Sociedade Bíblica de Portugal

10 – Abraão, Isaac e Jacob – VERDADEIRA RECONCILIAÇÃO

ORAÇÃOSenhor, obrigado por me aceitares. Eu amo-te e louvo-te neste dia. Quero aprender tudo o que tens para me ensinar.

Texto(s) bíblico

Jacob prepara o encontro com Esaú

1No dia seguinte, de manhã, Labão levantou-se deu um beijo às suas filhas e netos, abençoou-os e voltou para a sua terra. 2Entretanto Jacob continuava a sua viagem, e foram ao seu encontro uns mensageiros de Deus. 3Ao vê-los, Jacob exclamou: «São do exército de Deus!» Por isso, deu àquele lugar o nome de Manaim.

4Jacob enviou mensageiros a Esaú, que estava em Seir, na região de Edom. 5E mandou-os levar a Esaú a seguinte mensagem: «Eu sou Jacob, teu servo obediente. Vivi em casa de Labão todos estes anos. 6Consegui adquirir bois, burros e ovelhas, escravos e escravas. Quero avisar o meu senhor da minha chegada, esperando que me receba com benevolência.»

7Os mensageiros voltaram de novo para junto de Jacob e disseram-lhe: «Fomos ter com o teu irmão, Esaú. Ele vai aí ao teu encontro, acompanhado por quatrocentos dos seus homens.»

8Jacob ficou cheio de medo e muito preocupado. Depois dividiu as pessoas que estavam com ele, bem como as ovelhas, bois e camelos em dois grupos, 9pois tinha pensado assim: «Se Esaú atacar um dos grupos, o outro pode escapar.» 10Jacob dirigiu a Deus esta oração: «Ó Senhor, Deus do meu antepassado Abraão e do meu pai Isaac, tu disseste-me: “Volta para a tua terra, onde nasceste, que eu farei com que tudo te corra bem.” 11Eu sei que não mereço toda a bondade e lealdade com que tens tratado este teu servo. Quando atravessei o rio Jordão não trazia comigo senão um pau e agora já possuo dois acampamentos. 12Por favor, livra-me das mãos do meu irmão, Esaú. Tenho muito medo que ele venha e nos mate a todos, incluindo mulheres e crianças. 13Ora tu disseste que havias de fazer com que tudo me corresse bem e que os meus descendentes fossem tão numerosos como as areias da praia, que ninguém pode contar.»

14Jacob dormiu ali naquela noite e, daquilo que tinha à mão, preparou ofertas para mandar ao seu irmão, Esaú. 15Escolheu duzentas cabras, vinte bodes, duzentas ovelhas e vinte carneiros, 16trinta camelas, que andavam a amamentar, com as suas crias, quarenta vacas e dez bois, vinte burras e dez burros. 17Entregou cada um destes rebanhos a um dos seus servos e disse-lhes: «Vão à minha frente e conservem sempre um espaço entre cada um dos rebanhos.» 18Ao que ia à frente recomendou o seguinte: «Quando o meu irmão Esaú chegar ao pé de ti e te perguntar quem é o teu amo, para onde é que vais e para quem são os animais que levas contigo, 19diz-lhe: “São de Jacob, teu servo. E são um presente que ele envia para Esaú, seu senhor. Ele próprio vem aí mais atrás.” 20Ao segundo e ao terceiro e a todos os que iam a conduzir cada um dos rebanhos ordenou também: “Digam também a mesma coisa a Esaú, quando o encontrarem. 21E insistam em que Jacob, seu servo, vem um pouco mais atrás.”» Jacob pensava assim: «Se eu mandar à minha frente os presentes para acalmar a sua irritação, quando eu próprio me encontrar com ele talvez ele me faça bom acolhimento.» 22Os animais mandados de presente foram avançando à sua frente, enquanto Jacob passou mais uma noite no acampamento.

A luta de Jacob em Penuel

23Durante essa noite, Jacob levantou-se para atravessar a ribeira de Jaboc, levando consigo as suas duas mulheres, as duas escravas e os seus onze filhos. 24E mandou-lhes que atravessassem para o outro lado da ribeira com tudo o que lhe pertencia. 25Jacob ficou para trás sozinho e um desconhecido pôs-se a lutar com ele até de madrugada. 26Ao ver que não conseguia levar a melhor sobre Jacob, o tal desconhecido feriu-o na coxa e Jacob teve de continuar a lutar com a coxa deslocada.

27Já de manhã o homem disse a Jacob: «Deixa-me ir embora, que já é de manhã.» E Jacob respondeu: «Não te deixo ir embora sem primeiro me abençoares.» 28O outro perguntou-lhe: «Como te chamas?» Jacob respondeu: «Chamo-me Jacob.» 29E o homem continuou: «Desde agora em diante, o teu nome não será Jacob, mas sim Israel, porque lutaste contra Deus e contra os homens e saíste vencedor

30Jacob perguntou-lhe: «E tu, por favor, como é que te chamas?» Ele respondeu: «Que interesse tens tu em saber qual é o meu nome?» E abençoou-o.

31Jacob deu àquele lugar o nome de Penuel e exclamou: «De facto, vi a Deus face a face e consegui escapar vivo

32Quando estava a sair de Penuel, nasceu o Sol. E Jacob ia a coxear daquela perna. 33Por isso, até hoje os israelitas não costumam comer o nervo que faz a ligação da coxa, porque foi exatamente nesse nervo que Jacob foi ferido.

Encontro de Jacob e Esaú

1Quando Jacob levantou os olhos e viu que Esaú estava a aproximar-se com outros quatrocentos homens, repartiu os seus filhos por Lia, Raquel e pelas duas escravas. 2Pôs à frente as escravas com os respetivos filhos, depois Lia com os filhos e finalmente Raquel com José. 3Jacob avançou à frente deles e, antes de chegar junto do seu irmão, inclinou-se até ao chão sete vezes.

4Esaú correu ao seu encontro e, atirando-se-lhe ao pescoço, abraçou-o e beijou-o e ambos choravam de alegria. 5Depois reparou nas mulheres e nas crianças e perguntou: «Quem são estes?» Jacob respondeu: «São os filhos que Deus concedeu a este teu servo.» 6Então as escravas de Jacob aproximaram-se com os filhos e inclinaram-se. 7Lia e os seus filhos inclinaram-se também e por fim aproximou-se José com Raquel e ambos se inclinaram.

8Esaú perguntou ainda: «Que é que pretendes com as manadas de gado que encontrei pelo caminho?» Jacob respondeu: «Era para ver se era bem recebido por ti, meu senhor.» 9Esaú retorquiu: «Eu tenho bastante para mim, meu irmão; fica com aquilo que é teu.» 10Mas Jacob replicou: «Não! Se me queres fazer um favor, aceita esta oferta que faço, pois voltar a ver o teu rosto foi como poder contemplar o rosto de Deus, ainda mais tendo-me tu feito tão bom acolhimento. 11Aceita, portanto, essa oferta que te foi apresentada, pois Deus dignou-se abençoar-me com muitas riquezas e nada me falta.» Jacob insistiu bastante e Esaú aceitou.

12Esaú disse: «Agora podemos pôr-nos os dois a caminho. Eu quero ir contigo.» 13Jacob respondeu: «O meu senhor sabe muito bem que as crianças são fracas e que tenho de pensar nas ovelhas e vacas que têm as suas crias. Se as vamos fazer andar muito depressa, ainda que seja um só dia, morre-me o gado todo. 14É preferível que o meu senhor vá à frente deste seu servo. Eu irei mais devagar, ao passo da caravana que tenho na frente e ao passo das crianças. Mas irei ter com o meu senhor em Seir.»

15Esaú respondeu: «Deixa-me ao menos pôr à tua disposição alguns dos meus homens.» E Jacob replicou: «Mas para quê, meu senhor! Basta-me ter sido bem recebido.» 16E então Esaú pôs-se a caminho, de regresso a Seir. 17E Jacob foi para Sucot, onde arranjou para si uma habitação e onde preparou abrigos para os animais. Por isso, aquele lugar ficou com o nome de Sucot.

18Já no fim da viagem de regresso da Mesopotâmia, Jacob chegou são e salvo à cidade de Siquém, na terra de Canaã, e acampou em frente da cidade. 19Comprou o terreno onde tinha colocado a sua tenda aos descendentes de Hamor, pai de Siquém, por cem moedas, 20e ali construiu um altar, dedicando-o ao Deus de Israel.

REFLEXÃO

Por vezes, a culpa faz com que as pessoas façam coisas erradas — como mentir ou encobrir a verdade com outro crime. Mas, aqui vemos um exemplo de como a culpa pode motivar alguém a fazer algo de bom. Jacob tinha, obviamente, uma consciência pesada. Há alguns anos atrás, tinha enganado o seu irmão Esaú, roubado o seu direito de primogenitura e a sua bênção. Agora, porém, o seu sentimento de culpa leva-o a querer reconciliar-se com o seu irmão.

Mas, será que era isso mesmo o que Jacob queria? Provavelmente, não! Ao procurar acertar contas com o irmão e lisonjeá-lo, Jacob desejava, acima de tudo, salvar a pele (32:13-21). Até a sua vida de oração estava manchada pela culpa (32:11). A verdadeira reconciliação envolve, primeiro, uma mudança de coração e, depois, uma mudança nas atitudes. Por vezes, leva muito tempo até que Deus mude os nos-sos corações, principalmente, porque é muito difícil admitirmos o nosso pecado. Mas, enquanto não o fizermos, vamos estar a substituír a racionalização pela verdadeira reconciliação, e permanecemos encurralados pela culpa e pelo pecado.

Ironicamente, é Esaú quem demonstra verdadeira reconciliação. Há alguns anos atrás, era um homem impelido pelo desejo de vingança. Agora, é um homem satisfeito (33:9), não guarda rancor e está, genuinamente, disposto a abraçar o seu irmão nervoso. Esaú é um exemplo do Antigo Testamento; do pai amoroso de quem Jesus falaria muitos anos mais tarde, numa parábola (Lucas 15:11-32). A verdade é que Deus pode restaurar relacionamentos, por mais destruídos que estejam, mas, temos de deixar que ele o faça à sua maneira; temos de estar dispostos a mudar.

Por vezes, a vida pode fazer-nos sentir tão culpados, amargos ou zangados que a única coisa que pode mudar os nossos corações, é uma experiência genuína com Deus. Foi isso que aconteceu com Jacob (32:22-32). Se existem relacionamentos e situações difíceis na tua vida, talvez tenhas de deixar de pedir a Deus que mude as circunstâncias. Em vez disso, pede-lhe que te ajude a compreender e a aceitar o modo como ele está a usar essas circunstâncias para te mudar.

APLICAÇÃO

Pensa num relacionamento teu que esteja sob tensão ou que brado. O que pode Deus estar a tentar ensinar-te através disso? O que podes mudar de forma a melhorar a situação.

ORAÇÃO

Pai Celestial, acolheste-me de braços abertos. Por favor, ajuda-me a mostrar o teu amor incondicional, mesmo, àqueles que me deixam frustrado e irritado.

Sociedade Bíblica de Portugalv.4.18.12
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