561Eis o que diz o Senhor:
«Respeitem o direito e pratiquem a justiça,
porque a minha salvação está mesmo a chegar,
a minha vitória vai aparecer.
2Feliz o homem que assim procede,
e que assim atua com firmeza,
que respeita o sábado com dedicação,
e se guarda de fazer qualquer espécie de mal.»
3O estrangeiro que se converteu ao Senhor não deve pensar:
«O Senhor vai excluir-me do seu povo.»
E o eunuco56,3 Eunuco. Pessoa sem possibilidade de ter descendência e que vive com a tristeza de saber que o seu nome de família desaparece com ele. também não deve pensar:
«Não passo duma árvore seca.»
4Com efeito, o Senhor declara o seguinte:
«Se um eunuco respeita os meus sábados,
decide fazer o que me agrada
e persevera na minha aliança,
5dar-lhe-ei no meu templo e na minha cidade
um monumento e um nome,
bem melhor que filhos e filhas.
O seu nome ficará para sempre e nunca mais acabará.
6O estrangeiro que se converter,
para me servir e amar como Senhor
e para ser meu servo,
se respeitar os sábados com dedicação
e perseverar na minha aliança,
7conduzi-lo-ei ao meu monte santo56,7 Monte santo. Sião, a colina sobre a qual está edificado o templo. Ver Is 2,3.,
enchê-lo-ei de alegria na minha casa de oração,
aceitarei os seus holocaustos e sacrifícios no meu altar,
porque a minha casa será declarada
casa de oração para todos os povos56,7 Jesus cita este texto em Mt 21,13; Mc 11,17; Lc 19,46..»
8O Senhor Deus que reúne os exilados de Israel
declara de modo solene:
«hei de reunir ainda outros aos que já foram reunidos.»
9Feras dos campos e animais da selva,
venham todos para o banquete!
10Estes guardas estão cegos, não vêm nada!
São como cães mudos, incapazes de ladrar;
deitam-se a ressonar e só gostam de dormir.
11Mas são também cães vorazes e insaciáveis.
E são estes os pastores! Gente que nada entende,
seguindo, todos até ao último, os seus belos desejos,
não pensando senão nos seus próprios interesses.
12Dizem para os outros: «Venham! Toca a beber vinho!
Vamo-nos embebedar com bebidas fortes!
Amanhã será como hoje,
pois sobra sempre com abundância!»
571E o justo definha, sem que ninguém se interesse,
os bons são ceifados, sem que ninguém entenda.
Os inocentes são vítimas dos criminosos.
2Mas a paz há de vir
e os que seguem por caminhos retos
poderão, finalmente, repousar tranquilos.
3Aproximem-se também, ó filhos da feitiçaria,
raça adúltera e prostituída57,3 Literalmente: descendência do adultério e da prostituição, que significam, metaforicamente, a idolatria..
4De quem querem escarnecer?
A quem querem fazer caretas com a boca e com a língua?
Porventura não são filhos rebeldes,
raça de mentirosos?
5Excitais os vossos desejos junto das grandes árvores,
debaixo de qualquer árvore frondosa.
Sacrificais crianças no leito das torrentes
e nas cavernas dos rochedos.
6As pedras polidas57,6 Referência aos símbolos fálicos do culto da fertilidade. Nos v. 5–8 o profeta alude aos cultos da fertilidade denunciados também em Is 1,29; Jr 2,20; Ez 6,13. da torrente são a tua herança
e o teu quinhão sagrado, ó Israel.
Foi a eles que ofereceste as tuas ofertas de vinho,
a eles apresentaste as tuas ofertas de cereais.
Poderei eu, o Senhor, estar contente com tudo isto?
7Sobre um monte alto e sobranceiro
preparavas o teu leito,
e subias até lá para ofereceres sacrifícios.
8Por trás das ombreiras da porta
colocavas os teus feitiços.
Sem fazeres caso de mim,
despias-te e arranjavas um leito confortável.
Vendias-te aos teus amantes,
gostavas de te deitar com eles,
contemplando o ídolo obsceno57,8 Literalmente: a coisa ou a mão. Provavelmente um eufemismo para designar o sexo masculino..
9Corrias para o deus Moloc57,9 Moloc. Ver Lv 20,5; 1 Rs 11,7; Jr 32,35. Há quem traduza Melek (o rei), e então referir-se-ia ao senhor do império que então dominava o Médio Oriente. com unguentos e perfumes;
enviaste mensageiros até terras longínquas,
desceste até ao abismo dos mortos.
10Cansaste-te de tanto caminhar,
mas não disseste: «Basta!»
Encontravas novas forças e não desfalecias.
11Quem te metia tanto medo que te levasse a enganar-me,
a não te lembrares de mim
nem a prestares-me atenção?
Não é verdade que estive calado durante muito tempo?
Por isso, é que não me respeitavas.
12Mas vou demonstrar que a tua justiça era falsa
e que as tuas ações de nada te valem.
13Quando gritares por socorro,
vê se a coleção dos teus ídolos te pode salvar!
A todos eles os levará o vento e um sopro os arrebatará.
Mas os que confiarem em mim
receberão o país como herança,
e possuirão a minha montanha santa.
14O Senhor diz:
«Abram o caminho, aplanem-no
tirem todos os obstáculos de diante do meu povo.»
15Isto afirma aquele que é alto e excelso,
cuja morada é eterna e cujo nome é santo:
«Habito num lugar alto e santo,
mas estou com as pessoas acabrunhadas e humilhadas,
para dar vida aos humildes,
para fortificar o coração dos acabrunhados.
16Não quero estar para sempre a acusar,
nem a ficar eternamente irado
porque, de contrário, destruiria o sopro de vida
de todos quantos criei.
17A maldade de Israel fez com que eu me irritasse;
na minha irritação castiguei-o e não o queria mais ver.
Ele afastou-se para seguir o seu caminho preferido.
18Conheço bem os seus caminhos;
mas hei de curá-lo, guiá-lo e reconfortá-lo.»
Aos que estão de luto
19porei nos seus lábios este cântico:
«Paz! Paz, para os de longe e para os de perto!»
O Senhor afirma-o: «hei de curar verdadeiramente o meu povo57,19 Ver Ef 2,17..»
20Mas os maus são como um mar encapelado,
que não se pode acalmar,
as suas ondas remexem lodo e lama.
21«Para os maus não haverá prosperidade»,
— declara o meu Deus57,21 Ver Is 48,22..
581Grita em alta voz, sem te cansares;
que a tua voz seja forte como o som da trombeta.
Denuncia ao meu povo as suas maldades,
aos descendentes de Jacob os seus pecados.
2Procuram por mim dia após dia,
e mostram desejo em conhecer os meus caminhos.
Até parecem uma nação que pratica a justiça,
e que não abandonou os mandamentos do seu Deus.
Vêm pedir-me a sentença justa
e sentem-se contentes por estarem próximos de Deus.
3Dizem-me: «Para quê jejuar,
se tu não fazes caso?
Para quê mortificar-nos, se não prestas atenção?»
Mas no dia do vosso jejum, buscais os vossos interesses,
e oprimis todos os vossos empregados.
4Jejuais entre rixas e contendas,
dando bofetadas impiedosas.
Não devem jejuar como têm feito até agora,
se querem que a vossa voz seja ouvida nos céus.
5Será esse o jejum que agrada ao Senhor?
Será assim que o homem se mortifica verdadeiramente?
Curvar a cabeça como um junco,
vestir-se de luto e deitar-se sobre o pó:
é para isso que proclamais um jejum,
um dia agradável ao Senhor?
6O jejum que me agrada é este:
libertar os que foram presos injustamente,
livrá-los do jugo que transportam,
dar a liberdade aos oprimidos,
quebrar toda a espécie de opressão,
7repartir o teu pão com os esfomeados,
dar abrigo aos pobres sem casa,
vestir os que vires sem roupas,
e não voltar as costas ao teu irmão58,7 Ver Mt 25,35–36..
8Então surgirá para ti a alvorada dum dia novo,
e ficarás curado rapidamente das tuas feridas.
O triunfo caminhará na tua frente
e a glória do Senhor atrás de ti58,8 Ver Is 52,12..
9Então chamarás pelo Senhor e ele te responderá,
pedirás ajuda e ele te dirá: «Aqui estou!»
Se retirares da tua vida toda a opressão,
o gesto ameaçador e o falar ofensivo,
10se repartires o teu pão com o esfomeado,
e matares a fome ao pobre,
então na escuridão em que vives brilhará a luz,
a tua obscuridade transformar-se-á em meio-dia.
11O Senhor será sempre o teu guia,
até em pleno deserto saciará a tua fome
e dará vigor ao teu corpo.
Serás como um jardim regado!
Como uma fonte abundante,
cujas águas nunca secam.
12Reconstruirás as velhas ruínas,
levantá-las-ás sobre as antigas fundações.
Vão chamar-te «Reparador das brechas
e restaurador de ruas destruídas.»
13«Se evitares trabalhar ao sábado,
não te ocupando dos teus negócios no meu dia santo,
se chamares ao sábado a tua delícia,
consagrando-o à glória do Senhor;
se o honrares abstendo-te de viagens
e de negociares o que te interessa com muito palavreado,
14então encontrarás no Senhor as tuas delícias.
Farei com que caminhes em triunfo
sobre as alturas da terra,
e te alimentes na herança de Jacob, teu antepassado.
Fui eu, o Senhor, que o prometi.»