Sociedade Bíblica de Portugal

79 – As viagens de Paulo – CONHECER A VONTADE DE DEUS

ORAÇÃOObrigado, Senhor, pelo exemplo de Paulo. Que eu possa ser tão dedicado a ti como ele.

Texto(s) bíblico

Timóteo acompanha Paulo e Silas

1Paulo chegou às cidades de Derbe e Listra. Havia lá um crente chamado Timóteo, filho duma judia cristã, mas de pai grego. 2Todos os crentes de Listra e de Icónio diziam muito bem dele. 3Paulo queria levar Timóteo e por isso mandou-o circuncidar. Fez isto por causa dos judeus que viviam naquela região, e todos sabiam que o pai de Timóteo era grego. 4Por todos os lugares por onde passavam, comunicavam aos crentes as decisões que os apóstolos e os presbíteros de Jerusalém tinham tomado, e aconselhavam-nos a cumpri-las. 5Assim, as igrejas iam-se tornando mais firmes na fé e o número de cristãos aumentava de dia para dia.

Paulo sente-se chamado à Europa

6Paulo e Silas percorreram a região da Frígia e Galácia, uma vez que o Espírito Santo não os deixou pregar a palavra de Deus na província da Ásia. 7Quando chegaram à fronteira de Mísia, tentaram ir para Bitínia, mas o Espírito de Jesus não os deixou. 8Atravessaram então a Mísia e foram até ao porto de Tróade. 9Durante a noite, Paulo teve uma visão. Viu um homem da Macedónia, de pé, que lhe pedia: «Vem à Macedónia ajudar-nos!» 10Logo a seguir à visão de Paulo, preparámo-nos para partir imediatamente para a Macedónia, convencidos de que Deus nos estava a chamar para lá irmos anunciar o evangelho.

Em Filipos

11Embarcámos, por isso, em Tróade e fomos diretamente até à ilha de Samotrácia. No outro dia, chegámos ao porto de Neápoles. 12Dali seguimos para Filipos, que é uma colónia romana e a cidade mais importante desta parte da Macedónia. Passámos lá alguns dias. 13No sábado, saímos da cidade e fomos para a beira do rio, a um lugar onde pensávamos que os judeus costumavam ir orar. Sentámo-nos ali e começámos a conversar com as mulheres que ali estavam reunidas. 14Uma delas, chamada Lídia, ouvia-nos com muita atenção. Era comerciante de tecidos finos e natural da cidade de Tiatira. Lídia acreditava em Deus e o Senhor abriu-lhe o entendimento para compreender o que Paulo dizia. 15Ela e as pessoas da sua família foram batizadas. Então Lídia fez-nos este pedido: «Se acham que eu realmente creio no Senhor, venham ficar a minha casa.» E insistiu para lá ficarmos.

Paulo e Silas na prisão

16Certo dia, quando íamos a caminho do lugar de oração, veio ao nosso encontro uma rapariga que tinha um espírito mau que adivinhava. Como era escrava, os donos ganhavam muito dinheiro com as suas adivinhações. 17A rapariga começou a seguir atrás de Paulo e de nós, gritando: «Estes homens são servos do Deus altíssimo e vêm mostrar-vos o caminho da salvação.» 18Fez isto durante vários dias. Então Paulo, já irritado, virou-se para ela e disse àquele espírito: «Em nome de Jesus Cristo, ordeno-te que saias dela!» E no mesmo instante, o espírito saiu. 19Quando os donos da escrava viram que já não podiam fazer mais negócio com as adivinhações, agarraram Paulo e Silas e levaram-nos à praça pública, à presença das autoridades. 20Quando os apresentaram aos oficiais romanos, disseram: «Estes homens andam a perturbar a nossa cidade. 21Como são judeus, ensinam costumes que nós, romanos, não podemos aceitar nem praticar.» 22Então a multidão levantou-se contra eles e os oficiais deram ordens para lhes tirarem as roupas e os castigarem. 23Bateram-lhes muito e depois meteram-nos na cadeia, dando ordens ao carcereiro para os guardarem com toda a segurança. 24O carcereiro, quando recebeu esta ordem, levou-os para o fundo da cadeia e prendeu-lhes os pés a um cepo de madeira. 25Por volta da meia-noite, Paulo e Silas oravam e cantavam hinos a Deus, enquanto os outros presos os escutavam. 26De repente, o chão tremeu tanto que abalou os alicerces da prisão. Nisto, todas as portas se abriram e as correntes que prendiam os presos soltaram-se. 27O carcereiro acordou e, quando viu que as portas da prisão estavam abertas, puxou da espada para se matar, porque pensou que os presos tinham fugido. 28Mas Paulo gritou-lhe bem alto: «Não faças isso! Estamos todos aqui!» 29Então o carcereiro pediu uma luz, entrou a correr e, todo a tremer, curvou-se aos pés de Paulo e de Silas. 30Depois levou-os para fora e perguntou: «Senhores, o que é que eu devo fazer para ser salvo?» 31«Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e a tua família», responderam eles. 32E anunciaram então a palavra do Senhor ao carcereiro e a todos os que estavam em sua casa. 33Mesmo àquela hora da noite, o carcereiro levou-os da cadeia para lhes tratar das feridas. Logo a seguir, ele e toda a sua família foram batizados. 34Levou por fim Paulo e Silas para sua casa e deu-lhes de comer. Tanto o carcereiro como a sua família ficaram muito contentes por terem crido em Deus.

Libertação de Paulo e Silas

35Quando amanheceu, os oficiais romanos mandaram os seus guardas dizer ao carcereiro para os soltar. 36O carcereiro disse a Paulo: «Os oficiais mandaram-me soltar-vos. Por isso, podem sair em paz.» 37Mas Paulo respondeu aos guardas: «Mandaram castigar-nos em público, sem sermos julgados — nós que somos cidadãos romanos! Depois meteram-nos na cadeia e agora querem soltar-nos às escondidas? Isso não! Que venham os próprios oficiais romanos tirar-nos daqui» 38Os guardas foram dizer isso aos oficiais. E quando estes souberam que Paulo e Silas eram cidadãos romanos, ficaram assustados. 39Foram pessoalmente pedir-lhes desculpa, puseram-nos em liberdade e rogaram-lhes que saíssem da cidade. 40Paulo e Silas saíram da prisão e foram a casa de Lídia. Depois de verem os irmãos e de os encorajarem, foram-se embora.

Dificuldades em Tessalónica

1Paulo e Silas passaram pelas cidades de Anfípole e Apolónia e chegaram a Tessalónica, onde havia uma sinagoga dos judeus. 2Como era seu costume, Paulo foi lá e durante três sábados falou com eles sobre a Sagrada Escritura. 3Ia-lhes explicando que o Messias tinha de sofrer e que, depois de morrer, tinha de ressuscitar. E dizia-lhes: «Este Jesus que eu vos estou a anunciar é o Messias.» 4Alguns judeus ficaram convencidos e logo se juntaram a Paulo e Silas, bem como um grande número de gregos adeptos da religião judaica e muitas mulheres importantes.

5Mas os outros judeus ficaram cheios de inveja. Reuniram alguns homens maus entre os marginais e juntando muita gente provocaram uma desordem na cidade. Os agitadores assaltaram a casa de Jasão à procura de Paulo e Silas, para os entregarem ao tribunal do povo. 6Como não os encontraram lá, levaram Jasão e alguns outros cristãos à presença das autoridades da cidade, enquanto gritavam: «Esses homens que têm provocado desordens por toda a parte estão agora na nossa cidade 7e Jasão recebeu-os em sua casa. Todos esses indivíduos desprezam as leis do imperador, pois dizem que há outro rei, chamado Jesus.» 8Quando a multidão e as autoridades ouviram isto, ficaram tão impressionadas 9que obrigaram Jasão e os outros a pagar uma multa estipulada antes de os soltarem.

Paulo e Silas em Bereia

10Logo que anoiteceu, os irmãos fizeram seguir Paulo e Silas para a cidade de Bereia. Quando lá chegaram, foram à sinagoga dos judeus. 11Os judeus dali eram mais bem formados do que os de Tessalónica, pois receberam a mensagem com muito boa vontade, e todos os dias estudavam a Sagrada Escritura para verem se o que Paulo dizia era mesmo assim. 12Deste modo, muitos deles tornaram-se crentes, e entre esses um grande número de gregos e gregas da alta sociedade. 13Mas quando os judeus de Tessalónica souberam que Paulo estava a pregar a palavra de Deus em Bereia, foram lá agitar e amotinar o povo contra ele. 14Os irmãos mandaram imediatamente Paulo em direção ao mar, enquanto Silas e Timóteo ficavam em Bereia. 15Os que acompanhavam Paulo, levaram-no até à cidade de Atenas. Depois voltaram para Bereia, com um recado de Paulo para que Silas e Timóteo fossem ter com ele a Atenas, o mais depressa possível.

Paulo em Atenas

16Enquanto esperava em Atenas por Silas e Timóteo, Paulo sentia-se revoltado ao ver a cidade tão cheia de ídolos. 17Por isso discutia na sinagoga com os judeus e com os simpatizantes do Judaísmo. E, na praça pública, falava todos os dias com os que lá apareciam. 18Alguns filósofos epicuristas e estoicos trocavam impressões com ele. Uns diziam: «Que é que este fala-barato quererá dizer?» Outros afirmavam: «Parece que é propagandista de outros deuses.» Diziam isto porque Paulo lhes anunciava a boa nova acerca de Jesus e da ressurreição. 19Então levaram-no a uma reunião num lugar chamado Areópago e perguntaram-lhe: «Poderemos saber que nova doutrina é essa que ensinas? 20O que nos dizes é muito estranho e gostaríamos de saber o que isso quer dizer!» 21De facto, tanto os atenienses como os estrangeiros que viviam em Atenas passavam o tempo a ouvir e a contar as últimas novidades.

22Então Paulo pôs-se de pé diante da Assembleia do Areópago e disse: «Atenienses, vejo que são em tudo muito religiosos. 23Com efeito, quando dei uma volta pela cidade e vi os vossos monumentos religiosos, reparei num altar que tinha estas palavras escritas: “Ao Deus desconhecido.” Pois bem, esse Deus que adoram sem o conhecer, é o Deus de que eu vos falo. 24É o Deus que fez o mundo e tudo o que nele se encontra, e é o Senhor do Céu e da Terra. Não habita em templos feitos pelos homens, 25nem precisa que os homens lhe façam coisa nenhuma, pois ele mesmo é quem dá a todos a vida, a respiração e tudo o mais. 26Deus criou primeiro um homem e desse vieram todas as raças humanas que vivem no mundo inteiro. Foi ele mesmo quem marcou os tempos e os lugares onde os povos deviam morar. 27Fez isso para que o pudessem procurar e se esforçassem por encontrá-lo. De facto, ele não está longe de cada um de nós. 28É nele que temos a vida, nele nos movemos e existimos. Como alguns dos vossos poetas também disseram: “Nós até somos da família de Deus.” 29Sendo nós então da família de Deus, não devemos pensar que Deus seja parecido com uma imagem de ouro, de prata ou de pedra, feita pela arte e pela imaginação dos homens. 30Deus passou por cima da ignorância das pessoas, até aos dias de hoje. Mas agora, ele ordena que toda a gente, em toda a parte, se arrependa dos seus pecados. 31Marcou um dia para julgar o mundo com justiça, por meio dum homem a quem designou e deu autoridade diante de todos, ressuscitando-o de entre os mortos.»

32Quando o ouviram falar na ressurreição, houve uns que troçaram e outros disseram: «Havemos de ouvir-te falar disso, noutra altura.» 33Então Paulo foi-se embora. 34Alguns juntaram-se a Paulo e tornaram-se crentes. Entre estes estavam Dionísio, que era um dos membros do Areópago, uma mulher chamada Dâmaris e alguns mais.

Paulo em Corinto

1Depois disto, Paulo saiu de Atenas e foi para a cidade de Corinto. 2Encontrou lá um judeu chamado Áquila, que era natural do Ponto e tinha acabado de chegar de Itália, com Priscila sua mulher. Tiveram que sair de Roma porque o imperador Cláudio tinha mandado embora de lá todos os judeus. Paulo foi visitá-los 3e, como era da mesma profissão de fazer tendas, ficou com eles para trabalharem juntos. 4Todos os sábados ele falava na sinagoga, procurando convencer tanto judeus como gregos.

5Quando Silas e Timóteo chegaram da Macedónia, Paulo dedicou-se por completo à pregação da palavra e dava testemunho diante dos judeus de que Jesus era o Messias. 6Mas eles voltaram-se contra Paulo e insultavam-no. Paulo então sacudiu a roupa, em sinal de protesto, e disse: «Que o vosso sangue recaia sobre as vossas cabeças. A minha responsabilidade para convosco está cumprida. De agora em diante vou procurar os não-judeus.» 7Dito isto, saiu dali e foi para casa de um certo homem, chamado Tício Justo, que era simpatizante do Judaísmo e que morava mesmo ao lado da sinagoga. 8E Crispo, o dirigente da sinagoga, acreditou no Senhor, bem como toda a sua família. Muitas outras pessoas da cidade de Corinto ouviram a mensagem de Paulo, creram no Senhor e foram batizadas.

9Uma noite, o Senhor disse a Paulo numa visão: «Não tenhas medo! Continua a pregar e não te cales, 10porque eu estou contigo. Ninguém te poderá fazer mal, porque tenho muita gente comigo nesta cidade.» 11Então Paulo ficou em Corinto durante ano e meio a ensinar ali a palavra de Deus.

12Mas quando Galião se tornou governador romano da Acaia, os judeus juntaram-se contra Paulo, levaram-no ao tribunal 13e disseram ao governador: «Este homem anda a convencer as pessoas de que devem adorar a Deus duma maneira que é contra a lei14Paulo ia a começar a falar, quando Galião disse aos judeus: «Se se tratasse de alguma injustiça, ou de algum crime grave, seria meu dever escutar as vossas queixas, ó judeus. 15Mas como se trata de uma questão de palavras, de nomes e da vossa própria lei, resolvam lá o assunto uns com os outros. Eu é que não quero ser juiz em questões dessas!» 16E mandou-os pôr fora do tribunal. 17Eles então agarraram Sóstenes, dirigente da sinagoga, e começaram todos a bater-lhe, mesmo ali diante do tribunal. Porém Galião não se importou nada com isso.

Paulo volta para Antioquia

18Paulo ainda ficou bastante tempo em Corinto. Depois, despediu-se dos irmãos e embarcou para a Síria, levando com ele Priscila e Áquila. Em Cêncreas, antes de embarcar, rapou a cabeça, para cumprir uma promessa que tinha feito. 19Quando chegaram à cidade de Éfeso, Paulo deixou ali Priscila e Áquila. Foi à sinagoga e falou com os judeus que lá se reuniam. 20Estes pediram a Paulo que ficasse mais tempo, mas ele não concordou. 21No entanto, quando se foi embora, disse-lhes: «Eu voltarei cá, se Deus quiser.» Partiu de Éfeso 22e desembarcou em Cesareia. Dirigiu-se logo para Jerusalém, cumprimentou os irmãos daquela igreja e seguiu para Antioquia da Síria. 23Depois de passar ali algum tempo, foi-se embora outra vez e percorreu as regiões da Galácia e da Frígia, animando todos os discípulos.

Apolo em Éfeso

24Entretanto, chegou a Éfeso um judeu chamado Apolo, natural de Alexandria. Era um bom pregador e conhecia muito bem a Sagrada Escritura. 25Estava instruído no Caminho do Senhor, falava com entusiasmo e ensinava de uma forma muito exata acerca de Jesus, ainda que só conhecesse o batismo de João. 26Apolo pôs-se a falar na sinagoga com toda a coragem. Mas quando Priscila e Áquila o ouviram, resolveram levá-lo para casa e explicaram-lhe melhor o Caminho de Deus. 27Então Apolo decidiu ir para a Acaia e os irmãos encorajaram-no, escrevendo aos discípulos de lá a pedirem que o recebessem bem. Quando chegou à Acaia, foi de grande ajuda para aqueles que Deus na sua graça tinha tornado crentes, 28pois demonstrava diante de todos o erro dos judeus. Apresentava razões que eles não podiam negar e provava com base na Sagrada Escritura que Jesus era o Messias.

Paulo em Éfeso

1Enquanto Apolo estava em Corinto, Paulo viajou pelo interior e chegou a Éfeso. Encontrou lá uns discípulos 2e perguntou-lhes: «Receberam o Espírito Santo, quando aceitaram a fé?» Eles responderam: «Nós nem sequer ouvimos dizer que existe o Espírito Santo!» 3Paulo perguntou ainda: «Então que batismo receberam?» E eles responderam: «O batismo de João Batista.» 4Paulo explicou: «O batismo de João era para as pessoas se arrependerem do mal, mas ele também dizia ao povo que devia crer naquele que havia de vir depois dele, quer dizer, em Jesus.» 5Depois de ouvirem isto, foram batizados em nome do Senhor Jesus. 6E quando Paulo lhes impôs as mãos, o Espírito Santo desceu sobre eles e começaram a falar línguas desconhecidas e a profetizar. 7Eram ao todo uns doze homens.

8Durante três meses, Paulo ia à sinagoga e lá falava com toda a convicção, procurando convencê-los acerca do reino de Deus. 9Mas alguns mostravam-se renitentes, não acreditavam e diziam mal do Caminho do Senhor diante da multidão. Então Paulo separou-se deles e passou a reunir-se com os discípulos na escola de um homem chamado Tirano, onde pregava e ensinava todos os dias. 10Fez isto durante dois anos, de modo que todo o povo que morava na região da Ásia, tanto judeus como não-judeus, ouviram a palavra do Senhor.

11Deus fazia milagres extraordinários por meio de Paulo. 12Até levavam os lenços e as roupas que Paulo tinha usado, para com eles tocarem nos doentes, e eles ficavam curados das doenças que tinham e os espíritos maus saíam deles. 13Alguns judeus que andavam de terra em terra a expulsar espíritos maus quiseram usar o nome do Senhor Jesus para expulsar os espíritos maus dos doentes e diziam aos espíritos: «Em nome de Jesus, aquele que Paulo anuncia, ordeno-vos que saiam!» 14Entre os que andavam a fazer isto havia sete filhos de um judeu chamado Escevas, que era chefe dos sacerdotes. 15Mas um espírito mau respondeu-lhes: «Conheço Jesus e sei quem é Paulo. Mas vocês, quem são?» 16Então o homem possuído do espírito mau atirou-se a eles, bateu-lhes tanto que eles tiveram de fugir daquela casa muito feridos e quase nus. 17Todos os que moravam em Éfeso, judeus e não-judeus, souberam disto e ficaram cheios de medo. O nome do Senhor Jesus tornou-se mais respeitado ainda. 18Então muitos dos que passaram a crer no Senhor proclamavam a sua fé e confessavam o mal que tinham feito. 19Muitos daqueles que praticavam bruxarias juntaram-se e levaram os seus livros para os queimarem à vista de todos. Calculou-se o valor dos livros queimados em cinquenta mil moedas de prata. 20Era assim que com o poder do Senhor a sua palavra se espalhava e fortalecia cada vez mais.

Alvoroço em Éfeso

21Depois destes acontecimentos, Paulo resolveu ir a Jerusalém, passando pela Macedónia e pela Acaia, e dizia: «Depois de ir a Jerusalém, tenho de ir também a Roma.» 22Mandou então à Macedónia dois dos seus colaboradores, Timóteo e Erasto, enquanto ele ficou ainda algum tempo na Ásia.

23Foi nessa ocasião que houve grande alvoroço na cidade de Éfeso, por causa do Caminho do Senhor. 24Um ourives, chamado Demétrio, fazia pequenos modelos de prata do templo da deusa Ártemis e o seu negócio dava muito lucro aos que trabalhavam com ele. 25Então ele reuniu-os todos, juntamente com outros que trabalhavam em ofícios semelhantes, e disse-lhes: «Amigos, sabem que o nosso bem-estar vem deste ofício. 26Mas como veem e ouvem dizer, esse Paulo afirma que os deuses que os homens fabricam não são deuses verdadeiros. E com isso, ele já convenceu e desviou muita gente, não só aqui em Éfeso como em quase toda a Ásia. 27Ora o que está a acontecer é muito perigoso, porque não só o nosso negócio corre o risco de cair em descrédito, mas até o templo da grande deusa Ártemis pode perder toda a fama que tem, e vir a ser desprezada a grandeza desta deusa, que é reconhecida em toda a região da Ásia e em todo o mundo.»

28Ao ouvirem estas palavras, ficaram furiosos e puseram-se a gritar: «Viva a Ártemis dos Efésios!» 29A confusão espalhou-se por toda a cidade e a multidão dirigiu-se em massa para o teatro, arrastando com eles os macedónios Gaio e Aristarco, companheiros de Paulo na viagem. 30Paulo queria apresentar-se diante da assembleia do povo, mas os crentes não o deixaram. 31Alguns dos chefes da Ásia, amigos de Paulo, também lhe mandaram recado, pedindo que não entrasse no teatro. 32Entretanto, reinava a confusão na assembleia, porque uns gritavam uma coisa, outros gritavam outra. A maior parte nem sabia por que se tinham reunido. 33Os judeus empurraram Alexandre para a frente da assembleia e alguns da multidão explicavam-lhe o que ele havia de dizer. Alexandre fez sinal com a mão a pedir silêncio para falar. 34Mas quando souberam que ele era judeu, puseram-se todos a gritar as mesmas palavras durante quase duas horas: «Viva a Ártemis dos Efésios!» 35Então o secretário do município conseguiu acalmar o povo e disse: «Homens de Éfeso, toda a gente sabe que a nossa cidade é a protetora do templo da grande deusa Ártemis e da sua imagem que caiu do céu. 36Como isto é uma coisa que ninguém pode negar, acalmem-se e não façam nada precipitadamente. 37Trouxeram aqui estes homens, mas eles não profanaram o templo nem disseram nada de mal contra a nossa deusa. 38Se Demétrio e os que trabalham com ele têm alguma coisa contra alguém, para isso há tribunais e há juízes. Eles que apresentem lá as suas acusações. 39Mas se houver qualquer outra questão a debater, ela terá de ser resolvida numa assembleia legal. 40Nós até corremos o risco de ser acusados de revoltosos, por causa do que aconteceu hoje, visto que não há razão nenhuma que se possa dar para justificarmos todo este alvoroço.» 41Depois de dizer isto, deu por terminada a reunião.

Paulo na Macedónia e na Grécia

1Quando acabou o alvoroço, Paulo mandou chamar os discípulos para lhes dar alguns conselhos. Depois despediu-se deles e seguiu para a Macedónia. 2Visitou aquela região, encorajando os crentes com as suas palavras. Por fim chegou à Acaia, 3onde ficou três meses. Estava a preparar-se para embarcar para a Síria quando soube que os judeus faziam planos contra ele. Resolveu então voltar pelo caminho da Macedónia. 4Foram com ele Sópatro, filho de Pirro, da cidade de Bereia, Aristarco e Segundo, os dois de Tessalónica, Gaio, de Derbe, Timóteo e ainda Tíquico e Trófimo, que eram da região da Ásia. 5Aliás, estes cristãos foram adiante e esperaram por nós na cidade de Tróade. 6Depois das festas da Páscoa, embarcámos no porto de Filipos e cinco dias mais tarde já estávamos com eles em Tróade. Ficámos aí uma semana.

Paulo em Tróade

7No domingo, juntámo-nos para a refeição em comum. Paulo, que devia partir no dia seguinte, falou aos crentes e prolongou a pregação até à meia-noite. 8Estávamos reunidos no segundo andar e havia lá muitas lâmpadas acesas. 9Um rapaz chamado Êutico, que estava sentado numa janela, adormeceu durante o longo sermão de Paulo e deixou-se cair. Foram encontrá-lo morto. 10Então Paulo desceu também, inclinou-se, abraçou o rapaz e disse: «Não se assustem que ele está vivo!» 11Paulo voltou para a assembleia, partiu o pão, comeu e ficou ainda a falar-lhes até de manhãzinha. Depois seguiu viagem. 12Quanto ao rapaz, saíram com ele vivo e ficaram todos muito encorajados.

De Tróade a Mileto

13Quanto a nós, fomos à frente viajando de barco até ao porto de Asso, pois tínhamos de esperar ali por Paulo. Ele dera-nos essas ordens, porque ia por terra. 14Quando se juntou connosco em Asso, recebemo-lo a bordo do navio e continuámos a viagem até à cidade de Mitilene. 15Saímos desse porto e no outro dia passámos perto da ilha de Quios. Levámos mais um dia até à ilha de Samos e outro até ao porto de Mileto. 16Paulo tinha resolvido não parar em Éfeso para não perder tempo naquela região, pois tinha pressa de chegar a Jerusalém, se possível, antes do dia de Pentecostes.

Mensagem de Paulo à igreja de Éfeso

17Enquanto estava em Mileto, Paulo mandou um recado aos presbíteros da igreja de Éfeso para se irem encontrar com ele. 18Quando lá chegaram, disse-lhes: «Bem sabem como passei todo o tempo que estivemos juntos, desde o primeiro dia em que cheguei à região da Ásia. 19Fiz o meu trabalho como servo do Senhor, com toda a humildade e com muitas lágrimas, nesses tempos difíceis que passei por causa dos judeus que se levantaram contra mim. 20Também sabem que fiz tudo para vos ajudar, pregando-vos o evangelho e ensinando publicamente, e de casa em casa. 21Tanto aos judeus como aos não-judeus mostrei com firmeza que deviam voltar-se para Deus e crer em Jesus, nosso Senhor. 22Agora vou para Jerusalém, obedecendo ao Espírito Santo, sem saber o que lá me vai acontecer. 23Sei apenas que o Espírito Santo me tem avisado, em todas as cidades aonde vou, que me esperam prisões e dificuldades. 24Mas para mim a minha vida não tem valor. O que interessa é que eu chegue ao fim da carreira e cumpra o ministério que o Senhor Jesus me deu, de dar testemunho do evangelho da graça de Deus.

25E agora sei que nenhum de vós, entre os quais andei a pregar o reino de Deus, me voltará a ver. 26Por isso, tomo-vos hoje por testemunhas de que se algum se perder, não sou eu o culpado, 27porque vos anunciei todo o plano de Deus sem vos esconder nada. 28Portanto, cuidem bem de vós e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos pôs como supervisores. Sejam pastores da igreja de Deus, pois ele adquiriu-a com o sangue do seu próprio Filho. 29Pois sei muito bem que, depois de eu partir, vão introduzir-se no vosso meio os que querem destruir a igreja, como os lobos ferozes destroem as ovelhas. 30Mesmo entre vós hão de aparecer alguns a ensinar doutrinas falsas, arrastando consigo os discípulos. 31Por conseguinte, estejam vigilantes. Lembrem-se de que durante três anos, de dia e de noite, nunca deixei de vos aconselhar, um por um, com muitas lágrimas.

32E agora entrego-vos à proteção de Deus e à palavra da sua graça, palavra que tem poder para vos edificar e para vos dar a herança entre todos os santificados. 33Nunca cobicei de ninguém nem a prata nem o ouro nem o vestuário. 34Pelo contrário, sabem muito bem que trabalhei com as minhas próprias mãos para conseguir tudo aquilo de que eu e os meus companheiros precisávamos. 35Mostrei-vos em tudo que é trabalhando assim que podemos ajudar os necessitados e recordar estas palavras do Senhor Jesus: “É mais feliz quem dá do que quem recebe.”»

36Quando Paulo acabou de dizer isto, ajoelhou-se com todos os irmãos e orou. 37Todos se puseram a chorar, abraçando e beijando Paulo. 38Eles estavam muito tristes por lhes ter dito que nunca mais o veriam. E acompanharam-no até ao navio.

Atos dos Apóstolos 16-20BPTAbrir na App Bíblia para todos

REFLEXÃO

“Irá Deus castigar-me se eu não conseguir levar a cabo o que ele quer que eu faça? E se eu tentar e correr tudo mal?” Talvez já te tenhas sentido assim, ao tomar uma de-cisão importante. Sem dúvida, que Paulo estava a buscar a direção de Deus no início desta nova viagem missionária. Mas, como podemos conhecer a vontade de Deus?

O ponto de partida, é esperar no Senhor (13:2-3). Para nós, é mais natural delinear o caminho e depois pedir a Deus que o abençoe. Mas, isso pode trazer-nos problemas. É muito melhor orar, jejuar, pedir conselhos e esperar que o Espírito Santo nos guie. Isto, não quer dizer que devemos ficar parados. Repara que, no princípio, Paulo pareceu não compreender qual era a vontade de Deus. Tentou ir para a Ásia, depois para a Bitínia e, Deus impediu-o duas vezes (16:6, 9-10). Por fim, Deus abriu a porta para a Macedónia. Quando tomamos tempo para buscar, seriamente, a vontade de Deus, podemos caminhar em fé, mesmo que o caminho pareça, ainda, pouco claro. Deus pode usar os desvios da nossa rota, para nos colocar onde ele quer.

Mas, a caminhada nem sempre vai ser fácil. Pensa em todas as coisas más que aconteceram a Paulo e aos seus companheiros em cada uma destas cidades. “Senhor, pensei que me tinhas dito para ir à Macedónia.” O mais curioso é que, muitas vezes, o trabalho de Deus não aparenta ser bem sucedido. Isto deve-se ao facto de ele usar as nossas fraquezas para concretizar os seus planos (2 Coríntios 12:9-10). Mas, independentemente, do que aconteceu — de bom ou de mau – Paulo continuava focado na motivação correta para o ministério (20:24). Nós, também, devemos fazer o mesmo.

Paulo usou estratégias diferentes, dependendo de quem estava a tentar alcançar. Com os que estavam familiarizados com a Bíblia, falava “sobre a Sagrada Escritura” (17:2), mas, com os outros, usava a arte e a cultura, de forma a criar pontos de ligação para, depois, poder partilhar as Boas Novas (18:1-17). Esta é uma boa estratégia, para qualquer pessoa que tente comunicar o evangelho no mundo pós-moderno.

APLICAÇÃO

Como buscas a vontade de Deus? Deus já usou algum desvio na tua vida, para concretizar a sua vontade em ti ou nas noutras pessoas?

ORAÇÃO

Pai Celestial, quando olho para trás, vejo como me tens guiado. Se há uma nova direção que desejas que eu tome, peço-te que me dês a coragem de avançar em fé.

Sociedade Bíblica de Portugalv.4.18.12
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