou sobre a nossa família. Perguntou se o nosso pai ainda estava vivo e se tínhamos mais algum irmão. Nós não fizemos outra coisa senão responder às perguntas que nos fez. Como íamos nós adivinhar que ele nos iria exigir que levássemos lá o nosso irmão?»
8Judá pediu a Israel, seu pai: «Deixa ir o menino comigo. Só assim podemos pôr-nos a caminho, para podermos sobreviver e não morrer de fome, tanto nós como tu como as nossas crianças. 9Eu assumo a responsabilidade por ele e podes pedir-me contas, se alguma coisa acontecer. Se eu não o trouxer de novo à tua presença, considero-me culpado diante de ti por toda a minha vida. 10E se não nos tivéssemos demorado aqui tanto tempo, já tínhamos ido e voltado duas vezes.»
11Israel, seu pai, respondeu-lhes: «Sendo assim, façam da seguinte maneira: levem nos vossos sacos os melhores produtos que temos no país e ofereçam um presente a esse homem. Podem levar bálsamo, mel, aromas, ládano, pistácios e amêndoas. 12Levem o dobro do dinheiro mais o outro dinheiro que vos foi restituído e que vinha nos vossos sacos, porque podia ter sido por engano. 13Levem também o vosso irmão e vão outra vez ter com esse homem! 14Que o Deus supremo43,14 Cf 17,1. faça com que esse homem tenha compaixão de vós e deixe vir o vosso irmão assim como Benjamim. E se eu tiver de ficar sem os filhos, paciência!»
15Eles arranjaram então os presentes e puseram-se a caminho do Egito, levando consigo o dobro do dinheiro; Benjamim foi também com eles. Quando se apresentaram a José 16e este viu que Benjamim também tinha vindo com eles, disse ao seu mordomo: «Leva estes homens para o meu palácio; mata um animal e prepara-o, porque hoje ao meio-dia eles serão meus convidados para almoçar!»
17O mordomo fez exatamente o que José tinha ordenado e levou aqueles homens para o palácio de José. 18Ao verem que eram conduzidos para o palácio de José, começaram a ficar com medo e diziam uns para os outros: «É por causa do dinheiro que nós encontrámos nos sacos na vez passada. Isto é para nos acusar e nos condenar, para fazer de nós seus escravos e ficar com os nossos burros.» 19Por isso, à entrada do palácio de José, aproximaram-se do mordomo para falar com ele 20e disseram-lhe: «Por favor, meu senhor! Da primeira vez que viemos ao Egito comprar trigo, 21quando já íamos de regresso chegámos à estalagem onde pernoitámos, fomos abrir os nossos sacos e cada um encontrou lá dentro o seu dinheiro43,21 Ver 42,27.35. inteirinho. Mas agora trouxemos esse dinheiro 22e ainda outro tanto para o trigo que precisamos de comprar. Não sabemos quem é que pôs o dinheiro nos nossos sacos.»
23O mordomo respondeu-lhes: «Estejam calmos! Não tenham medo! O vosso Deus e Deus do vosso pai é que deve ter colocado esse tesouro nos vossos sacos, porque o vosso dinheiro recebi-o eu.» Depois o mordomo libertou Simeão e levou-o para junto deles. 24O mordomo conduziu-os então para o palácio de José, ofereceu-lhes água para lavarem os pés e deu forragem aos seus burros. 25A seguir eles prepararam os seus presentes, enquanto esperavam pelo meio-dia, hora a que José chegaria, pois já lhes tinham dito que iriam almoçar ali.
26Quando José chegou a casa, eles apresentaram-lhe os presentes que tinham trazido e inclinaram-se até ao chão. 27Depois de os ter saudado, perguntou-lhes: «Como é que está o vosso velho pai de que me falaram? Ainda vive?» 28Eles responderam: «O nosso pai ainda vive e está bem.» E voltaram a inclinar-se em sinal de respeito.
29Olhando à sua volta José viu Benjamim, seu irmão tanto por parte do pai como da mãe43,29 A mãe de ambos era Raquel. Ver 30,22–24; 35,16.18.24., e perguntou; «É este o vosso irmão mais novo de que me falaram?» Depois acrescentou: «Que Deus te abençoe, meu filho.» 30José ficou tão profundamente emocionado com o seu irmão que sentiu necessidade de chorar. Por isso, retirou-se rapidamente para o seu quarto e pôs-se a chorar. 31Quando viu que já conseguia conter-se, lavou a cara, saiu e ordenou: «Sirvam o almoço.»
32Foi servido o almoço para José, numa mesa; para eles noutra, e para os egípcios que comiam no palácio de José, noutra. De facto, os egípcios não podiam comer com os hebreus; a sua religião proibia-lhes isso43,32 Ver 39,6 e nota..
33Os irmãos de José sentaram-se em frente dele por ordem de idades, desde o mais velho ao mais novo, e olhavam uns para os outros muito surpreendidos. 34José mandou que lhes servissem comida da sua própria mesa e a porção servida a Benjamim era cinco vezes maior que as de todos os outros irmãos. E eles fizeram festa com ele e beberam à vontade.