291Quem teima em rejeitar as críticas,
depressa será irremediavelmente destruído.
2Quando os justos governam, o povo vive feliz;
quando um homem mau domina, o povo sofre.
3Quem ama a sabedoria dá alegria a seu pai;
o que anda com prostitutas esbanja a fortuna.
4Um rei que pratica a justiça
assegura a prosperidade do país;
mas, quando só pensa nos impostos, arruína-o.
5Quem está sempre a elogiar o seu semelhante
quer, de certeza, preparar-lhe uma armadilha.
6Os maus caem na armadilha dos próprios crimes;
o homem honrado vive alegre e feliz.
7O justo reconhece os direitos dos pobres,
mas o homem mau não compreende isso.
8Os rebeldes provocam desordens na cidade,
mas os sábios acalmam os ânimos.
9Se um sábio entra em litígio com um insensato,
irrita-se e cai em ridículo mas nada consegue.
10Os assassinos odeiam aquele que é íntegro;
os homens retos procuram o seu bem.
11O insensato dá livre curso à sua ira;
o sábio domina-se e reprime-a.
12Ao governante que presta atenção às mentiras,
todos os seus servidores lhe parecerão criminosos.
13O pobre e o opressor têm algo em comum:
a ambos o Senhor deu olhos para ver.
14O rei que julga os fracos com verdade
consolida o seu poder para sempre.
15Castigos e reprimendas dão sabedoria,
mas um rapaz entregue a si mesmo envergonha a sua mãe.
16Quando dominam os malfeitores, aumentam os crimes,
mas um dia os justos verão a ruína dos maus.
17Corrige o teu filho e assim viverás tranquilo,
pois ele te encherá de satisfação.
18Quando não há visão profética, o povo corrompe-se;
quem cumpre a lei de Deus é feliz.
19Não se corrige um escravo só com palavras:
porque entende, mas não faz caso.
20Há mais a esperar dum insensato
do que de um homem que fala precipitadamente.
21Quem poupa o seu criado desde a mocidade,
acabará mais tarde por o lamentar.
22O homem colérico levanta contendas;
o irascível multiplica os crimes.
23O orgulho do homem há de humilhá-lo;
o humilde obterá honras.
24O cúmplice de um ladrão prejudica-se a si mesmo;
sabe que recai sobre si a maldição e não o denuncia.
25Ter medo dos homens é uma armadilha;
quem confia no Senhor está em segurança.
26Muita gente procura a aprovação do governante,
no entanto, o Senhor é que julga cada um.
27Os homens justos detestam os desonestos;
e os maus detestam os homens retos.
301Ditos de Agur, filho de Jaqué, de Massá.
Oráculo deste homem para Itiel, para Itiel e Ucal30,1 Itiel e Ucal. No hebraico, estes nomes próprios podem também ser entendidos como verbos. A tradução seria a seguinte: Cansei-me, ó Deus! Cansei-me e esgotei-me!.
2Sem dúvida, sou o mais estúpido dos homens;
não tenho a inteligência de um ser humano.
3Não adquiri sabedoria
e nada sei acerca do Deus santo.
4Quem já subiu ao céu e dele desceu?
Quem pode suster o vento com as mãos?
Quem envolve o mar com a sua capa?
Quem estabelece os limites da terra?
Qual é o seu nome e o nome do seu filho?
Responde, se é que sabes?
5Todas as promessas de Deus são dignas de confiança:
ele protege os que nele confiam.
6Nada acrescentes ao que ele disse,
se não, ele repreende-te e desmente essas mentiras.
7Peço-te duas coisas, meu Deus,
concede-mas antes de eu morrer.
8Afasta de mim a falsidade e a mentira
e não me faças rico nem pobre.
Dá-me apenas o necessário para viver;
9porque, na abundância, poderia renegar-te
e dizer que não te conheço;
na miséria, poderia roubar
e ofender assim o nome do meu Deus.
10Não calunies o escravo diante do seu senhor,
pois pode amaldiçoar-te e sofrerás o castigo.
11Há pessoas que maldizem o seu pai
e não dizem bem de sua mãe.
12Há pessoas que se julgam puras
e nem se limparam das suas imundícies.
13Há pessoas que se julgam importantes
e olham os outros com altivez.
14Há pessoas cujos dentes são espadas
e cujos maxilares são punhais,
para devorar os fracos no país
e os pobres entre o povo.
15A sanguessuga tem duas filhas,
que se chamam: «Dá-me! Dá-me!»
Há três coisas que nunca se fartam
e uma quarta, que nunca diz «Basta!»
16É o mundo dos mortos, a mulher estéril,
a terra, que não se farta de água,
e o fogo, que nunca diz «Basta!»
17Aquele que olha o pai com desprezo
e se recusa a obedecer à sua mãe
merece que os corvos lhe tirem os olhos
e as águias lhos devorem.
18Há três coisas que me ultrapassam
e mais uma quarta, que não compreendo:
19é o caminho da águia, no céu,
o caminho da cobra, na rocha,
o caminho do navio, no alto mar,
e o caminho do homem para a donzela.
20Tal é o caminho da mulher infiel;
com o à-vontade de quem come e lava a boca,
ela diz: «Não fiz nada de mal!»
21Há três coisas que alvoroçam a terra
e uma quarta que não se pode tolerar:
22é o escravo que se torna rei;
o insensato que tem comida de sobra;
23a mulher desprezada que se casa;
e a escrava que toma o lugar da sua senhora.
24Quatro são os seres mais pequenos da terra,
mas duma enorme sabedoria:
25as formigas, que são fracas,
mas durante o verão preparam as suas provisões;
26os coelhos, animais não muito fortes,
mas que sabem arranjar morada entre as rochas;
27os gafanhotos, que não têm rei,
mas andam em grupos ordenados;
28os lagartos, que se podem apanhar à mão,
mas que vão até aos palácios dos reis.
29Há três seres vivos, de andar elegante,
e um quarto, que anda com grande garbo:
30o leão, o mais corajoso dos animais,
que não recua diante de nada;
31o galo, muito senhor de si; o bode;
e o rei, à frente dos seus exércitos.
32Se achas que foste arrogante e estúpido,
e fizeste mal, pensa bem nisto:
33quem bate a nata do leite produz manteiga,
quem aperta o nariz fá-lo sangrar;
quem instiga a ira provoca contendas.
311Ditos do rei Lemuel, de Massá, que recebeu da parte de sua mãe:
2«Escuta-me bem, meu filho, fruto do meu ventre,
filho que pedi nas minhas preces.
3Não gastes com mulheres a tua força e vigor,
pois por causa delas se perdem reis.
4Não está bem, Lemuel, que reis e governantes
bebam vinho e bebidas fortes;
5o beber pode levá-los a esquecer a lei
e a trair os direitos de todos os infelizes.
6Dá as bebidas fortes àqueles que desfalecem
e o vinho aos que têm o coração amargurado,
7para que, bebendo, possam esquecer
a sua fraqueza e a sua infelicidade.
8Faz ouvir a tua voz para defender
os que não podem falar e os desventurados.
9Faz ouvir a tua voz em seu favor
e faz justiça aos pobres e miseráveis.»
10Mulher exemplar não é fácil de encontrar;
ela vale muito mais que as joias!
11O seu marido confia inteiramente nela,
não lhe faltando com nada.
12Ela só lhe dá satisfação e nunca desgostos,
todos os dias da sua vida.
13Ela procura lã e linho
e trabalha de boa vontade com as suas mãos.
14Tal como um navio mercante,
ela traz as suas provisões de muito longe.
15Levanta-se antes de romper o dia,
prepara de comer para a família
e distribui as tarefas pelas suas criadas.
16Examina um terreno e compra-o
e planta uma vinha com o produto do trabalho.
17Põe-se ao trabalho com toda a energia;
os seus braços nunca estão parados.
18Vigia bem os seus negócios;
durante a noite, a sua lâmpada mantém-se acesa.
19As suas mãos trabalham com a roca de fiar
e os seus dedos, com o fuso.
20Estende a mão segura aos infelizes
e é generosa para com os pobres.
21Não receia a neve para os seus familiares,
porque todos eles trazem roupa suficiente.
22Ela faz as suas próprias mantas
e os tecidos de linho e púrpura com que se veste.
23O seu marido é conhecido e considerado na assembleia,
quando toma assento no conselho dos anciãos da terra.
24Ela faz tecidos de linho fino para vender
e fornece cintos aos mercadores.
25Reveste-se de força e dignidade
e sorri a pensar no futuro.
26Fala sempre com sabedoria
e dá conselhos com bondade.
27Vigia tudo o que se passa na sua casa
e não prova o pão da ociosidade.
28Os seus filhos levantam-se para a felicitar
e o seu marido, para a elogiar:
29«Muitas mulheres foram exemplares,
mas tu és a melhor de todas.»
30Encantos são enganos e beleza é ilusão,
mas uma mulher que respeita o Senhor é digna de elogio.
31Recompensem-na com o fruto das suas mãos
e louvem-na diante da assembleia pelo seu trabalho.