Sociedade Bíblica de Portugal

77 . As viagens de Paulo – PARTILHAR JESUS

ORAÇÃODeus, anseio por caminhar mais íntimamente contigo. Mostra-me como posso dar mais um passo em direção a ti, ao refletir, hoje, na tua Palavra.

Texto(s) bíblico

Novo trabalho para Barnabé e Saulo

1Na igreja de Antioquia havia profetas e mestres. Eram Barnabé, Simeão (a quem chamavam «Negro»), Lúcio (de Cirene), Manaene (companheiro de infância de Herodes) e Saulo. 2Um dia, quando eles estavam a adorar a Deus e a jejuar, o Espírito Santo disse: «Separem-me Barnabé e Saulo para que eles vão e cumpram a missão para que os escolhi.»

3Eles então depois de jejuarem e orarem, impuseram as mãos sobre Barnabé e Saulo e enviaram-nos.

Em Chipre

4Barnabé e Saulo, enviados pelo Espírito Santo, foram até à cidade de Selêucia e dali embarcaram para a ilha de Chipre. 5Quando chegaram a Salamina, começaram a pregar a palavra de Deus nas sinagogas dos judeus. João Marcos tinha ido com eles para os ajudar. 6Atravessaram toda a ilha até à cidade de Pafos. Aí encontraram um judeu chamado Barjesus, e em grego Elimas, que praticava artes mágicas e que se fazia passar por profeta. 7Era amigo do governador da ilha, Sérgio Paulo, homem sensato. O governador mandou chamar Barnabé e Saulo, pois queria ouvir a palavra de Deus. 8Mas o mágico opôs-se aos apóstolos e tentava impedir que o governador aceitasse a fé cristã. 9Então Saulo, também conhecido por Paulo, cheio do Espírito Santo, olhou bem de frente para Elimas 10e disse-lhe: «Filho do Diabo, inimigo de todo o bem! Tu estás cheio de engano e de maldade. Quando é que deixarás de perverter os retos caminhos do Senhor? 11Pois agora o Senhor vai castigar-te. Ficarás cego e por algum tempo não poderás ver a luz do Sol.» No mesmo instante, Elimas sentiu uma escuridão completa cobrir-lhe os olhos, e começou a dar voltas procurando quem o levasse pela mão. 12Quando o governador viu isto, acreditou e ficou muito admirado com a doutrina do Senhor.

Em Antioquia da Pisídia

13Paulo e os seus companheiros embarcaram em Pafos e viajaram até Perga, na região da Panfília. Porém, João Marcos deixou-os e voltou para Jerusalém. 14Eles continuaram a viagem, indo da cidade de Perga até Antioquia, na região de Pisídia. No sábado, entraram na sinagoga e sentaram-se. 15Depois da leitura da Lei de Moisés e dos livros dos profetas, os chefes da sinagoga mandaram-lhes dizer: «Irmãos, se têm alguma palavra de edificação para o povo, falem.»

16Então Paulo levantou-se, fez sinal com a mão a pedir silêncio, e disse: «Homens de Israel e aqueles que temem a Deus! Escutem o que tenho para vos dizer: 17O Deus de Israel escolheu os nossos antepassados e fez deles um grande povo, quando viviam como estrangeiros no Egito. Tirou-os de lá com o seu poder 18e, por terras desertas, suportou aquele povo durante quase quarenta anos. 19Destruiu sete nações no país de Canaã e deu essas terras como herança ao seu povo 20durante cerca de quatrocentos e cinquenta anos. Depois deu juízes para o governarem, até ao tempo do profeta Samuel. 21Então o povo pediu um rei e Deus deu-lhes Saul, filho de Quis, da tribo de Benjamim, que reinou quarenta anos. 22Em seguida, tirou Saul do poder e deu o reino a David. Foi a respeito deste que Deus disse: “Encontrei David, filho de Jessé. Ele é pessoa do meu agrado, que irá fazer sempre a minha vontade.” 23Um dos descendentes de David foi Jesus, a quem Deus pôs como Salvador de Israel, conforme tinha prometido. 24Antes de Jesus, veio João Batista com a sua mensagem para todo o povo de Israel, dizendo que se arrependessem e fossem batizados. 25Mas quando João estava a chegar ao fim da sua missão, disse ao povo: “Quem julgam que eu sou? Eu não sou aquele que esperam. Mas a seguir a mim, há de vir alguém de quem eu nem sequer mereço a honra de o ajudar a descalçar as sandálias.”»

26Paulo continuou: «Meus irmãos, descendentes de Abraão e aqueles que temem a Deus, sem serem judeus, quero dizer-vos que esta mensagem de salvação se destina a todos nós! 27O povo de Jerusalém e os seus chefes não sabiam quem era Jesus e, ao condenarem-no, estavam a cumprir as palavras dos profetas que se leem todos os sábados. 28Ainda que não encontrassem nenhuma razão para o condenar à morte, pediram a Pilatos que o mandasse matar. 29E depois de terem feito tudo o que a Sagrada Escritura diz a respeito dele, tiraram-no do madeiro e puseram-no num sepulcro. 30Mas Deus ressuscitou-o 31e durante muitos dias ele apareceu aos que o tinham acompanhado na sua viagem da Galileia a Jerusalém. Agora são eles as suas testemunhas diante do povo de Israel. 32E nós estamos aqui para vos anunciar o cumprimento da promessa que Deus fez aos nossos antepassados. 33Deus cumpriu-a presentemente connosco, que somos descendentes deles, ao ressuscitar Jesus como está escrito no Salmo segundo:

Tu és meu filho.

Hoje sou teu pai.

34Que o ressuscitou, de modo que Jesus nunca mais morreria, é o que Deus declarou por estas palavras: “Cumprirei em vosso favor as santas e verdadeiras promessas feitas a David.” 35Por isso, ele diz também noutro Salmo:

Tu não permitirás que o teu Santo se decomponha no sepulcro

36Paulo continuou: «Na verdade, David serviu no seu tempo de vida os planos de Deus. Depois morreu. O seu corpo foi enterrado ao lado dos seus antepassados e destruído pela morte. 37Mas o corpo daquele que Deus ressuscitou não foi destruído pela morte. 38Meus irmãos, é preciso pois que saibam que é por meio de Jesus que a mensagem do perdão dos pecados vos é agora anunciada. 39Por meio dele, todos os que creem recebem a justificação que não podiam receber pela Lei de Moisés. 40Tenham pois cuidado para que não vos aconteça o que escreveram os profetas, quando disseram:

41Escutem, todos os que fazem pouco destas coisas;

pasmem de espanto e desapareçam;

porque estou a fazer, diante de vós,

coisas tão grandes, que nem acreditarão

mesmo que alguém vo-las explique

42Quando Paulo e Barnabé saíram da sinagoga, pediram-lhes para voltarem no sábado seguinte e falarem sobre o mesmo assunto. 43Depois de acabar a reunião, muitos dos judeus e dos convertidos ao Judaísmo acompanharam Paulo e Barnabé, que os aconselhavam a andarem firmes na graça de Deus.

44No sábado seguinte, quase toda a população da cidade foi ouvir a palavra do Senhor. 45Quando os judeus viram tanta gente, ficaram cheios de inveja e começaram a contradizer Paulo e a insultá-lo. 46Mas Paulo e Barnabé disseram-lhes com toda a coragem: «Era necessário anunciar-vos a palavra de Deus, a vós em primeiro lugar. Mas, uma vez que a rejeitam e não se acham merecedores da vida eterna, então vamos virar-nos para os que não são judeus. 47Esta é a ordem que o Senhor nos deu:

Coloquei-te como uma luz para os pagãos,

para que leves a salvação ao mundo inteiro

48Ao ouvirem isto, os não-judeus ficaram muito contentes e começaram a glorificar a palavra do Senhor. E todos os que Deus escolheu para a vida eterna creram na sua palavra. 49Assim se espalhou a mensagem do Senhor por toda aquela região. 50Mas os judeus falaram com algumas mulheres mais religiosas e respeitadas, e com os homens importantes da cidade, e convenceram-nos a perseguir Paulo e Barnabé, até os expulsar da região. 51Então os apóstolos sacudiram a poeira dos seus pés, em sinal de protesto contra eles, e foram para a cidade de Icónio. 52Entretanto, os discípulos em Antioquia ficaram cheios de alegria e do Espírito Santo.

Em Icónio

1Na cidade de Icónio, Paulo e Barnabé entraram na sinagoga e falaram de tal maneira que muitos dos judeus e dos que não eram judeus creram no Senhor. 2Mas os judeus que não acreditaram fizeram com que os não-judeus se voltassem contra os irmãos. 3Paulo e Barnabé ficaram muito tempo em Icónio e falavam corajosamente a respeito do Senhor. E o Senhor confirmava o que eles diziam sobre a graça de Deus, dando-lhes poder para fazerem sinais milagrosos e prodígios. 4O povo da cidade estava dividido. Uns eram a favor dos judeus e outros a favor dos apóstolos. 5Então judeus e não-judeus, juntamente com os seus chefes, resolveram maltratar e apedrejar os apóstolos. 6Quando Paulo e Barnabé se aperceberam disso, refugiaram-se em Listra e Derbe, cidades da região de Licaónia, e nos seus arredores. 7Ali pregavam a boa nova.

Em Listra e Derbe

8Havia em Listra um homem que estava sempre sentado, porque era coxo de nascença, e nunca tinha andado. 9Este homem estava a ouvir as palavras de Paulo. Então Paulo olhou bem para ele, viu que tinha fé para ser curado, 10e disse em voz alta: «Levanta-te e põe-te direito sobre os teus pés!» De um salto o homem começou a andar. 11Ao ver o que Paulo tinha feito, o povo pôs-se a gritar, na língua de Licaónia: «São deuses em forma de homem, que nos vieram visitar!» 12Diziam que Barnabé era o deus Zeus e Paulo o deus Hermes, porque era Paulo quem falava. 13O templo de Zeus era em frente da cidade. Por isso, o sacerdote desse deus trouxe bois e grinaldas de flores para a porta da cidade. Queriam adorá-los com um sacrifício de animais. 14Mas quando os apóstolos souberam disto, rasgaram as suas roupas, em sinal de indignação, correram para o meio da multidão e gritaram: 15«Amigos! O que é que estão a fazer? Nós somos apenas homens, gente como vós! Estamos aqui para vos anunciar o evangelho, a fim de que deixem essas coisas que não servem para nada e se voltem para o Deus vivo, que fez o céu, a terra, o mar e tudo o que neles existe. 16Noutro tempo, Deus deixou que todos os povos vivessem cada um à sua maneira, 17embora sempre lhes mostrasse quem ele é por meio do bem que lhes fazia. É ele quem manda as chuvas e as colheitas no tempo próprio, e vos dá aquilo de que precisam para comer e para se alegrarem.»

18Mesmo depois de dizerem isto, tiveram dificuldade em impedir que o povo sacrificasse os animais em sua honra.

19Entretanto, chegaram alguns judeus de Antioquia e de Icónio que convenceram a multidão. Apedrejaram Paulo e arrastaram-no para fora da cidade, pensando que já estava morto. 20Mas quando os discípulos se juntaram à sua volta, ele levantou-se e entrou outra vez na cidade. No dia seguinte, Paulo foi com Barnabé para Derbe.

Regresso a Antioquia da Síria

21Pregaram o evangelho na cidade de Derbe e conseguiram fazer lá muitos discípulos. Depois voltaram para Listra, Icónio e Antioquia da Pisídia, 22onde animavam os crentes e lhes recomendavam que continuassem firmes na fé, ensinando-lhes que era preciso passar muitos sofrimentos até entrar no reino de Deus. 23Também elegeram presbíteros em cada igreja. Depois de orarem e jejuarem, pediram para eles a proteção do Senhor, em quem tinham posto a sua fé.

24Mais tarde atravessaram a região da Pisídia e chegaram à Panfília. 25Pregaram a mensagem de Deus na cidade de Perga e foram para o porto de Atália. 26Dali embarcaram para Antioquia da Síria, cidade onde tinham sido confiados à graça de Deus, para a obra que agora tinham terminado. 27Quando lá chegaram, reuniram os membros da igreja e contaram tudo o que Deus tinha feito por meio deles e como ele abriu aos pagãos as portas da fé. 28E ficaram ali muito tempo com os irmãos.

Atos dos Apóstolos 13-14BPTAbrir na App Bíblia para todos

REFLEXÃO

Durante muitos anos fiz visitas prisionais. Organizávamos eventos evangelísticos e estudos bíblicos para os reclusos. Por vezes, isso incomodava os guardas prisionais. “Podem fazer reuniões para os que já são cristãos” – diziam-nos. “Mas não queremos que nos convertam”. No mundo moderno, isto é uma grande ofensa. Mas, tal como vemos na leitura de hoje, Deus comissionou Barnabé e Saulo para fazerem, exatamente, isso (13:2; ver também Mateus 28:18-20). Podemos dar-lhe outro nome mas, a missão da Igreja é partilhar as Boas Novas.

Apesar disso, não temos o direito de enfiar o evangelho pela garganta das pessoas abaixo. Repara na diplomacia que Paulo usou ao longo desta mensagem (13:16-43). Não se afastou das duras verdades do evangelho, mas apresentou-as de uma forma que respeitava a sua audiência mista (13:26) e que enfatizava o que era positivo (13:32, 38-39). Esta combinação produz resultados (13:42-44).

Contudo, também cria problemas. Ao longo desta empolgante viagem missionária, vemos um misto de resultados incríveis e oposição violenta. Paulo e Barnabé estavam a roubar “tempo de antena” aos líderes religiosos, que ficaram com in-veja (13:45). Mas a oposição tinha um motivo, ainda, mais profundo (14:2). Tornar–se cristão, não faz com que as pessoas fiquem com uma mentalidade fechada— mas, recusar-se a ver a verdade, sim.

Mas, existiram, ainda, dois fatores que fizeram de Paulo uma testemunha tão eficiente. O primeiro foi coragem (14:19-20). Podes nunca ter de enfrentar uma multidão enraivecida por causa da tua fé, mas, provavelmente, terás de correr alguns riscos. E, quando o fizeres, para além dos outros ouvirem as Boas Novas, vais ganhar um relacionamento mais profundo com Deus. O segundo foi prestação de contas. Paulo foi enviado pela Igreja e prestava-lhe contas do que tinha acontecido (13:1-3; 14: 26-28). O propósito do evangelismo é edificar a Igreja de Cristo e não a nossa reputação.

APLICAÇÃO

Que risco está Deus a pedir que corras para poderes partilhar as Boas Novas com as outras pessoas?

ORAÇÃO

Senhor, não me sinto um bom “missionário”, mas estou disposto a partilhar as Boas Novas com os outros. Por favor, dá-me a coragem para correr riscos para ti, hoje.

Sociedade Bíblica de Portugalv.4.18.12
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