161Por isso, os egípcios receberam desses animais o castigo que mereciam;
enormes bandos de animais os perseguiram.
2Mas em vez de castigares o teu povo, o abençoaste,
e para seu alimento preparaste codornizes,
uma comida deliciosa que lhes matou a fome.
3Porém os egípcios, embora estivessem com fome,
perderam o apetite porque os animais que enviaste contra eles eram repugantes16,3 As rãs. Ver Ex 8,5–6..
Mas o teu povo, depois de passar um pouco de fome,
pôde alimentar-se de comida da melhor qualidade.
4Era preciso que os perseguidores passassem uma fome terrível,
mas para o teu povo bastava um pouco de sofrimento,
para poder imaginar o quanto os inimigos sofreram.
5Quando as serpentes venenosas atacaram furiosamente o teu povo,
mordendo e matando muitas pessoas,
a tua ira contra ele não durou muito tempo.
6O pequeno susto que os israelitas levaram foi um aviso para eles;
depois receberam um símbolo de salvação16,6 A serpente de bronze. Ver Nm 21,9.
para fazer com que se lembrassem da tua lei.
7Quem olhava para a serpente de bronze ficava curado;
não era a serpente que curava,
mas eras tu, o Salvador de todos.
8E assim mostraste aos nossos inimigos
que és tu quem livra de todo o mal.
9Eles foram mortos pelas picadas de gafanhotos e moscas,
e não havia remédio que os salvasse,
pois mereciam ser castigados assim.
10Mas os teus filhos não foram derrotados
nem mesmo pelos dentes das serpentes,
pois a tua misericórdia socorreu-os e curou-os.
11Os israelitas foram mordidos,
e logo depois foram curados,
para que se lembrassem das tuas leis
e não se esquecessem completamente de ti,
deixando assim de receber as tuas bênçãos.
12Não foi uma erva ou uma pomada que os curou,
mas foi a tua palavra, ó Senhor, a palavra que cura todos.
13Tu tens poder sobre a vida e a morte;
podes fazer cair uma pessoa no mundo dos mortos
e fazê-la subir de novo.
14Um homem mau pode matar alguém,
mas não pode fazer com que essa pessoa viva de novo;
não pode fazer voltar o espírito que a morte lhe arrebatou.
15É impossível escapar da tua mão.
16Os ímpios não queriam saber de ti,
mas com o teu braço forte tu castigaste-os;
temporais furiosos, chuvas de gelo
e fortes tempestades perseguiram-nos,
e foram completamente destruídos pelo fogo16,16 Referência aos raios que acompanharam a tempestade. Ver Ex 9,22–24..
17Parece incrível, mas mesmo dentro da água, que apaga tudo,
o fogo queimava ainda mais forte;
é que a natureza luta a favor dos justos.
18Uma vez a chama diminuiu para não destruir os animais
que tinham sido enviados contra os ímpios,
e para que estes, ao verem isso,
ficassem a saber que era o julgamento de Deus que os perseguia.
19Outras vezes, mesmo dentro da água,
o fogo queimava mais forte do que qualquer outro fogo
para acabar com as colheitas da terra dos maus.
20Mas para o teu povo tu deste alimento dos anjos16,20 O maná. Ver Ex 16,13–21.31; Sl 78,24–25..
O teu povo não precisou de fazer nada;
do céu tu deste-lhe pão, pronto para ser comido,
pão que matou a fome de todos e do qual todos gostaram.
21O sustento que tu deste aos teus filhos
mostrou a doçura que tinhas para com eles;
o pão era do gosto de cada um
e tornava-se naquilo que cada um queria.
22Esse pão era parecido com neve ou gelo,
mas nem mesmo o fogo o podia derreter.
Era para que o teu povo soubesse
que as colheitas dos seus inimigos estavam a ser destruídas
pelo fogo que brilhava na chuva de gelo
e que luzia nos temporais.
23Mas a fim de que os justos fossem alimentados,
esse mesmo fogo perdeu todo o seu poder.
24Pois a criação, que está ao teu serviço, ó Criador,
esforça-se para castigar os maus
e torna-se bondosa para abençoar os que confiam em ti.
25Assim a criação tomou todas as formas necessárias,
para servir a tua generosidade que tudo alimenta,
respondendo ao apetite dos que te pedem16,25 Ou: dos necessitados..
26Isso aconteceu para que os teus filhos amados, ó Senhor,
aprendessem que não são as colheitas que dão de comer aos seres humanos,
mas é a tua palavra que sustenta os que confiam em ti.
27E aquilo que nem o fogo conseguia destruir,
derretia logo com o calor dos primeiros raios do sol,
28a fim de que soubessemos que devemos levantar-nos de madrugada
para te darmos graças
e nos encontrarmos contigo antes do nascer do sol.
29A esperança de uma pessoa ingrata derrete como a geada do inverno
e escoa-se como água que não presta.
11Este livro contém a revelação de Jesus Cristo que ele recebeu de Deus, para a dar a conhecer aos seus servos. Trata-se de coisas que hão de acontecer brevemente e que Cristo deu a conhecer ao seu servo João por um anjo que lhe enviou.
2João atesta tudo quanto viu em relação à palavra e ao testemunho de Jesus Cristo. 3Feliz aquele que lê este livro e felizes os que ouvem estas palavras proféticas e guardam o que aqui está escrito1,3 O autor afirma que é preciso ler, ouvir e guardar estas palavras. A Sagrada Escritura foi escrita por causa desta triologia verbal: ler, ouvir e guardar. Quem assim fizer, será feliz., porque tudo isto há de acontecer em breve.
4Eu, João, dirijo-me às sete igrejas da província da Ásia1,4 As sete igrejas são enumeradas no v. 11.. Desejo-vos graça e paz da parte daquele que é, que era e que há de vir, e ainda da parte dos sete espíritos1,4 Sete Espíritos. O número sete simboliza a perfeição. Os sete espíritos simbolizam, portanto, a ação misteriosa de Deus na história dos homens. que estão diante do seu trono, 5e de Jesus Cristo, a testemunha fiel, o primeiro dos ressuscitados, o soberano dos reis da Terra.
Cristo ama-nos e pela sua morte libertou-nos dos nossos pecados. 6Ele fez de nós um reino de sacerdotes para Deus, seu Pai. A ele seja dada glória e o poder para todo o sempre. Ámen.
7Eis que ele vem com as nuvens.
Toda a gente o verá,
até mesmo os que o mataram.
Todos os povos da Terra se lamentarão por ele.
Assim há de ser! Ámen!
8Eu sou o Alfa e o Ómega1,8 Alfa e Ómega. Primeira e última letra do alfabeto grego (21,2; 22,13). A expressão significa: o Primeiro e o Último ou o Princípio e o Fim., diz o Senhor Deus, aquele que é, que era e que há de vir, o Todo-Poderoso.
9Eu sou João, vosso irmão, e participo convosco nas mesmas perseguições no reino de Deus e na perseverança por Jesus. Encontrava-me na ilha de Patmos1,9 Patmos. Pequena ilha do mar Egeu para onde os romanos exilavam as pessoas que julgavam politicamente indesejadas. por ter proclamado a palavra de Deus e o testemunho de Jesus. 10O Espírito de Deus apoderou-se de mim, no dia do Senhor, e eu ouvi atrás de mim uma voz forte que parecia a voz duma trombeta. 11Dizia assim: «Escreve num livro aquilo que vais ver, e manda-o às sete igrejas: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodiceia.» 12Voltei-me para ver quem é que me falava e, ao voltar-me, vi sete castiçais de ouro1,12 Sete castiçais. Representam as sete igrejas a quem o autor escreveu. Ver 1,20.. 13E no meio dos castiçais estava alguém semelhante ao Filho do Homem vestido até aos pés com uma túnica comprida e uma faixa dourada à volta do peito. 14A sua cabeça e os seus cabelos eram brancos como a lã ou como a neve e os seus olhos eram ardentes como o fogo. 15Os seus pés brilhavam como bronze fundido na fornalha e a sua voz era como o ruído das grandes cascatas1,15 Para os v. 13–15, ver Dn 7,13; 10,5; 7,9; 10,6.. 16Na sua mão direita tinha sete estrelas; da sua boca saía uma espada de dois gumes muito afiada e o seu rosto brilhava como o sol do meio-dia.
17Quando o vi, caí aos seus pés como morto. Mas ele pôs a sua mão direita em cima de mim e disse: «Não tenhas medo! Eu sou o primeiro e o último1,17 Para os v. 16–17, ver Is 49,2; Hb 4,12; Is 44,6; 48,12.. 18Eu sou aquele que está vivo! Estive morto, mas agora vivo para sempre. Eu tenho poder sobre a morte e sobre o mundo dos mortos. 19Escreve pois aquilo que viste, o que está a acontecer agora e o que vai acontecer mais tarde. 20O significado das sete estrelas que viste na minha mão direita e dos sete castiçais de ouro é o seguinte: as sete estrelas são os anjos das sete igrejas, e os sete castiçais são essas sete igrejas.»