Colportores
Várias gerações de homens valentes, destemidos e disponíveis, que durante mais de 100 anos (1864-1971), em carruagens puxadas por cavalos, de bicicleta e muitas vezes a pé, foram os responsáveis pela expansão do trabalho de divulgação da Bíblia em Portugal, promovendo assim, o nascimento também das comunidades de fé. Entre os quais destacamos:
ANTÓNIO DIAS
Esteve no primeiro grupo de colportores, em 1864, trabalhando alguns anos mais tarde nos Açores; a sua presença ali foi de grande importância. Foi a partir da sua ação naquelas ilhas que se iniciou o trabalho protestante no arquipélago entre os naturais.
JOAQUIM FIGUEIREDO
Começou por volta de 1886. Trabalhou desde Aveiro até Leiria mas a sua ação estendeu-se ao Alentejo. Tinha uma admirável facilidade em conseguir entrada em conventos. Fez um excelente trabalho entre os estudantes e professores de Coimbra, a quem vendeu muitas cópias de Escrituras em hebraico e em grego. Os estudantes de Teologia chamavam-lhe o “Rabino da Bíblia”, os quais sendo a seu favor responderam ao ataque que lhe tinha sido feito pelos Jesuítas afirmando que tal ataque era lutar contra Deus e contra a Sua Palavra Apesar dos seus 70 anos continuava a vender mais do que qualquer outro colportor.
ANTÓNIO JOAQUIM DE CASTRO
Pertenceu às primeiras gerações de colportores, tendo sido considerado o mais excelente e muito perseverante no seu trabalho. Exercia a sua missão entre o Douro e Aveiro. Esteve nos Açores em 1885 e regressado ao continente chegou a ser hospitalizado tão longas eram as distâncias percorridas a pé para fazer chegar a Bíblia às mais recônditas partes do país. Tal como muitos outros colportores também esteve preso.
LUÍS GONÇALVES
Dedicou vários anos de trabalho visitando o Sul do Pais. Em 1877 passou meses no Algarve; seguiu depois para Beja. Gonçalves foi a lugares que nunca antes tinham sido visitados por outros colportores. Encontrou no período balnear uma grande oportunidade para contactar com estrangeiros de lugares distantes. Era um homem de uma grande capacidade física, fazendo viagens tanto de comboio como a pé.
ANTÓNIO LEITE
Começou em 1884. Tinha ganho muita experiência como evangelista na América entre os protestantes portugueses que residiam nos EUA; esteve também em Cabo Verde. Falava inglês razoavelmente, portanto tinha uma melhor formação que qualquer outro colportor. Desde Aveiro foi até Pombal tendo aí alcançado a mais alta e elegante sociedade. Em virtude do seu treino e experiência na Inglaterra, América e Cabo Verde, embarcou em fevereiro de 1886 tendo passado 11 meses visitando os principais portos portugueses da costa ocidental africana. Em muitos desses locais a Sociedade Bíblica estava a entrar em terreno virgem.
MANUEL DE MELIM
Fez parte do grupo de cristãos naturais da Madeira que emigraram para os EUA no tempo da grande perseguição a Robert Kalley. Em 1883 foi nomeado para pastorear os portugueses na Missão aos Marinheiros fundada no ano anterior na Madeira.
MANUEL FRANCISCO DA SILVA
Colportor que em 1868 fixa residência em Gaia e vai influenciar decisivamente a atividade de Diogo Cassels. É várias vezes preso por vender Bíblias: no Porto, sendo absolvido e tendo o bispo recebido ordens para devolver as Bíblias e os Testamentos que lhe tinham confiscado; em Lamego, por ordem do Administrador, foi lançado na prisão e detido por meses.
MANUEL VIEIRA SOUSA
Ingressou na Igreja Fluminense, no Rio de Janeiro, em 1861. Regressou à sua pátria para lhe trazer o ideal que professara. Denunciado pelo Arcebispo de Braga em 1863, é preso e condenado a dois anos de prisão. Solto em 1866 volta à sua missão. Em 1872, quando oferecia a Bíblia ao povo no Santuário do Bom Jesus do Monte foi barbaramente agredido pela multidão. Excomungado pelo Arcebispo-primaz o processo arrastou-se por oito anos. Na sua morte um dos jornais de Barcelos referiu: “Será difícil a Sociedade Bíblica encontrar outro homem semelhante para preencher o lugar de Vieira.”
JOSÉ ALEXANDRE
Colportor do início do século XX que em dezembro de 1905, estando a trabalhar em Elvas, é preso sob a acusação de vender “livros evangélicos”. Depois de condenado em primeira instância a sentença viria a ser anulada pelo Tribunal da Relação de Lisboa.
ALFREDO AMARAL
Inicia o seu trabalho em 1900, tendo ouvido pela primeira vez a mensagem bíblica aos 9 anos na Figueira da Foz, por ação de um outro colportor.
ROMÃO PERES
Em 1900 passou por Elvas e por Coimbra. Em Elvas conseguiu colocar as Escrituras nas mãos dos soldados, tendo sido bem recebido. Ao passar por Coimbra teve uma dura tarefa a realizar entre as centenas de estudantes que tentavam fazê-lo tropeçar com os seus argumentos, mas finalmente foram forçados a reconhecer que Romão tinha a Bíblia na ponta da língua. Muitos compraram as Escrituras em português, grego e hebraico. Durante o ano de 1901, visitou os campos de refugiados Boers, onde cerca de 1500 refugiados foram acolhidos, vindos de Lourenço Marques, levando-lhes Escrituras em holandês.
BRÁULIO SILVA
No início do século XX visitou uma das mais difíceis partes da capital, um alfobre do crime e antro de caracteres duvidosos, tendo sido bem recebido. Em 1903, em Loulé, Bráulio foi preso pela intimação de um prior; esteve preso dez dias, mas continuou a trabalhar após a sua libertação. No mesmo ano ainda esteve na Estremadura e nos Açores. Em Vila Flor foi novamente preso em 1905. Esteve oito dias na prisão acusado a de fraudulentamente tentar fazer passar Bíblias “protestantes” como correspondia à versão católica romana.
ARDUÍNO ADOLFO CORREIA
Polícia de profissão entrou ao serviço da Sociedade Bíblica em 1935. Ao longo da sua extensa missão fez mais vendas que qualquer outro colportor, chegando a vender muitas Bíblias a antigos colegas de ofício nas forças policiais.
MANUELA
Era conhecida como a “Mulher-Bíblia”. A liberdade que a Mulher-Bíblia tinha para entrar nos hospitais para ler ou falar da Palavra da Vida aos pacientes foi geradora de grande bem. Mantinha um ministério de visitação casa a casa enquanto vendia ou oferecia Escrituras a todos os que necessitavam. Também trabalhava em ligação com fábricas onde estavam empregadas mulheres. Também no hospital um bom trabalho foi feito ao longo dos anos.