Dia 4

Procurar a sabedoria é meio caminho andado para conhecer a Deus. É uma busca exigente que pressupõe uma escalada de alto grau de dificuldade. Não porque seja requerida uma grande inteligência ou uma longa escadaria teológica, mas pelo facto de exigir um coração permanentemente humilde. Nem todos se dispõem a guardar silêncio, a uma escuta ativa, a entesourar e explorar os ensinamentos recebidos. Manter “o coração aberto para o entendimento” é próprio dos aprendizes, daqueles que cultivam uma postura de aprendizagem contínua. Não com o intuito de acumular diplomas ou aumentar títulos, mas com o propósito simples de estreitar laços com Deus. Busque-se, pois, com inteligência e afinco unir as pontas da espiritualidade: reverência e intimidade. Respeitar Deus passa precisamente por desenvolver com Ele uma amizade assente no temor sem medos e na cumplicidade sem abusos. E essa clarividência é proporcionada exatamente por Aquele de Quem “procedem o saber e o entendimento.” Aliás, é Ele mesmo que tem o condão de ensinar quem quer que seja a viver de forma equilibrada. A Sua ajuda está sempre à curta distância do desejo manifestado junto Dele, de se viver de maneira íntegra e reta. É bem perto Dele que se encontram “os caminhos do bem”, bem como o doce trilho da paz. Daí a importância nevrálgica de separar momentos para pensar, refletir e interiorizar a Sua voz. É à boleia dos Seus sussurros que se vão contornando as más influências. Só assim é possível chegar ao fim de cada dia ileso, num mundo minado de falsidade e atrativos tortuosos. Só de mão dada com Deus se resiste à sedução da mulher fatal e do príncipe mascarado. E para os que pensam que isso é humanamente impossível, basta atentar para a caminhada de gente boa que vive agarrada a Deus, de cabeça arejada, de bom humor e, sobretudo, com uma consciência pura.