Sociedade Bíblica de Portugal

34 – A ascensão de Israel – O PRIMEIRO IMPULSO

ORAÇÃODeus, como maravilhoso é estar contigo. Quero pôr de parte to-das as distrações da minha mente e do meu coração, para que me possa focar naquilo que me queres dizer hoje.

Texto(s) bíblico

7Informaram Saul que David tinha entrado em Queila, e ele pensou: «Foi Deus que pôs David nas minhas mãos, porque se veio meter numa cidade fechada com muralhas e portas.»

8Saul mandou então convocar todo o exército para combater a cidade de Queila e cercar David e os seus homens. 9Quando David soube que Saul se preparava para o atacar, pediu ao sacerdote Abiatar que lhe trouxesse a insígnia de oráculo de consultar o Senhor. 10Disse David: «Senhor, Deus de Israel, o teu servo ouviu dizer que Saul quer entrar em Queila para destruir a cidade, por minha causa. 11Será que os habitantes da cidade me entregarão nas suas mãos? Virá, de facto, Saul, prender-me como ouvi dizer? Senhor, Deus de Israel, revela isto ao teu servo!» E o Senhor respondeu: «Sim, ele virá!» 12Depois David perguntou: «Será que os habitantes de Queila me irão entregar a mim e aos meus homens nas mãos de Saul?» O Senhor respondeu: «Sim, irão entregar!» 13Então David e os seus homens, que eram à volta de seiscentos, saíram de Queila e andaram a vaguear sem destino. Quando Saul soube que David tinha fugido de Queila deixou de persegui-lo.

David no deserto

14David ficou a viver no deserto de Zif nuns refúgios naturais que havia na montanha. Saul bem o procurava todos os dias, mas Deus não permitiu que ele caísse nas suas mãos. 15David bem sabia que Saul o procurava para o matar. Por isso, ficou em Horcha, no deserto de Zif.

16Um dia, Jónatas, filho de Saul, foi visitar David a Horcha, para o encorajar em nome de Deus. 17E disse-lhe: «Não tenhas medo porque Saul, meu pai, não poderá encontrar-te. Tu é que hás de ser o rei de Israel e eu serei o segundo no teu reino. Até o meu pai sabe disto.» 18E os dois fizeram um pacto, tomando o Senhor como testemunha. Depois Jónatas foi para sua casa e David continuou a viver em Horcha.

19Mas os habitantes de Zif foram ter com Saul a Guibeá e disseram-lhe: «David está escondido no nosso território, nos refúgios naturais de Horcha, situados no monte Haquilá, a sul do deserto. 20Portanto, quando tu, ó rei, quiseres apanhá-lo, é só dizeres, que nós o entregaremos nas tuas mãos.» 21Saul respondeu-lhes: «Que o Senhor vos abençoe por se terem lembrado de mim! 22Vão, informem-se bem sobre o lugar onde ele se encontra ou se alguém o viu, porque me disseram que ele é muito astuto. 23Observem bem todos os seus esconderijos, e tragam-me notícias seguras, para depois eu ir convosco. Se de facto ele estiver nesse território, irei procurá-lo no meio de todo o povo de Judá, para o apanhar.»

24Os habitantes de Zif despediram-se e regressaram à sua terra, enquanto David e os seus homens permaneciam no deserto de Maon, na planície situada a sul do deserto. 25Saul e os seus soldados partiram depois em busca de David. Mas houve quem avisasse David do que estava a acontecer, e então ele foi para o rochedo que se encontra no deserto de Maon. Saul, por sua vez, soube disso e foi lá persegui-lo.

26Marchava Saul por um flanco da montanha, enquanto David com os seus homens seguia por outro, caminhando a toda a pressa, para escapar das mãos de Saul. Saul e os seus soldados estavam quase a apanhar David, cercando-o a ele e aos seus homens. 27Nisto chegou um mensageiro a dizer a Saul: «Vem depressa, porque os filisteus estão a invadir o país.» 28Dessa forma, Saul deixou de perseguir David para ir combater os filisteus. É por isso que aquele lugar ficou a ser conhecido como «Rochedo da Separação».

David poupa a vida de Saul

1David saiu dali e foi viver nos refúgios naturais de En-Guédi. 2Mas quando Saul voltou da guerra contra os filisteus, foram-lhe dizer que David se encontrava no deserto de En-Guédi. 3Então Saul escolheu três mil homens do exército de Israel e foi procurar David e os seus companheiros nos penhascos escarpados.

4Chegou junto de uns currais de ovelhas, onde havia uma gruta, e Saul foi lá para fazer as suas necessidades. Ora aconteceu que era mesmo no fundo daquela gruta que estavam escondidos David e os seus homens. 5E estes disseram a David: «É este o dia em que se cumpre o que o Senhor te disse, que poria nas tuas mãos o teu inimigo e o tratarias como quisesses.» David levantou-se e cortou furtivamente a ponta da capa de Saul. 6Mas logo a seguir ficou com remorsos por ter feito aquilo. 7E disse aos seus companheiros: «O Senhor me livre de cometer semelhante crime, contra o meu rei, o escolhido do Senhor. Não levantarei a mão contra ele pois ele é o escolhido do Senhor8Com semelhantes palavras David conteve o ímpeto dos seus companheiros e não deixou que agredissem Saul, que pôde sair da gruta e seguir o seu caminho.

9David saiu também atrás de Saul e gritou-lhe: «Ó rei, meu senhor!» Saul olhou para trás e David, inclinando-se até ao chão, em sinal de respeito, 10disse-lhe: «Por que é que o meu senhor presta atenção a quem lhe anda a dizer que David lhe quer fazer mal? 11O meu senhor pode reconhecer agora mesmo, que o Senhor o pôs ao alcance das minhas mãos, na gruta. Pediram-me para o matar, mas tive compaixão. Eu nunca levantarei a minha mão contra o meu rei, pois é meu senhor, o escolhido do Senhor. 12Veja bem, meu senhor, como eu tenho um pedaço de pano da sua capa. Cortei-o, mas não quis matar o rei. Fique, pois, a saber que não há em mim nem maldade nem revolta contra o rei. Nunca pequei contra o meu senhor. O rei é que tenciona tirar-me a vida. 13Que o Senhor julgue entre nós dois e me defenda. Quanto a mim, nunca levantarei a minha mão contra o rei. 14Como diz o antigo ditado popular, “o mal vem dos maus”; por isso nunca levantarei a mão contra o meu rei. 15Atrás de quem é que saiu o rei de Israel a combater? A quem é que ele persegue? A mim, que sou como um cão morto ou como uma pulga?! 16Por isso, que o Senhor decida e julgue entre nós os dois. Que ele examine a minha causa e me defenda das tuas mãos.»

17Logo que David acabou de falar, Saul exclamou: «És realmente tu, David, meu filho, quem me falas?» Saul começou a chorar 18e disse-lhe: «De facto tu és mais justo do que eu, pois fizeste-me bem em troca do mal que te fiz. 19Provaste hoje a tua bondade para comigo, pois o Senhor colocou-me nas tuas mãos e não me mataste. 20Não há ninguém que, ao encontrar o seu inimigo, o deixe ir são e salvo. Que o Senhor te recompense pelo que me fizeste hoje. 21Agora compreendo que tu serás o rei, e que o reino de Israel há de ser glorioso contigo. 22Jura-me, pois, pelo Senhor, que não acabarás o meu nome, que não exterminarás a minha descendência.»

1 Samuel 23:7-24:22BPTAbrir na App Bíblia para todos

REFLEXÃO

Para mim, Saul sempre foi uma das figuras mais trágicas da Bíblia. Começou tão bem: talentoso, humilde, escolhido por Deus e cheio do Espírito. Um sucesso potencial infalível. Mas, na leitura de hoje, Saul tornou-se invejoso, paranóico e pecaminoso. Ele sabia que os seus dias estavam contados (23:17). O que aconteceu? Apesar das suas características positivas, Saul tinha o impulso de fazer as coisas à sua maneira, em vez, da de Deus (13:1-15; 15:11). Esta é uma boa definição de peca-do. Com o decorrer do tempo, esse impulso perverteu os seus relacionamentos (23:21-23), arruinou a sua capacidade de decisão (capítulo 28) e levou-o à destruição (capítulo 31). Será que o teu impulso é obedecer a Deus em cada situação? Vale a pena investir algum tempo em oração e reflexão sobre este assunto, para que estejas preparado, quando chegar o momento da verdade. Imagina como as coisas teriam sido diferentes se Saul se tivesse arrependido e re-comprometido a obedecer a Deus. Não importa o que tenhamos feito, não importa o quanto tenhamos desobedecido a Deus, ele está sempre disposto a dar-nos um novo começo (1 João 1:9). Esta é a essência das Boas Novas. Contrariamente, o primeiro impulso de David foi confiar em Deus em todas as situações da sua vida. Mesmo, quando tinha todo o direito de matar Saul, em autodefesa, David retraiu-se, preferindo deixar que Deus fizesse as coisas à sua maneira (24:12). Já foste tratado injustamente, traído ou enganado por alguém próximo? Ripostar e dar-lhes um pouco do seu próprio veneno, raramente, aju-da. É bastante melhor orar: “Senhor, isto não é justo e eu estou muito zangado, mas estou determinado a fazer escolhas que te agradem.” Vais ficar admirado, com a forma como Deus pode usar a confiança honesta nele, para mudar a mais difícil das situações (24:16-21).

APLICAÇÃO

Pensa em algumas situações em que foste tentado. Qual foi o teu primeiro impulso? Pensa numa situação em que vais ter de ser corajoso e confiar em Deus. O que vai isso exigir de ti?

ORAÇÃO

Senhor Deus, quero que o meu primeiro impulso seja a disponibilidade para te obedecer. Não sou capaz de o fazer sozinho, por isso, te peço que me enchas do teu Espírito, agora e sempre.

Sociedade Bíblica de Portugalv.4.18.12
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