Sociedade Bíblica de Portugal

39 – A queda de Israel – CONFRONTO

ORAÇÃOSenhor, existem muitas vozes a competir pela minha atenção neste momento. Mas a voz que mais quero ouvir é a tua.

Texto(s) bíblico

Reinado de Acab em Israel

29No trigésimo oitavo ano do reinado de Asa, rei de Judá, Acab, filho de Omeri, tornou-se rei em Israel. Reinou vinte e dois anos, em Samaria. 30Acab, porém, pecou contra o Senhor, mais do que os seus antecessores. 31Não se contentou em pecar como o rei Jeroboão; foi mais longe e casou com Jezabel, filha de Etbaal, rei de Sídon, acabando por prestar culto a Baal. 32Acab construiu um templo a Baal em Samaria, fez um altar para os sacrifícios 33e um monumento à deusa Achera. Por todas as suas ações, Acab irritou o Senhor, Deus de Israel, mais do que qualquer outro dos reis de Israel que o precederam.

34Durante o reinado de Acab, Hiel de Betel reconstruiu a cidade de Jericó. Tal como o Senhor anunciara pela voz de Josué, filho de Nun, Hiel perdeu o seu filho mais velho, chamado Abiram, ao lançar os alicerces, e perdeu o seu filho mais novo, chamado Segub, quando construiu as portas.

Elias anuncia uma seca

1O profeta Elias, que era de Tisbé, da região de Guilead, disse ao rei Acab: «Juro pelo Senhor, Deus de Israel, a quem sirvo, que não haverá nos próximos anos nem orvalho, nem chuva, senão quando eu lhe pedir.»

2O Senhor disse depois a Elias: 3«Sai deste lugar, vai para oriente e esconde-te perto do ribeiro de Querit, que fica a oriente do rio Jordão. 4Bebe da água do ribeiro e eu ordenarei aos corvos que te levem de comer.»

5Elias fez como o Senhor lhe tinha ordenado e foi instalar-se perto do ribeiro de Querit. 6Os corvos levavam-lhe pão e carne de manhã e à tarde e a água bebia-a do ribeiro. 7Alguns dias depois, o ribeiro secou, porque não chovia no país.

Elias e a viúva de Sarepta

8Então o Senhor disse a Elias: 9«Vai para a cidade de Sarepta, perto de Sídon, e fixa-te aí. Já dei ordens a uma viúva de lá, para te dar de comer.» 10Elias pôs-se então ao caminho em direção a Sarepta. Ao chegar às portas da cidade, viu uma viúva que apanhava lenha. Chamou-a e disse-lhe: «Por favor, traz-me um pouco de água para beber.» 11Ela ia buscá-la, mas ele chamou-a e disse: «Traz-me também um bocado de pão.» 12Mas ela respondeu: «Juro-te pelo Senhor, teu Deus, que não tenho pão cozido; tenho apenas um punhado de farinha numa panela e um pouco de azeite numa almotolia. Vim aqui apanhar dois cavacos para levar para casa e preparar o pouco que tenho para o meu filho e para mim. Será a nossa última refeição; depois morreremos de fome.»

13Mas Elias respondeu-lhe: «Não tenhas medo! Vai lá fazer o que disseste; mas, primeiro faz um pãozinho e traz-mo; depois, preparas o resto para ti e para o teu filho. 14Porque o Senhor, Deus de Israel, declara o seguinte: “Não se acabará a farinha na panela, nem o azeite na almotolia, até ao dia em que eu, o Senhor, enviar chuva a este país.”»

15A viúva foi fazer como Elias lhe tinha dito e tanto ela e o filho como o profeta tiveram o necessário para comer por muito tempo. 16A farinha não se acabou na panela, nem o azeite na almotolia, tal como o Senhor tinha dito por meio de Elias.

17Algum tempo depois, adoeceu o filho da viúva e a doença agravou-se tanto que ele acabou por morrer. 18A mãe disse então a Elias: «Que te fiz eu, profeta de Deus? Vieste à minha casa para me lembrares os meus pecados e para matares o meu filho?» 19Elias respondeu-lhe: «Dá-me cá o teu filho!» Tirou-lhe o filho dos braços, levou-o para o seu quarto, no andar de cima, e deitou-o na sua cama. 20Depois orou ao Senhor em voz alta: «Senhor, meu Deus, esta viúva acolheu-me em sua casa. Queres torná-la realmente infeliz matando-lhe o filho?» 21Em seguida estendeu-se três vezes sobre o menino e orou de novo ao Senhor: «Senhor, meu Deus, suplico-te que restituas a vida a esta criança!»

22O Senhor atendeu a oração de Elias; restituiu a vida à criança, e esta começou a respirar. 23Elias pegou na criança, levou-a para baixo, entregou-a à sua mãe e disse: «Olha! O teu filho está vivo!» 24E a mulher respondeu: «Agora reconheço que és um profeta e que aquilo que tu dizes em nome do Senhor é verdadeiro.»

Elias anuncia o fim da seca

1O tempo passou. No terceiro ano da seca, o Senhor falou a Elias e disse-lhe: «Vai apresentar-te ao rei Acab, porque eu vou enviar chuva sobre esta terra.» 2Elias partiu e foi apresentar-se a Acab.

A fome que havia em Samaria era tremenda. 3Acab mandou chamar Obadias, intendente do seu palácio. Este Obadias era um homem muito religioso. 4Quando Jezabel começou a matar os profetas do Senhor, Obadias salvou cem profetas, escondendo-os em duas cavernas, cinquenta em cada uma, e fornecendo-lhes pão e água. 5Acab disse a Obadias: «Anda, vamos percorrer o país e visitar todas as nascentes e todos os ribeiros. Talvez encontremos erva para mantermos vivos os cavalos e as mulas e assim não teremos de ir abatendo parte dos animais.»

6Eles combinaram que regiões do país cada um deveria percorrer, e assim cada um seguiu um caminho diferente. 7Quando Obadias seguia o seu caminho, saiu-lhe Elias ao encontro. Obadias reconheceu-o, inclinou-se até ao chão e disse: «Meu senhor, és tu Elias?» 8E ele respondeu: «Sou, sim! Vai dizer ao teu amo que eu estou cá.» 9Mas Obadias replicou-lhe: «Que mal fiz eu para que faças este teu servo correr o risco de ser morto por Acab? 10Juro pelo Senhor, teu Deus, que o rei te tem procurado em todos os países do mundo. Quando os enviados respondiam que tu não estavas lá, ele obrigava-os a jurar que não tinham conseguido encontrar-te. 11E agora queres que eu lhe vá dizer que tu estás aqui? 12Poderia acontecer que, quando eu me afastasse de ti, o Espírito do Senhor te levasse para outro lado. E se eu dissesse a Acab que tu estavas aqui, e depois ele não conseguisse encontrar-te, mandava-me matar! Lembra-te que eu tenho sido um fiel temente ao Senhor desde rapaz. 13Não ouviste dizer que, quando Jezabel começou a matar os profetas do Senhor, eu escondi uma centena deles em caves, em dois grupos de cinquenta, e lhes forneci pão e água? 14Agora, queres que eu lhe vá dizer que tu estás aqui! Ele vai matar-me!»

15Elias respondeu-lhe: «Prometo-te, pelo Senhor todo-poderoso, a quem sirvo, que hoje mesmo me apresentarei diante de Acab.»

Elias apresenta-se diante de Acab

16Obadias foi encontrar-se com Acab e informou-o. Acab foi procurar Elias 17e quando o viu disse-lhe: «És tu quem anda a transtornar Israel?» 18Elias respondeu: «Não sou eu quem transtorna, mas sim tu e a família do teu pai, desobedecendo às ordens do Senhor e adorando ídolos de Baal. 19Agora, convoca todo o povo de Israel para se encontrar comigo, no monte Carmelo. Traz também os quatrocentos e cinquenta profetas de Baal e os quatrocentos profetas da deusa Achera, que são alimentados pela rainha Jezabel.»

Elias e os profetas de Baal no Carmelo

20Acab mandou convocar todas as tribos de Israel, bem como os profetas, no monte Carmelo. Quando estavam todos reunidos, 21Elias chegou-se junto de todo o povo e disse: «Até quando irão continuar com este jogo duplo? Se o Senhor é o verdadeiro Deus, então prestem-lhe culto! Mas se é Baal, então prestem culto a Baal!» Ninguém de entre o povo respondeu 22e Elias prosseguiu: «Eu sou o único que ficou dos profetas do Senhor, enquanto os profetas de Baal são quatrocentos e cinquenta. 23Pois bem, tragam-nos dois bezerros: os profetas de Baal que escolham um, que o matem e o cortem em pedaços e que o ponham em cima da lenha, mas não lhe deitem fogo. Eu farei o mesmo com o outro bezerro. 24Depois os profetas de Baal que orem ao seu deus, que eu orarei ao Senhor; e aquele que responder, enviando fogo, esse é que é Deus.»

Todo o povo respondeu: «Estamos de acordo!» 25Então Elias disse aos profetas de Baal: «Escolham um dos bezerros e preparem-no primeiro, porque são muitos, e depois orem ao vosso deus, mas não acendam lume.» 26Eles pegaram no bezerro escolhido, prepararam-no e invocaram o deus Baal desde manhã até ao meio-dia, gritando: «Baal, responde-nos!» Mas não se ouvia nenhuma voz, nem havia quem respondesse. Eles insistiam, dançando em volta do altar que tinham construído.

27Sendo já meio-dia, Elias troçava deles dizendo: «Gritem mais alto! Talvez esse deus esteja a conversar, ou esteja muito ocupado, ou a preparar alguma viagem! Talvez esteja a dormir e é preciso que o acordem!» 28Eles gritavam muito e retalhavam-se, como era seu costume, com espadas e lanças, até se cobrirem de sangue. 29Quando já passava do meio-dia, continuaram enfurecidos até à hora em que era costume oferecer o sacrifício, mas não havia resposta, nem se ouvia nenhum som.

30Então Elias disse ao povo: «Cheguem-se aqui para perto de mim.» Juntaram-se todos em volta e ele começou a consertar o altar do Senhor, que estava destruído. 31Pegou em doze pedras, segundo o número dos filhos de Jacob, pois foi a Jacob que o Senhor disse: «Israel passará a ser o teu nome.» 32Com essas pedras Elias reconstruiu o altar para adorar o Senhor. Em volta do altar abriu uma vala onde cabiam uns vinte litros de água. 33Depois colocou lenha sobre o altar e cortou o bezerro em pedaços, que pôs em cima da lenha, 34e disse: «Encham quatro bilhas de água e despejem-nas por cima do animal preparado para o holocausto e da lenha.» Assim fizeram e ele disse: «Façam isso outra vez.» E disse depois: «Façam-no pela terceira vez.» Eles obedeceram. 35A água escorria em volta do altar e enchia a vala aberta.

36À hora de oferecer o holocausto, o profeta Elias aproximou-se do altar e orou: «Senhor, Deus de Abraão, de Isaac e de Jacob, mostra agora que és tu o Deus de Israel e que eu sou teu servo e faço isto porque me ordenaste! 37Responde-me, Senhor! Responde-me, para que este povo saiba que tu és Deus e que os convidas a voltarem de novo para ti!»

38Naquele momento, o fogo do Senhor desceu sobre o holocausto e queimou-o, bem como a lenha, as pedras e o pó, consumindo toda a água que havia na vala. 39Ao ver isto, o povo inclinou-se até ao chão e exclamou: «O Senhor é Deus! Só o Senhor é que é Deus!» 40Elias disse-lhes: «Prendam os profetas de Baal! Que nenhum deles escape!» Prenderam-nos e Elias levou-os até ao ribeiro de Quichon e ali os matou.

Elias ora para que chova

41Depois Elias disse ao rei Acab: «Vai comer e beber, porque já ouço o ruído de muita chuva.» 42Acab foi comer e beber, mas Elias subiu ao cimo do monte Carmelo, onde se inclinou até ao chão, com a cabeça entre os joelhos, 43e disse ao seu criado: «Olha lá para as bandas do mar!» Ele foi ver e respondeu: «Não vi nada.» E sete vezes Elias lhe disse que fosse de novo ver. 44À sétima vez, o criado disse: «Vi uma nuvenzinha que subia do mar, que não é maior do que a mão dum homem.» Elias ordenou então ao criado: «Vai dizer ao rei Acab que se meta no carro e volte para casa, antes que a chuva o impeça.» 45Em pouco tempo, o céu ficou encoberto com nuvens negras, o vento começou a soprar e a chuva a cair torrencialmente. Acab subiu para o seu carro e regressou a Jezrael. 46Elias apertou as vestes na cintura e, fortalecido pelo poder do Senhor começou a correr à frente do carro de Acab até à entrada da cidade de Jezrael.

Elias foge para o monte Sinai

1O rei Acab contou a Jezabel, sua mulher, tudo o que Elias tinha feito e como tinha dado a morte a todos os profetas de Baal. 2Então Jezabel mandou um mensageiro dizer a Elias: «Que os deuses me castiguem severamente, se amanhã a esta hora eu não tiver feito a ti o mesmo que tu fizeste aos profetas.» 3Elias viu o perigo que corria e, para salvar a vida, foi até à cidade de Bercheba, em Judá, onde deixou o seu criado. 4Seguiu pelo deserto durante um dia inteiro, até que finalmente se sentou debaixo de uma árvore e ali sentiu vontade de morrer. Dirigiu-se a Deus em oração e disse: «Basta, Senhor! Tira-me a vida, pois não valho mais do que os meus antepassados!» 5Deitou-se debaixo da árvore e adormeceu. Nisto um anjo tocou-lhe e disse: «Levanta-te e come.» 6Elias reparou que junto da sua cabeça havia um pão cozido na pedra quente e um cantil com água. Comeu e bebeu e tornou a deitar-se. 7O anjo do Senhor tocou-lhe outra vez e disse: «Levanta-te e come, porque tens um caminho demasiado longo a percorrer.» 8Elias levantou-se e comeu e bebeu. A comida deu-lhe forças para caminhar quarenta dias e quarenta noites, até chegar ao Horeb, o monte de Deus. 9Ali procurou uma caverna e nela passou a noite.

Então o Senhor dirigiu-se a ele e disse: «Que fazes aqui, Elias?» 10Ele respondeu: «Tenho lutado com zelo ardente pelo Senhor, Deus todo-poderoso! Porém o povo de Israel quebrou a aliança que tinha contigo, derrubou os teus altares e matou à espada todos os teus profetas. Só fiquei eu, mas também me querem matar.»

11O Senhor disse então a Elias: «Sai daí e põe-te de pé diante de mim no cimo do monte.» De facto, o Senhor estava a passar. Um vento forte e violento fendeu os montes e quebrou as rochas, mas o Senhor não estava no vento. Depois do vento houve um tremor de terra, mas o Senhor não estava no tremor de terra. 12Depois do tremor de terra houve um fogo, mas o Senhor não estava no fogo. Depois do fogo ouviu-se o murmúrio de uma leve brisa. 13Elias, ouvindo isto, cobriu o rosto com a capa, saiu e pôs-se à entrada da caverna, quando ouviu uma voz, a dizer-lhe: «Que fazes aqui, Elias?» 14Ele respondeu: «Tenho lutado com zelo ardente pelo Senhor, Deus todo-poderoso! Porém o povo de Israel quebrou a aliança que tinha contigo, derrubou os teus altares e matou à espada todos os teus profetas. Só fiquei eu, mas também me querem matar.»

15O Senhor disse então a Elias: «Volta outra vez para trás e dirige-te ao deserto de Damasco. Chegando lá deves consagrar Hazael, como rei da Síria. 16Depois deves consagrar Jeú, neto de Nimechi, como rei de Israel. A Eliseu, filho de Chafat, da povoação de Abel-Meolá, consagrarás como profeta em teu lugar. 17Aqueles que escaparem de ser mortos por Hazael serão mortos por Jeú; aqueles que escaparem de ser mortos por Jeú serão mortos por Eliseu. 18Deixarei com vida em Israel sete mil pessoas que não se tenham ajoelhado diante de Baal, nem beijado as suas imagens.»

1 Reis 16:29-19:18BPTAbrir na App Bíblia para todos

REFLEXÃO

Se Salomão abriu uma fresta da porta à idolatria, (1 Reis 3:3) Acab escancarou-a! Ele, e a sua esposa infame, Jezebel, conduziram o povo de Israel por um caminho maligno (16:29-33). Por isso, apetece-nos aplaudir quando Elias desafia os profetas de Baal para um confronto público (18:22-24).

Mas, o sacrifício no Monte Carmelo, não foi um evento do tipo, “pagar para ver”. Elias encarou-o, corretamente, como uma luta pelo coração e pela alma do povo de Deus (18:36-37). Ao longo da história, a Igreja tem-se afastado, periodicamente, de Deus e das suas prioridades. Existem muitos cristãos, hoje, que sentem que a sua denominação ou igreja está nesse caminho. É preciso sabedoria e coragem para desafiar a Igreja, mas temos de ter cuidado para não deixar que o nosso ego seja a força motora. A melhor forma de marcar a diferença é, naturalmente, através da integridade do nosso próprio testemunho.

Mas, o que é fascinante, nesta passagem, é o facto de nos apresentar “dois Elias”. O primeiro é um profeta corajoso e destemido que obteve uma vitória extraordinária para Deus. O segundo é um desertor deprimido e assustado que foge de Deus (19:1-9). A verdade é que servir a Deus é difícil. Por vezes, Deus permite-nos ter grandes sucessos, mas, porque, somos humanos, às vezes, caímos e esgotamo-nos. É por isso que, não importa o quão fortes sejamos, é importante tirar tempo para descansar e renovar forças (19:7-9).

Afinal, aquilo que mais nos sustém, perante os desafios da vida cristã, é uma co-munhão diária e consistente com Deus. Isto acontece quando passamos tempo a ler a sua Palavra, a orar e a adorá-lo com outros cristãos. São estas as coisas que podem voltar a inflamar o nosso coração para Deus. É bom apreciar e re-lembrar o “fogo-de-artifício espiritual”, quando este acontece. Mas, aquilo de que mais precisamos é da capacidade de ouvir o “suave sussurar” de Deus (19:12).

APLICAÇÃO

Tens experimentado, recentemente, “fogo-de-artifício espiritual” na tua vida cristã? Tens Ouvido o “suave sussurar” de Deus?

ORAÇÃO

Pai, ajuda-me a ver como posso ser uma influência tua, no meu mundo. Estou disposto a confiar em ti, para que faças a diferença através de mim.

Sociedade Bíblica de Portugalv.4.18.8
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