Sociedade Bíblica de Portugal

66 – A cruz de Cristo – UMA REFEIÇÃO PARA RECORDAR

A CRUZ DE CRISTOA cruz é, seguramente, o símbolo mais reconhecido e reproduzido da história da humanidade. Não é apenas usado em contextos cristãos, tais como, igrejas e vitrais, ou Bíblias e livros de oração, mas, tornou-se, também, popular em contextos seculares, tais como, em jóias ou “amuletos” que se penduram no espelho dos carros. O que torna a cruz tão importante?Naturalmente, a principal razão é o facto de Jesus Cristo ter sido morto numa cruz. Este acontecimento único foi, literalmente, o cruzar do tempo com a eternidade. Foi na cruz que Jesus morreu pelos pecados do mundo, abrindo, assim, um caminho para que todas as pessoas possam ter um relacionamento com Deus para sempre.Mas, a popularidade da cruz tem, de certa forma, ofuscado o horror do seu uso original. No tempo em que Jesus esteve na terra, os Romanos usavam a crucificação como forma de punir criminosos ou humilhar inimigos do esta-do. De qualquer das formas, era uma forma macabra de execução pública. As vítimas eram, geralmente, primeiro chicoteadas e obrigadas a carregar a trave mestra até ao local da execução. Depois, eram pregadas à trave, e esta, era içada num poste. A morte era um processo lento e agonizante que, geralmente, ocorria devido à perda de sangue ou à sufocação. Um símbolo moderno que capta algum do horror da cruz é a cadeira eléctrica, apesar, de ninguém ter, ainda, considerado usá-la como peça de joalharia.Jesus sabia, perfeitamente, o que o esperava (Lucas 9:18-22). E, apesar da sua missão na terra ser, de facto, morrer na cruz, foi uma grande batalha (Marcos 14:32-42). Mas, cumpriu-a — primeiro, porque era a vontade do Pai e, segundo, porque era o único meio de saldar a dívida do pecado, de uma vez por todas. Sem a cruz não poderia haver salvação.Nunca foi intenção de Jesus que a cruz se transformasse numa tendência de moda. Para ele, ela era o símbolo do compromisso total dos seus seguidores: “E aquele que não quiser pegar na sua cruz e vir comigo, também não pode ser meu discípulo.” (Lucas 14:27) — disse Jesus. E, como verás, no resto do Novo Testamento, a Igreja primitiva compreendeu, perfeitamente, o seu significado (Filipenses 2:5-11; Gálatas 2:20; Romanos 6:5-11).As próximas cinco leituras vão levar-te ao coração do plano de salvação de Deus — a “grande história”, que temos vindo a seguir através de Bíblia.ORAÇÃOJesus, és o pão da vida (João 6:25-40). Por favor, enquanto passo tempo contigo hoje, satisfaz a minha fome de Deus.

Texto(s) bíblico

Planos para matar Jesus

1Estava já próxima a festa em que se comem os pães sem fermento, chamada a festa da Páscoa. 2Os chefes dos sacerdotes e os doutores da lei procuravam a maneira de matar Jesus, mas tinham medo do povo. 3Então Satanás entrou em Judas, que tinha o sobrenome de Iscariotes e que pertencia ao número dos doze apóstolos. 4Judas foi ter com os chefes dos sacerdotes e com os oficiais do templo e combinou com eles a maneira de lhes entregar Jesus. 5Eles ficaram muito contentes com isso e prometeram dar-lhe dinheiro. 6Judas concordou e começou a procurar a melhor ocasião de o entregar sem que o povo desse por isso.

Preparação da ceia da Páscoa

7Chegou o dia da festa dos Pães sem Fermento em que deviam matar-se os cordeiros para a Páscoa. 8Jesus mandou Pedro e João à cidade e recomendou-lhes: «Vão preparar o necessário para comermos a ceia da Páscoa.» 9Eles perguntaram-lhe: «Aonde queres que a vamos preparar?» 10Jesus respondeu: «Quando entrarem na cidade, hão de encontrar um homem com um cântaro de água. Vão atrás dele até à casa em que ele entrar. 11Uma vez lá, dirão ao dono da casa: “O Mestre manda perguntar: onde é que fica a sala para eu comer a ceia da Páscoa com os meus discípulos?” 12Ele há de mostrar-vos uma grande sala no andar de cima, com tudo o que é preciso. Preparem lá a nossa Páscoa.» 13Eles partiram, encontraram tudo como Jesus dissera e prepararam a ceia da Páscoa.

A última ceia

14Quando chegou a altura, Jesus sentou-se à mesa com os apóstolos 15e disse-lhes: «Desejei ardentemente comer convosco esta Páscoa antes de morrer. 16Pois afirmo-vos que não voltarei a comê-la até que ela receba o seu significado completo no reino de Deus 17Pegou então no cálice, deu graças a Deus e disse: «Tomem, repartam-no entre todos, 18pois digo-vos que, a partir de agora, não voltarei a beber vinho até que chegue o reino de Deus.» 19Depois pegou no pão, deu graças a Deus, partiu-o, deu-o aos discípulos: «Isto é o meu corpo entregue à morte para vosso benefício. Façam isto em memória de mim.» 20Do mesmo modo, depois da ceia, pegou no cálice e disse: «Este cálice é a nova aliança de Deus confirmada com o meu sangue, derramado para vosso benefício.»

21«Mas reparem que aquele que me vai trair está aqui comigo à mesa. 22Na realidade, o Filho do Homem vai seguir o caminho que lhe foi traçado por Deus, mas ai daquele homem que o vai trair!» 23Eles então começaram a perguntar uns aos outros qual deles é que iria fazer uma coisa daquelas.

Quem é o mais importante no reino de Deus

24Os discípulos tiveram uma discussão sobre qual deles seria o mais importante. 25Mas Jesus observou: «Os reis do mundo consideram-se senhores dos povos e os que têm poder passam por benfeitores públicos. 26Mas convosco não pode ser assim. Pelo contrário, aquele que for o maior proceda como se fosse o mais pequeno, e o que governar proceda como quem serve os outros. 27Qual será mais importante? O que está sentado à mesa a comer ou o que está a servir? Claro que é o que está sentado à mesa! Pois bem, aqui entre todos eu sou como aquele que serve.»

28E acrescentou: «Eu sempre vos tive comigo em todas as minhas aflições. 29Por isso ponho à vossa disposição um reino, como meu Pai o pôs à minha disposição, 30para que comam e bebam à minha mesa no meu reino e se sentem em tronos para julgarem as doze tribos de Israel.»

Jesus avisa Pedro

31«Simão! Simão!», disse ainda o Senhor, «olha que Satanás pediu para vos experimentar a todos, como quem passa o trigo por um crivo, 32mas eu roguei a Deus por ti para que a tua fé não falhe. E tu, quando voltares para mim, encoraja os teus irmãos 33Pedro respondeu: «Senhor, estou disposto a ir contigo até à prisão e até à morte.» 34«Olha, Pedro», avisou-o Jesus, «não cantará hoje o galo sem que me tenhas negado três vezes.»

Considerado como um criminoso

35E perguntou aos discípulos: «Quando vos mandei sem bolsa, nem saco, nem calçado, faltou-vos por acaso alguma coisa?» «Não!», responderam eles 36Jesus prosseguiu: «Pois agora, aquele que tiver bolsa, leve-a consigo, bem como o saco. E o que não tiver espada, venda a capa e compre uma. 37Afirmo-vos que irá cumprir-se em mim aquela frase da Escritura: Foi considerado como um criminoso. Realmente, tudo o que está escrito a meu respeito vai-se cumprir.» 38Eles então disseram-lhe: «Senhor, temos aqui duas espadas.» E Jesus: «É suficiente.»

Oração no Monte das Oliveiras

39Jesus saiu para o Monte das Oliveiras, como era seu costume. Os discípulos foram com ele. 40Quando lá chegou, disse-lhes: «Peçam a Deus para não caírem em tentação.» 41Afastou-se deles a uma curta distância e, pondo-se de joelhos, orava assim: 42«Pai, se for do teu agrado, livra-me deste cálice de amargura. No entanto, não se faça a minha vontade, mas sim a tua.» 43Nisto, apareceu-lhe um anjo do Céu que veio dar-lhe forças. 44Jesus estava muito angustiado e orava ainda com mais fervor, enquanto o suor lhe caía no chão, como grandes gotas de sangue.

45Depois da oração, levantou-se e foi ter com os discípulos, mas encontrou-os abatidos pela tristeza. 46«Estão a dormir? Levantem-se e orem, para não caírem em tentação», disse-lhes.

REFLEXÃO

Na pintura famosa intitulada O Sacramento da Última Ceia, o pintor Salva-dor Dali, retrata o cenáculo como uma cena imaculada, surreal, quase de outro mundo. Mas, quando lemos a passagem, cuidadosamente, vemos que a realidade foi bastante mais terrena: uma sala emprestada, um jantar cozinhado por ho-mens, muita discussão à volta da mesa e uma pessoa com um segredo obscuro.

Por que Jesus se terá dado ao trabalho de organizar este estranho serão? Por que não se escusou, simplesmente, de toda aquela discussão insignificante, para se ir deitar mais cedo? A resposta pode ser encontrada numa só palavra: “cumprimento” (22:16). Tudo o que a Lei e os sacrifícios tinham simbolizado, tudo o que os Profetas tinham predito, tudo o que lemos no Antigo Testamento, apontava para o que estava prestes a acontecer. Jesus estava ali para cumprir a missão que lhe fora dada pelo seu Pai — morrer na cruz pelos pecados do mundo.

Esta era a mensagem que ele queria tornar simbólica para os seus seguidores, com esta refeição. O pão ajuda-nos a lembrar o seu corpo (22:19), o facto de estar prestes a ser “despedaçado” pelo pecado. E o vinho ajuda-nos a lembrar o seu sangue (22:20), o facto, de estar prestes a fazer o derradeiro sacrifício, pelo perdão dos pecados. A isto Jesus chamou de “nova aliança”, isto é, um novo acordo entre Deus e as pessoas, que duraria para sempre.

No meio de tudo isto, Jesus destacou duas pessoas a quem daria uma atenção especial. Apesar de Judas estar a preparar uma traição, Jesus deu-lhe várias oportunidades para mudar de ideias (22:21-23; Mateus 26:20-25), as quais ele ignorou. E, quando Pedro falou com o seu modo fanfarrão habitual (22:33), Jesus pôs em ação a maior lição que Pedro haveria de receber na vida (22:34, 54-62; João 21:15-19). Durante esta refeição especial, apesar de Jesus ter o peso do mundo sobre os seus ombros (22:39-46), ainda se preocupou com pessoas individuais — incluindo tu e eu. Esta é a compaixão motivadora que o levou à cruz.

APLICAÇÃO

Em que pensas quando tomas a Ceia do Senhor /Comunhão na tua igreja? De que coisas te “recordas” acerca de Jesus?

ORAÇÃO

Senhor Jesus, jamais esquecerei o que fizeste por mim através do teu corpo e do teu sangue. Estou muito grato por poder ter um relacionamento novo e vivo contigo.

Sociedade Bíblica de Portugalv.4.18.12
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