Sociedade Bíblica de Portugal

11 – A história de José – CONFLITO FAMILIAR

A HISTÓRIA DE JOSÉAs próximas cinco leituras vão levar-nos à história de José. Como veremos, a Bíblia dá muito “tempo de antena” a José. E podemos, com alguma razão, perguntar: “Porquê?” O que tem este homem de tão importante que mereça ter catorze capítulos em Génesis, dedicados aos altos e baixos da sua vida?Por um lado, a história de José forma um elo importante entre os patriarcas (Abraão, Isaac e Jacob) e Moisés. A maioria das pessoas, conhece a história de Moisés e sabe como confrontou Faraó e lhe ordenou que deixasse o povo ir. Mas, é a história de José que nos mostra como, e por que razão, o povo de Israel acabou no Egito.Outro aspeto, acerca da vida de José é que esta demonstra, claramente, a soberania de Deus, isto é, o seu controlo total sobre todas as coisas. Não importa quão difícil a situação de José se torna, e sabemos que se torna bas-tante grave, Deus utiliza sempre essa circunstância para o bem (Génesis 50:20; Romanos 8:28). Esta é uma lembrança encorajadora, quando enfrentamos crises e problemas na nossa vida atual.Mas, talvez o aspeto mais significativo, ainda, da narrativa de José seja o facto de esta se tornar o capítulo seguinte da “grande história” da Bíblia: o plano de Deus para a salvação de todas as pessoas. Há alguns anos atrás, Deus disse a Abraão que a sua família se tornaria numa grande nação e seria uma bênção para o mundo inteiro. Mas, naquela altura, os descendentes de Abraão eram um grupo heterogéneo de viajantes nómadas, com um vasto historial de problemas familiares. Parecia que qualquer situação difícil que aconteces-se, como uma fome, seria suficiente para separar a família e acabar com a “grande história” de vez.Mas, Deus permitiu que José e os seus irmãos se metessem numa confusão, para poder demonstrar a sua disponibilidade e capacidade para libertar o povo que tinha escolhido. Na altura em que decorre esta parte da “grande história”, a libertação é da fome e da opressão (Génesis 45:4-7). Mais tarde, Deus haveria de realizar uma libertação muito maior: do pecado e da morte, através da obra do seu Filho, Jesus. Era esta a grande bênção que Deus tinha em mente desde o princípio, e é isto que torna a história deste homem tão importante.ORAÇÃOSenhor, aprecio muito a oportunidade de estar próximo de ti. Por favor, ajuda-me a compreender o que leio e o que queres que faça em resposta.

Texto(s) bíblico

Sonhos proféticos de José

1Jacob instalou-se na terra de Canaã, onde o seu pai tinha habitado algum tempo. 2A história de Jacob continua aqui.

José era um jovem de dezassete anos e guardava as ovelhas do seu pai, juntamente com os seus irmãos, filhos de Bilá e de Zilpa, que eram mulheres do seu pai. E ia contar ao pai o mau comportamento dos irmãos.

3Israel gostava mais de José do que de qualquer outro filho, por ter nascido quando ele já era mais velho, e ofereceu-lhe uma capa muito vistosa. 4Ao verem os seus irmãos que o pai gostava mais dele do que de qualquer um dos outros, começaram a detestá-lo e nem sequer o saudavam.

5Uma vez, José teve um sonho e foi contá-lo aos seus irmãos, e daí em diante ficaram a ter ainda mais inveja dele do que antes. 6José disse-lhes: «Ouçam lá o sonho que eu tive. 7Estávamos nós a atar os feixes no campo e, nisto, o meu feixe levantou-se e ficou de pé, enquanto os vossos feixes que estavam à sua volta se inclinavam diante dele.»

8Os irmãos replicaram: «Será que tu vais ser o nosso rei, para seres tu a mandar em nós?» E por causa dos sonhos e da explicação que ele deu, ainda mais o detestaram.

9José teve outro sonho e contou-o também aos seus irmãos. Disse-lhes ele: «Tive outro sonho. Era o Sol e a Lua e onze estrelas que se inclinavam diante de mim.» 10Quando contou este sonho ao seu pai e aos seus irmãos o pai repreendeu-o e disse-lhe: «Que sonho é esse que tu tiveste? Será que eu e a tua mãe temos de ir inclinar-nos até ao chão diante de ti?» 11Com isto, os seus irmãos tinham ainda mais inveja dele e o seu pai pensava com frequência naquele sonho.

José vendido pelos irmãos

12Um dia os irmãos de José tinham ido guardar o rebanho do seu pai para a região de Siquém, 13e Israel disse a José: «Os teus irmãos andam a guardar o rebanho em Siquém e eu queria que fosses ter com eles.» José respondeu: «Vou, sim!» 14Jacob continuou: «Vai ver como é que estão os teus irmãos e como vão os rebanhos e manda-me dizer alguma coisa.» Jacob estava no vale de Hebron quando enviou José. Mas ao chegar a Siquém, 15José perdeu-se do caminho. Alguém o encontrou às voltas pelo campo e lhe perguntou: «Que é que andas a procurar?» 16Ele respondeu: «Ando à procura dos meus irmãos; diz-me, por favor, onde é que eles andam a guardar o gado.» 17Aquele homem disse-lhe: «Foram-se embora daqui. Ouvi-os dizer que iam para Dotan.»

Então José dirigiu-se para Dotan à procura dos seus irmãos e encontrou-os em Dotan. 18Os irmãos viram-no quando vinha ainda longe e, antes de ele se aproximar, fizeram planos para o matar. 19Por isso, diziam uns para os outros: «Lá vem aquele sonhador. 20Aproveitemos agora! Matamo-lo e atiramo-lo a um poço dos que há por aí e depois dizemos que foi uma fera que o devorou. Veremos em que é que param os seus sonhos.»

21Rúben ouviu isto e quis evitar que eles o matassem. Por isso, disse-lhes: «Não o matemos!» 22E continuou: «Não lhe tirem a vida. Atirem-no para aquele poço que está no deserto, mas não lhe façam mal.» O que pretendia era livrá-lo das suas mãos, para o entregar ao pai.

23Quando José chegou junto dos irmãos; eles tiraram-lhe aquela capa vistosa que trazia, 24agarraram-no e atiraram-no para um poço que estava seco e sem água nenhuma.

25Depois sentaram-se a comer e repararam que uma caravana de ismaelitas vinha ao longe, dos lados de Guilead. Nos seus camelos transportavam resinas, bálsamos e unguentos e iam a caminho do Egito. 26Judá disse então aos irmãos: «Que proveito temos nós em matar o nosso irmão e depois ocultar a sua morte? 27Vamos mas é vendê-lo àqueles ismaelitas. Não lhe façamos mal, porque afinal é nosso irmão e é do nosso sangue.» E os irmãos concordaram.

28Quando aqueles comerciantes ismaelitas de Madiã chegaram ali, os irmãos tiraram José para fora do poço e venderam-no aos ismaelitas por vinte moedas de prata. Estes levaram José para o Egito.

29Quando Rúben voltou de novo ao poço e viu que José já lá não estava, rasgou as roupas em sinal de tristeza, 30voltou para junto dos seus irmãos e disse-lhes: «O rapaz já cá não está! Que vou eu fazer agora?»

31Então os irmãos pegaram na capa de José, mataram um cabrito, mancharam-na com o sangue desse cabrito 32e enviaram-na ao pai com este recado: «Encontrámos isto. Vê lá se é ou não a capa do teu filho.» 33Jacob reconheceu-a e exclamou: «É realmente a capa do meu filho. Foi uma fera que destroçou e devorou José.»

34Jacob rasgou as suas roupas, cobriu-se de tecido grosseiro em sinal de tristeza e guardou o luto durante muito tempo pelo filho. 35Todos os seus filhos e filhas tentaram confortá-lo, mas ele recusava esse conforto e repetia: «Quero continuar de luto até descer ao sepulcro para ir ter com o meu filho.» E assim continuava a chorar pelo filho. 36No Egito os madianitas venderam José a Potifar, que era um alto funcionário e chefe da guarda do faraó.

REFLEXÃO

Não é preciso ser um génio para perceber por que motivo esta família tinha problemas. Como na maioria das rivalidades entre irmãos, raramente, a culpa é somente de um. Quando as coisas correm mal, temos tendência para nos lembrarmos de uma grande discussão, mas, geralmente, esquecemos que até a tensão chegar a esse ponto de ebulição, levou o seu tempo a crescer. Vejamos o que levou as coisas a aquecer na família de José.

Favoritismo José, provavelmente, era uma criança dotada. Mas, isso não era razão para que o pai o favorecesse em relação aos irmãos, dando-lhe um presente (37:3). Ao fazê-lo, Jacob abriu a porta a muita amargura. Uma das coisas mais destrutivas na família é a utilização do “amor” como ferramenta de manipulação ou de controlo.

Arrogância José sabia, seguramente, que ninguém gosta de “queixinhas”, muito menos, os irmãos mais velhos (37:2). Mas, parece não se importar com isso. Chega, até, a usar as suas experiências espirituais para provocar os irmãos (37:5-9). Deus deu dons espirituais a cada um de nós, mas, para serem usados eficazmente, têm de ser combinados com humildade.

Ciúmes O que mais incomodava os irmãos, era quererem o que José tinha — a bênção do seu pai (37:11). Imaginem como as coisas poderiam ter sido diferentes, se Jacob tivesse convocado uma reunião familiar para dizer: “Eu amo a cada um de vocês.” Será que existem pessoas na tua família que precisam de saber que tu as amas?

Ódio Esta passagem diz três vezes, que os irmãos odiavam José (37:4, 5, 8). Se não resolvermos os nossos sentimentos de raiva, eles vão destruir-nos de dentro para fora. É muito melhor seguir o exemplo de Jesus (Mateus 5:43-48, Mateus 18:15-17) e lidar atempadamente com as pequenas ofensas, antes que as feridas infetem e se transformem em ódio puro.

APLICAÇÃO

Quais são as causas de conflito e tensão na tua família? Como podes expressar amor genuíno àqueles que mais precisam?

ORAÇÃO

Pai, estou tão grato por me amares. Ajuda-me a amar, verdadeiramente, as pessoas à minha volta, especialmente, as da minha família.

Sociedade Bíblica de Portugalv.4.17.10
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