11Este é o princípio da boa nova, o evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus1,1 Alguns manuscritos bíblicos antigos não têm as palavras Filho de Deus. Em relação a 2–4 ver Ml 3,1.. 2É como está escrito no livro do profeta Isaías: Enviarei o meu mensageiro à tua frente, para te preparar o caminho. 3É a voz daquele que clama no deserto: Preparem o caminho do Senhor e abram-lhe estradas direitas. 4Assim apareceu João no deserto a batizar e a proclamar o batismo em sinal de arrependimento para perdão dos pecados. 5Toda a gente da Judeia e os habitantes de Jerusalém iam ouvir João Batista. Confessavam os seus pecados e ele batizava-os no rio Jordão.
6João usava uma vestimenta de pelo de camelo com cintura de couro e alimentava-se de gafanhotos e de mel apanhado no campo. 7E dizia assim ao povo: «Depois de mim virá alguém com mais autoridade do que eu, e nem sequer mereço a honra de me curvar diante dele para lhe desatar as correias das sandálias. 8Eu batizei-vos em água, mas ele há de batizar-vos no Espírito Santo.»
9Por essa altura, Jesus veio de Nazaré, na província da Galileia, e foi batizado por João no rio Jordão. 10No momento em que saía da água, Jesus viu abrir-se o céu e o Espírito Santo a descer sobre si, como uma pomba, 11e ouviu-se do céu uma voz: «Tu és o meu Filho querido; com a maior satisfação te escolhi1,11 Ou: Tu és o meu Filho querido; tenho em ti a maior satisfação..»
12Logo a seguir, o Espírito conduziu Jesus para o deserto. 13Ficou no deserto quarenta dias sendo tentado por Satanás. Estava entre os animais selvagens e os anjos o serviam.
14Depois de João Batista ser preso, Jesus voltou para a Galileia; proclamava o evangelho de Deus 15e dizia: «É chegada a hora! O reino de Deus está próximo. Arrependam-se dos pecados e creiam nesta boa nova.»
16Ao passar junto do lago da Galileia1,16 Ou: Mar da Galileia., Jesus viu Simão1,16 Ou: Simão Pedro. e o seu irmão André que lançavam as redes, pois eram pescadores. 17E disse-lhes: «Venham comigo e eu vos farei pescadores de homens.» 18Largaram imediatamente as redes e foram com ele. 19Um pouco mais adiante, viu Tiago e o seu irmão João, filhos de Zebedeu, que estavam no barco a consertar as redes. 20Jesus chamou-os; eles deixaram logo o pai no barco com o seu pessoal e foram com ele.
21Jesus e os discípulos seguiram depois para Cafarnaum. Chegado o sábado, Jesus entrou na sinagoga dos judeus e começou a ensinar. 22Os que o ouviam ficaram muito admirados com o seu ensino, porque falava como quem tem autoridade e não como os doutores da lei. 23Nisto, apareceu na sinagoga um homem possuído dum espírito mau, o qual, aos gritos, disse: 24«Que temos nós a ver contigo, Jesus de Nazaré? Vieste aqui para nos destruir? Eu sei quem tu és; és o Santo de Deus!» 25Jesus repreendeu-o: «Cala-te e sai deste homem.» 26O espírito mau sacudiu fortemente o homem, deu um grande grito e saiu dele. 27Ficaram todos tão admirados, que perguntavam uns aos outros: «Que será isto?» Outros diziam: «Isto é doutrina nova, mas apresentada com autoridade! Pois ele até dá ordens aos espíritos maus, e eles obedecem-lhe!» 28A fama de Jesus espalhou-se rapidamente por toda a região da Galileia.
29Depois disto, saíram da sinagoga e foram com Tiago e João para a casa de Simão e André. 30Como a sogra de Pedro estava de cama com febre, falaram logo dela a Jesus. 31Ele aproximou-se, pegou-lhe na mão e ajudou-a a levantar-se. A febre passou-lhe e ela começou a servi-los.
32Ao entardecer, quando o sol se punha, traziam-lhe todos os doentes e os que tinham espíritos maus. 33Todos os moradores da cidade se juntaram à porta de casa. 34Jesus curou muitos que sofriam de várias doenças e expulsou muitos espíritos maus. Não os deixava falar porque eles sabiam quem ele era.
35Jesus levantou-se muito antes de nascer o dia, saiu de casa e foi para um lugar isolado, onde ficou em oração. 36Simão foi com os companheiros à procura dele 37e, quando o encontraram, disseram-lhe: «Andam todos à tua procura!» 38Jesus disse-lhes: «Vamos a outras povoações das redondezas para eu lá também pregar, pois foi para isso que eu vim.» 39Jesus andava por toda a Galileia, pregava nas suas sinagogas e expulsava espíritos maus.
40Veio depois um homem com lepra procurar Jesus e pediu-lhe de joelhos: «Se quiseres, podes purificar-me1,40 Ou: curar-me. da lepra.» 41Jesus teve muita pena dele, estendeu a mão, tocou-lhe e disse: «Quero, sim! Estás purificado1,41 Ou: estás curado..» 42E naquele mesmo instante a lepra desapareceu e ficou purificado1,42 Ou: ficou curado.. 43Então Jesus dirigiu-se-lhe em tom firme, mandou-o embora 44e disse: «Escuta! Não fales disto a ninguém. Vai primeiro ao sacerdote para ele te examinar, e pela tua purificação1,44 Ou: cura. oferece o sacrifício que Moisés determinou, para que saibam que estás purificado1,44 Ou: curado..» 45Porém o homem, mal saiu dali, começou a proclamar abertamente o que se tinha passado. E a notícia correu de tal maneira que Jesus já não podia entrar à vontade nas povoações. Ficava de fora, em lugares isolados, mas ia lá gente de toda a parte procurá-lo.
21Passados dias, Jesus entrou de novo em Cafarnaum e soube-se que ele estava em casa. 2Juntou-se tanta gente que não havia mais lugar em frente da porta. Estava Jesus a anunciar-lhes a sua mensagem 3quando trouxeram um paralítico transportado por quatro homens. 4Porém, como eles não conseguiam levá-lo até junto de Jesus, por causa da multidão, subiram ao telhado. Fizeram uma abertura mesmo por cima do lugar onde Jesus estava e desceram o paralítico deitado na sua enxerga. 5Quando Jesus viu a fé que eles tinham, disse ao doente: «Meu filho, os teus pecados estão perdoados.»
6Mas alguns doutores da lei que ali estavam sentados puseram-se a pensar no seu íntimo: 7«Como é que este homem se atreve a falar assim? Ele ofende a Deus! Quem pode perdoar pecados a não ser Deus?» 8Porém, Jesus, percebendo bem o que eles estavam a pensar, perguntou-lhes: «Por que é que pensam dessa maneira no vosso íntimo? 9Será mais fácil dizer a este paralítico “os teus pecados estão perdoados” ou dizer-lhe “levanta-te, pega na tua enxerga e caminha”? 10Pois fiquem sabendo que o Filho do Homem tem poder na Terra para perdoar pecados.» 11Declarou então ao paralítico: «Sou eu que te digo: Levanta-te, pega na enxerga e vai para tua casa.» 12O homem levantou-se imediatamente, pegou na enxerga e foi-se embora à vista de todos. Ficou toda a gente tão maravilhada com o que viu que louvava a Deus exclamando: «Nunca se viu uma coisa assim!»
13Jesus foi de novo para a margem do lago da Galileia. O povo foi lá procurá-lo e ele pôs-se a ensinar. 14De caminho viu Levi2,14 Levi. Também conhecido por Mateus., filho de Alfeu, sentado no posto de cobrança de impostos e disse-lhe: «Segue-me!» Levi levantou-se e foi com ele. 15Mais tarde, em casa de Levi, Jesus e os seus discípulos sentaram-se à mesa com cobradores de impostos e outra gente pecadora, que eram muitos e acompanhavam Jesus. 16Mas alguns doutores da lei, do grupo dos fariseus, ao verem que ele comia com aquela gente e com cobradores de impostos, perguntaram aos seus discípulos: «Como pode ele comer2,16 Alguns manuscritos acrescentam: e beber. com pecadores e cobradores de impostos?» 17Jesus, ao ouvir aquilo, respondeu-lhes: «Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes. Ora eu não vim chamar os justos, mas os pecadores.»
18Certo dia em que os discípulos de João Batista e os fariseus jejuavam, houve alguém que foi perguntar a Jesus: «Por que é que os discípulos de João e os dos fariseus jejuam, e os teus discípulos não?» 19Jesus respondeu: «Poderão jejuar os convidados duma boda enquanto o noivo estiver com eles? É claro que enquanto o noivo estiver com eles não podem jejuar. 20Dias virão em que o noivo lhes será tirado. Nessa altura jejuarão.
21Ninguém cose um remendo de tecido novo em roupa velha, porque o remendo novo repuxa o tecido velho e fica um rasgão ainda maior. 22Nem tão-pouco se põe vinho novo em vasilhas velhas, porque o vinho irá rebentá-las, perdendo-se assim o vinho e as vasilhas. Portanto o vinho novo deve meter-se em vasilhas novas.»
23Num sábado, Jesus e os seus discípulos atravessavam umas searas. Enquanto caminhavam, os discípulos começaram a apanhar espigas para comer. 24Então os fariseus perguntaram a Jesus: «Por que é que eles fazem ao sábado o que a lei não permite?» 25Ele respondeu-lhes: «Nunca leram o que David fez quando ele e os seus homens estavam com fome e não tinham que comer? 26Entrou na casa de Deus, no tempo em que Abiatar era sumo sacerdote, comeu os pães consagrados e deu aos companheiros. Segundo a lei, só os sacerdotes podiam comer aqueles pães.» 27E acrescentou: «O sábado foi criado por causa do homem e não o homem por causa do sábado. 28Por isso, o Filho do Homem tem autoridade sobre o próprio sábado.»