Dia 9

Repetir certas instruções está longe de ser disparatado, muito menos um erro. Não temamos ser fastidiosos sempre que o alvo for o bem-estar integral dos nossos filhos. Alertá-los para que tenham cautela com as abordagens astutas de galãs, nunca será demais. Ao longo dos séculos sempre foi recomendável encorajar os mais novos a fazerem da sabedoria e da prudência suas parentes chegadas; sendo que hoje não é de todo diferente. É mantendo o olho vivo que melhor se livram de gente leviana. Escamotear-lhes a realidade, pintando-lhes um mundo cor-de-rosa, é expô-los sem preparo à escuridão do mundo. Daí que o mais acertado seja insistir para que não caiam na esparrela dos caçadores de corações ingénuos. Aceder a convites insinuantes é meio caminho andado para se ficar, literalmente, em maus lençóis. E se alguns torcerem o nariz por descrevermos um cenário tão catastrófico, ilustremos com um ou outro caso real. Infelizmente já todos nos deparámos com casamentos arruinados por terem sido subestimadas as investidas de amantes de “sonho”. E essas aproximações maliciosas nem sequer foram sub-reptícias, pois a maioria das vezes são altamente descaradas e desavergonhadas. Pé atrás e coração blindado face a esses elementos “provocadores e agitadores”, que acenam com tudo o que têm. Usam o corpo com mestria e muitos deixam-se encantar por autênticas serpentes. Estas, com as suas línguas venenosas, esperam a melhor ocasião para a picada fatal. “Com tanta conversa, seduzem e convencem com palavras lisonjeiras” quem dá ouvidos às suas inebriantes cantigas. O que parece ser um mar de facilidades e um oceano de oportunidades, escoa rapidamente num esgoto moral. Cuidado, pois, com as paixões assolapadas que, mais do que partirem corações, escavacam lares de alto a baixo. Rejeitem-se aventureirismos pretensamente platónicos que viram pesadelos reais, fazendo “vítimas numerosas.” Escolha-se por chão o amor genuíno, que por sua vez está inteiramente assente em Deus.