Processo de Deus com o seu povo
1Eis o que diz o Senhor:
«Onde está o documento de divórcio
com que repudiei Jerusalém, vossa mãe?
Ou então a qual dos meus credores
vos vendi como escravos?
Se foram vendidos foi por causa das vossas culpas;
e se a vossa mãe foi repudiada, foi por causa dos vossos crimes.
2Por que é que não encontrei ninguém quando vim?
Por que é que ninguém respondeu quando chamei?
Será o meu braço muito curto para vos poder salvar?
Não terei força suficiente para vos libertar?
Contudo, com uma simples ameaça seco o mar,
e mudo os rios em deserto;
por falta de água, os peixes morrem de sede e apodrecem.
3Visto o céu de negro
e cubro-o com uma veste de luto.»
O servo do Senhor: terceiro poema
4O Senhor Deus ensinou-me o que devo dizer,
para saber dar uma palavra de alento aos desanimados.
Cada manhã ele me faz estar atento
para que eu aprenda como bom discípulo.
5O Senhor ensinou-me a escutar
e eu não resisti nem recuei.
6Apresentei as costas aos que me batiam,
e a face aos que me arrancavam a barba.
Não escondi o rosto
dos que me ultrajavam e cuspiam.
7O Senhor Deus ajuda-me
e por isso eu não sentia os ultrajes,
o meu rosto era resistente como uma pedra
e sabia que não ficaria envergonhado.
8Aquele que me defende está ao meu lado;
quem se atreverá a levantar contra mim um processo?
Compareçamos juntos diante do juiz!
Apresente-se quem quiser ser meu adversário!
9Na verdade, se o Senhor Deus me ajudar,
quem poderá condenar-me?
Todos os meus adversários acabarão
como roupa velha roída pela traça.
Obediência ao servo do Senhor
10Se alguém entre vós reconhece a autoridade do Senhor,
esteja atento à palavra do seu servo!
Mesmo que caminhe pelas trevas, sem um raio de luz,
deposite a sua confiança no Senhor
e apoie-se no seu Deus.
11Mas quanto a vós, que ateais o fogo,
que vos armais de setas inflamadas,
caireis nas chamas do vosso próprio fogo,
apanhados pelas vossas setas incendiadas.
É assim que a mão do Senhor vos há de tratar
e haveis de jazer nos vossos tormentos.