Sociedade Bíblica de Portugal

Dia 32

Texto(s) bíblico

Ditos de Agur

1Ditos de Agur, filho de Jaqué, de Massá.

Oráculo deste homem para Itiel, para Itiel e Ucal.

2Sem dúvida, sou o mais estúpido dos homens;

não tenho a inteligência de um ser humano.

3Não adquiri sabedoria

e nada sei acerca do Deus santo.

4Quem já subiu ao céu e dele desceu?

Quem pode suster o vento com as mãos?

Quem envolve o mar com a sua capa?

Quem estabelece os limites da terra?

Qual é o seu nome e o nome do seu filho?

Responde, se é que sabes?

5Todas as promessas de Deus são dignas de confiança:

ele protege os que nele confiam.

6Nada acrescentes ao que ele disse,

se não, ele repreende-te e desmente essas mentiras.

Mais provérbios

7Peço-te duas coisas, meu Deus,

concede-mas antes de eu morrer.

8Afasta de mim a falsidade e a mentira

e não me faças rico nem pobre.

Dá-me apenas o necessário para viver;

9porque, na abundância, poderia renegar-te

e dizer que não te conheço;

na miséria, poderia roubar

e ofender assim o nome do meu Deus.

10Não calunies o escravo diante do seu senhor,

pois pode amaldiçoar-te e sofrerás o castigo.

11Há pessoas que maldizem o seu pai

e não dizem bem de sua mãe.

12Há pessoas que se julgam puras

e nem se limparam das suas imundícies.

13Há pessoas que se julgam importantes

e olham os outros com altivez.

14Há pessoas cujos dentes são espadas

e cujos maxilares são punhais,

para devorar os fracos no país

e os pobres entre o povo.

Provérbios numéricos

15A sanguessuga tem duas filhas,

que se chamam: «Dá-me! Dá-me!»

Há três coisas que nunca se fartam

e uma quarta, que nunca diz «Basta!»

16É o mundo dos mortos, a mulher estéril,

a terra, que não se farta de água,

e o fogo, que nunca diz «Basta!»

17Aquele que olha o pai com desprezo

e se recusa a obedecer à sua mãe

merece que os corvos lhe tirem os olhos

e as águias lhos devorem.

18Há três coisas que me ultrapassam

e mais uma quarta, que não compreendo:

19é o caminho da águia, no céu,

o caminho da cobra, na rocha,

o caminho do navio, no alto mar,

e o caminho do homem para a donzela.

20Tal é o caminho da mulher infiel;

com o à-vontade de quem come e lava a boca,

ela diz: «Não fiz nada de mal!»

21Há três coisas que alvoroçam a terra

e uma quarta que não se pode tolerar:

22é o escravo que se torna rei;

o insensato que tem comida de sobra;

23a mulher desprezada que se casa;

e a escrava que toma o lugar da sua senhora.

24Quatro são os seres mais pequenos da terra,

mas duma enorme sabedoria:

25as formigas, que são fracas,

mas durante o verão preparam as suas provisões;

26os coelhos, animais não muito fortes,

mas que sabem arranjar morada entre as rochas;

27os gafanhotos, que não têm rei,

mas andam em grupos ordenados;

28os lagartos, que se podem apanhar à mão,

mas que vão até aos palácios dos reis.

29Há três seres vivos, de andar elegante,

e um quarto, que anda com grande garbo:

30o leão, o mais corajoso dos animais,

que não recua diante de nada;

31o galo, muito senhor de si; o bode;

e o rei, à frente dos seus exércitos.

32Se achas que foste arrogante e estúpido,

e fizeste mal, pensa bem nisto:

33quem bate a nata do leite produz manteiga,

quem aperta o nariz fá-lo sangrar;

quem instiga a ira provoca contendas.

À medida que os anos passam vamos concluindo que sabemos muito pouco. E nada melhor do que encarar as nossas limitações com um misto de humor e humildade. Encarar com leveza, sem ser leviano, a própria ignorância é uma virtude. Admitir a pequenez pessoal perante o Criador é sinónimo de grandeza de espírito. Demos prova de sabedoria ao constatar que os feitos que alcançamos são pequeníssimas conquistas face à grandeza e ao poder de Deus. Com o decorrer do tempo apercebamo-nos da fragilidade das nossas certezas e passemos a confiar Naquele que tudo sabe. Confinemos, pois, o que pensamos, dizemos e fazemos ao Seu parecer, caso contrário corremos o risco de Ele nos desmentir. Aprendamos a pedir-Lhe o que realmente nos convém. E não, não se trata de bens, regalias, mordomias, destaque ou protagonismo. Apenas e tão somente que Ele nos ajude a andar longe da “falsidade e da mentira.” Aproximamo-nos da maturidade quando deixamos de nos preocupar em ter muito ou pouco e nos centramos no suficiente para viver, sem jamais nos afastarmos Dele. Crescemos por dentro à medida que fugimos dos mexericos, da altivez e da avareza. Permanece raquítico de alma quem vive para acumular e é incapaz de se doar até à família. Apreciemos a vida e as coisas simples que nos são proporcionadas a cada dia. Espantemo-nos e deliciemo-nos com os pequenos milagres que acontecem debaixo dos nossos olhos a todo o momento. Mais do que explicações elaboradas, encantemo-nos com os fascinantes caminhos “da águia no céu, da cobra na rocha, do navio no alto mar e do homem com uma donzela.” É claro que, por outro lado, há desequilíbrios que nos deixam perplexos, mas não nos conformemos e denunciemo-los. Atentemos para o exemplo que vem de pequenos seres para ganharmos coragem para dar a volta por cima. E quando determinado desafio nos parecer impossível de alcançar, basta lembrar que até uma insignificante lagartixa consegue passear num palácio. Sejamos arrojados, sem perder a elegância. E se aqui e acolá tivermos passado das marcas, agindo de forma “arrogante ou estúpida”, paremos de insistir no erro, façamos marcha atrás, peçamos desculpa e retomemos o trilho do bem.

Sociedade Bíblica de Portugalv.4.18.14
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