Sociedade Bíblica de Portugal

COmVIDa 20: A afirmação da vida contra a morte

Texto(s) bíblico

Salmos (45)

11«Parem! Reconheçam que eu sou Deus!

Serei supremo entre as nações,

supremo em toda a terra!»

O admirável mundo novo foi cancelado! Embora devagar, para muitos, ele está a desmoronar-se terrível e assustadoramente.  Não é caso para histeria, mas verdade seja dita: estamos a viver uma catástrofe que um médico italiano descreveu como “III Guerra Mundial”. Comparando o drama que se vive nos hospitais com a narrativa descrita no livro do Apocalipse, de Bergamo chega-nos uma reportagem da Sky News onde, no limite das suas forças, outro médico deixa um recado: “Preparem-se! Preparem-se!”. Sem precedentes, esta crise não está a expor apenas a debilidade dos nossos sistemas de saúde e económicos. Ela revela a fragilidade humana que há muito tentamos ocultar. Todavia, não deixa de ser curioso que o mundo que nos últimos dois séculos declarou a morte de Deus (substituindo-o pelo super-homem e exigindo a retirada dos símbolos religiosos da vida pública) agora, conscientemente ou não, citam ou parafraseiam essa bussola que desacreditaram e que vinha orientando aqueles que se compreendiam como filhos da cultura ocidental: A Bíblia.

Agora que estamos de quarentena, parados e isolados profilaticamente por causa da pandemia COVID 19, assistimos aqui e acolá a testemunhos de um outro «surto»: o COmVIDa 20. Não, não é um outro vírus, mas aquilo que apelido de afirmações de vida contra a morte! Atenda-se para as seguintes notas. O Turismo Centro de Portugal lançou a campanha “Haverá tempo!”. Mais do que a promessa do tempo para sair, invoca a necessidade do tempo de ficar em casa! Uma dialética usada pelo sábio autor de Eclesiastes que, a par da existência de um tempo para abraçar, lembra-nos também da necessidade de observarmos o tempo de nos afastarmos (cf. Ecl 3, 5).

Enquanto o site da Sic Mulher dá notícia que existe crianças africanas a orar com as mãos postas sobre o mapa do mundo, o jornal Blitz transcreve a prece do artista Justin Bieber. Nela, o cantor declara: “Meu Deus, agradecemos-te muito por este dia. Agradeço-te mesmo muito o facto de teres tudo sob controlo (…) nós confiamos em ti nestes momentos (…) agradecemos-te muito por quem és e só te pedimos que continues a dar-nos mais respostas. Em teu nome rezamos, Ámem”. Dizer ainda que, no site do semanário Expresso podemos ler o testemunho de uma enfermeira que diz: “Esta experiência vai fazer de mim uma profissional melhor, mas, principalmente, vai fazer de mim uma pessoa melhor. Mais humana, capaz de aproveitar melhor a vida e a dar importância ao que realmente tem importância”.

Haveria muitos mais exemplos a referir, mas o espaço não permite registar todos. Não obstante a injustiça pelos que ficam de fora, não posso deixar de sublinhar mais dois. Em Itália nasceu uma corrente de esperança, a partir de uma mensagem que diz: “Andrà Tutto Bene“.  Curiosamente, ilustrada com o arco-íris, esse símbolo bíblico criado para trazer à memória que Deus tem uma aliança com a humanidade. E Ele é fiel para a cumprir! Por fim, inspirado neste slogan, o compositor português Flávio Cristóvam deixa-nos a canção “Vai ficar tudo bem!”. Um daqueles «cânticos» que perdurarão como «hinos». Filhos do recolhimento, a letra e o vídeo que completa e amplia os seus sentidos faz ressoar a silenciosa sabedoria bíblica. Diante da escuridão destes dias, ela descreve as cidades vazias, o silêncio e o medo que tomou conta dos corações. Porém, afirma: “sei que ainda não é o fim! (…) não percam a fé”. O refrão, que salienta o tempo onde “a distância era sinónimo de amor e era o que nos mantinha vivos” lembra-nos, outra vez, que tudo tem o seu tempo próprio. Há tempo para abraçar e tempo para afastar. Embora este seja o tempo de estarmos separados, misteriosamente, ou não, o texto bíblico «aproxima-nos». Recolhidos, aqui e acolá vai-se ouvindo, na afirmação da vida contra a morte, testemunhos de que Deus é Deus! (cf. Sl 46, 11).

Simão Silva
(Colaborador da Sociedade Bíblica)

Sociedade Bíblica de Portugalv.4.24.4
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