Sociedade Bíblica de Portugal

80 – As viagens de Paulo – S.O.S.!

ORAÇÃOSenhor, a parte mais importante do meu dia é este tempo que passo contigo. Tens toda a atenção da minha mente, do meu coração e das minhas emoções.

Texto(s) bíblico

Paulo apela para o imperador

1Três dias depois de ter tomado conta do governo daquela região, Festo saiu de Cesareia e foi a Jerusalém. 2Os chefes dos sacerdotes e as autoridades judaicas apresentaram-se diante dele com as suas acusações contra Paulo. 3Pediram a Festo o favor de mandar vir Paulo a Jerusalém. O plano deles era matá-lo no caminho. 4Mas Festo respondeu: «Paulo está preso em Cesareia e eu vou voltar para lá dentro de pouco tempo. 5Os mais qualificados de entre vós poderão vir comigo para lá o acusarem, se é que ele fez algum mal.» 6Festo só ficou em Jerusalém uns oito ou dez dias e depois voltou para Cesareia. No dia seguinte, tomou o seu lugar no tribunal e mandou buscar Paulo. 7Quando Paulo entrou, os judeus que tinham vindo de Jerusalém ficaram em volta dele e começaram a fazer muitas acusações graves, mas não conseguiram provar nenhuma. 8Então Paulo disse em sua defesa: «Eu não cometi qualquer falta, nem contra a lei judaica, nem contra o templo, nem contra o imperador9Então Festo, para agradar aos judeus, perguntou a Paulo: «Queres ir a Jerusalém para seres lá julgado por mim a respeito destas coisas?» 10Paulo respondeu: «Estou diante do tribunal do imperador romano, onde devo ser julgado. Não fiz mal nenhum aos judeus, como tu sabes muito bem. 11Se de facto sou culpado, ou se fiz alguma coisa que mereça a pena de morte, estou pronto a morrer. Mas se o que dizem contra mim não é verdade, ninguém me pode entregar aos judeus. Portanto, apelo para o imperador.»

12Então Festo, depois de conversar com os seus conselheiros, disse: «Apelaste para o imperador, irás ao imperador!»

Paulo diante de Agripa

13Algum tempo depois, o rei Agripa e Berenice foram a Cesareia para cumprimentar Festo. 14Como ali ficaram alguns dias, Festo contou ao rei o caso de Paulo: «Tenho cá um homem que Félix deixou na prisão. 15Quando fui a Jerusalém, os chefes dos sacerdotes e as autoridades judaicas puseram-me uma queixa contra ele e reclamavam a sua condenação. 16Eu disse-lhes que as autoridades romanas não costumam condenar ninguém sem primeiro chamar os acusadores diante do acusado, para que ele tenha oportunidade de se defender. 17Por isso, quando eles cá vieram não perdi tempo e, logo no dia seguinte, tomei lugar no tribunal e mandei trazer o homem. 18Os seus inimigos apresentaram-se para o acusar, mas não tinham contra ele nenhum crime grave, como eu pensava. 19A única acusação era a respeito da sua própria religião e de um certo Jesus que morreu, mas que Paulo afirma estar vivo. 20Como eu não sabia o que havia de fazer com uma questão destas, perguntei a Paulo se queria ir a Jerusalém para ser lá julgado sobre essas coisas de que o acusavam. 21Mas Paulo pediu para ser julgado pelo imperador e eu dei ordem para ele continuar preso até poder mandá-lo ao imperador.» 22Então Agripa disse a Festo: «Também eu gostava de ouvir esse homem.» Festo respondeu: «Pois amanhã mesmo vais ouvi-lo.»

23No dia seguinte, Agripa e Berenice chegaram com grande cerimónia e pompa. Entraram na sala de receções com os chefes militares e os homens mais importantes da cidade. Festo mandou trazer Paulo 24e disse: «Rei Agripa e todos os senhores aqui presentes! Vejam este homem! É contra ele que todos os judeus, tanto daqui como de Jerusalém, fazem acusações na minha presença. Eles insistem em que este homem não deve continuar vivo. 25Mas eu acho que ele não fez nada que mereça a morte. Contudo, como pediu para ser julgado pelo imperador, resolvi enviá-lo a César. 26Como até agora não sei bem o que escrever a respeito dele ao imperador, trago-o aqui diante de todos, especialmente de ti, rei Agripa, para que do interrogatório eu consiga tirar alguma coisa para escrever. 27Pois parece-me absurdo mandar um prisioneiro sem indicar as acusações que há contra ele.»

Paulo apresenta o seu caso a Agripa

1Então Agripa disse a Paulo: «Podes falar em tua defesa.» Paulo estendeu a mão e disse: 2«Rei Agripa! Sinto-me feliz em poder hoje diante de ti defender-me de tudo aquilo de que os judeus me acusam. 3Principalmente, porque conheces muito bem todos os costumes e questões dos judeus. Por isso te peço que me ouças com paciência.

4Os judeus sabem perfeitamente como desde a minha juventude eu passei a vida entre a minha gente, e em Jerusalém. 5Eles sempre souberam, e podem confirmar isso, se quiserem, que desde a minha mocidade pratiquei os costumes dos fariseus, os mais rigorosos da nossa religião. 6E agora trouxeram-me aqui para ser julgado por causa da esperança que tenho na promessa feita por Deus aos nossos antepassados. 7As doze tribos do nosso povo de Israel esperam também ver o cumprimento dessa promessa, e por isso adoram a Deus de dia e de noite, sem desanimar. É por causa dessa esperança, rei Agripa, que os judeus agora me acusam. 8Por que é que se julga incrível entre vós que Deus ressuscite os mortos?

9Ora eu também pensava que devia fazer tudo o que pudesse contra o nome de Jesus de Nazaré. 10E foi o que fiz em Jerusalém. Com a autorização que recebi dos chefes dos sacerdotes, meti muitos dos santos na cadeia. E quando os condenavam à morte, eu dava o meu voto contra eles. 11Muitas vezes ia pelas sinagogas e, à força de torturas, procurava levá-los a negar a sua fé. Tinha-lhes tanta raiva que até nas cidades estrangeiras os perseguia.

12Foi com essa intenção que eu fui à cidade de Damasco, autorizado e com ordens dos chefes dos sacerdotes. 13Ia na estrada, ó rei, e por volta do meio-dia vi uma luz vinda do céu, mais brilhante do que o Sol. A luz envolveu-me, a mim e aos que me acompanhavam na viagem. 14Caímos todos no chão e eu ouvi então uma voz na língua dos hebreus: “Saulo, Saulo! Por que me persegues? De nada te serve revoltares-te como um animal espicaçado.” 15Eu então perguntei: “Quem és tu, Senhor?” A voz respondeu-me: “Eu sou Jesus, a quem tu persegues! 16Levanta-te e põe-te de pé. Eu apareci-te para ficares ao meu serviço e para contares aos outros o que viste hoje e o que eu te hei de mostrar depois. 17Hei de livrar-te dos judeus e dos não-judeus, para os quais te vou mandar agora. 18Irás abrir-lhes os olhos, para os fazeres passar das trevas para a luz. Vais livrá-los do poder do Diabo para os confiares a Deus. Alcançarão assim o perdão dos pecados e passarão a ter parte na herança entre os que são santificados pela fé em mim.”

19Desde então, ó rei Agripa, não desobedeci à visão que me veio do céu. 20Primeiro, preguei a mensagem em Damasco, depois em Jerusalém, depois em toda a terra dos judeus e também aos não-judeus. A todos eles disse que tinham de se arrepender e de se voltar para Deus, mostrando pelo seu comportamento que estavam arrependidos. 21Foi por isso que os judeus me agarraram, quando eu estava no templo, e me quiseram matar. 22Mas com a ajuda de Deus, continuei a dar o meu testemunho até agora, e por isso aqui estou a falar-vos de Deus a todos pequenos e grandes. O que vos digo não é mais do que aquilo que os profetas e Moisés disseram que ia acontecer: 23que o Messias tinha de morrer e de ser o primeiro a ressuscitar, para levar essa luz tanto aos judeus como aos não-judeus.»

24Ao chegar a este ponto da sua defesa, Festo disse em voz alta: «Estás doido, Paulo! Os teus muitos estudos fizeram-te perder o juízo!» 25Mas Paulo respondeu: «Não estou doido, Excelência. O que estou a dizer é a verdade e as minhas palavras são sensatas. 26Está aqui o rei Agripa, que conhece bem todas estas coisas, e por isso falo com tanta confiança na sua presença. Nada disto foi feito às escondidas. 27Rei Agripa, acreditas nos profetas? Eu sei que acreditas!»

28Então Agripa disse a Paulo: «Por pouco me persuades a fazer-me cristão!» 29Paulo respondeu: «Pois eu peço a Deus que, por pouco ou por muito, não só tu, mas todos os que hoje me estão a ouvir aqui, se tornem naquilo que eu sou, mas sem estas correntes.» 30Em seguida, o rei Agripa levantou-se, e bem assim o governador e Berenice e todos os que estavam com eles. 31Ao saírem, diziam uns aos outros: «Este homem não fez nada que mereça a morte. Nem sequer devia estar preso.» 32Então Agripa disse a Festo: «Este homem podia ser posto em liberdade, se não tivesse pedido para ser julgado pelo imperador

Paulo embarca para Roma

1Quando ficou resolvido que devíamos embarcar para Itália, entregaram Paulo e outros presos a um oficial romano chamado Júlio, que pertencia ao «Batalhão do Imperador». 2Embarcámos num navio do porto de Adramítio que ia para os portos da província da Ásia. Estava também connosco Aristarco que era de Tessalónica, cidade da Macedónia. 3No outro dia, chegámos ao porto de Sídon. Júlio tratava Paulo com muita bondade e deu-lhe autorização para ir ver os seus amigos e receber deles aquilo de que precisasse. 4Depois de sairmos de Sídon, navegámos ao norte da ilha de Chipre, porque os ventos eram contrários. 5Passámos em frente da costa da Cilícia e da Panfília e chegámos a Mira, cidade da Lícia. 6Nesse porto, o oficial romano encontrou um navio da cidade de Alexandria, que ia para a Itália, e fez-nos embarcar nele. 7Navegámos muito devagar durante vários dias e foi com grande esforço que chegámos perto de Cnido. Mas como o vento não nos deixava seguir aquela direção, fizemos rumo para o sul da ilha de Creta, passando em frente do Cabo Salmona. 8Assim fomos navegando junto da costa, com grande dificuldade, até que chegámos a um lugar chamado Bons Portos, perto da cidade de Laseia. 9Como já tinha passado muito tempo e se tornava perigoso viajar por mar, porque o inverno se aproximava, Paulo deu-lhes este conselho: 10«Meus amigos, vejo que a nossa viagem daqui para diante vai ser perigosa, representando muitos prejuízos para a carga e para o navio. E até nós podemos perder a vida.» 11Mas o oficial romano tinha mais confiança no piloto e no capitão do que em Paulo. 12O porto não tinha condições para lá se passar o inverno, por isso a maioria achava que devíamos sair dali e tentar chegar à cidade de Fenice, que é um porto de Creta com uma parte virada a sudoeste e outra a noroeste, para ali passarmos o inverno.

Tempestade no mar

13Começou a soprar do sul um vento fraco. Por isso pensaram que podiam pôr em prática o que tinham planeado. Levantaram ferro e seguiram ao longo da costa de Creta. 14Mas pouco depois desencadeou-se um vento ciclónico de nordeste 15que arrastou o navio. Como se tornou impossível navegar contra o vento, deixámos o navio ir à deriva. 16Passámos depressa a sul de uma ilhota chamada Cauda, onde o vento era menos forte, e ali conseguimos com muita dificuldade salvar a baleeira do navio. 17Os marinheiros içaram-na para bordo e reforçaram o navio com cabos de segurança. Depois, como tinham medo que o navio fosse encalhar nos bancos de areia das costas da Líbia, baixaram as velas e foram à deriva. 18No outro dia, como a tempestade continuava muito forte, começaram a deitar a carga ao mar. 19No terceiro dia, deitámos à água os apetrechos do navio, com as nossas próprias mãos. 20Durante muitos dias não conseguimos ver nem o Sol nem as estrelas. A tempestade continuava ameaçadora, de maneira que já não tínhamos qualquer esperança de nos salvarmos.

21Havia muito tempo que não comíamos nada. Então Paulo pôs-se de pé no meio deles e disse: «Meus amigos, tinha sido melhor darem-me ouvidos e termos ficado em Creta. Teríamos evitado assim este sofrimento e estes prejuízos. 22Mas agora tenham coragem, porque ninguém aqui vai morrer. Apenas se perde o navio. 23Digo isto, porque na noite passada apareceu-me um anjo, enviado pelo Deus a quem pertenço e a quem adoro, 24que me disse: “Paulo, não tenhas medo, porque tens de te apresentar diante do imperador romano. Por tua causa, Deus vai livrar da morte todos os que estão contigo a bordo.” 25Portanto, meus amigos, coragem! Eu tenho confiança em Deus; ele vai fazer aquilo que me disse. 26Mas vamos naufragar nalguma ilha.»

Salvos do naufrágio

27Duas semanas depois de começarmos a andar à deriva no mar Adriático, os marinheiros perceberam, por volta da meia-noite, que o navio estava a aproximar-se de terra. 28Mediram com uma sonda a fundura da água e viram que era de trinta e seis metros. Mais adiante, tornaram a medir e deu vinte e sete metros. 29Eles, com medo que o navio fosse encalhar nas rochas, deitaram quatro âncoras do lado de trás do navio e ficaram ansiosos que rompesse o dia. 30Entretanto, os marinheiros procuravam escapar-se do navio e para isso baixaram a baleeira até ao mar, fingindo que iam deitar âncoras do lado da frente do navio. 31Paulo disse então ao oficial romano e aos soldados: «Se estes homens não permanecerem no barco, vocês não poderão salvar-se.» 32Então os soldados cortaram os cabos que prendiam a baleeira e deixaram-na cair ao mar.

33De madrugada, Paulo pediu a todos que comessem alguma coisa: «Já faz hoje duas semanas que estão à espera e durante esse tempo não comeram nada. 34Peço-vos que comam qualquer coisa, pois precisam de se alimentar para continuarem a viver. Ninguém aqui vai perder nem sequer um cabelo.» 35Dizendo isto, Paulo pegou no pão, agradeceu a Deus diante de todos, partiu-o e começou a comer. 36Todos ficaram com mais coragem e puseram-se também a comer. 37Éramos ao todo, no navio, duzentas e setenta e seis pessoas. 38Depois da refeição, deitou-se o trigo ao mar para aliviar o navio.

39Quando amanheceu, os marinheiros não reconheceram a terra, mas viram uma baía que tinha uma praia e resolveram tentar encalhar lá o navio. 40Cortaram os cabos das âncoras e deixaram-nas ficar no mar, enquanto desamarravam o leme e levantavam a vela da frente para seguirem em direção à praia. 41Mas o navio bateu num banco de areia e ficou ali encalhado. A frente estava presa, enquanto a parte de trás era batida pelas ondas. 42Os soldados tiveram então a ideia de matar os prisioneiros, para que nenhum deles se escapasse a nado. 43Mas o oficial queria salvar Paulo e não os deixou levar por diante esse projeto. Pelo contrário, deu ordens aos que sabiam nadar para saltarem para a água primeiro e tentarem salvar-se chegando à praia. 44A todos os outros deu ordem para procurarem salvar-se agarrados a tábuas ou a bocados do navio. Foi assim que todos chegaram a terra sãos e salvos.

Paulo em Malta

1Quando já estávamos todos em segurança, soubemos que a ilha se chamava Malta. 2Os habitantes trataram-nos com uma amabilidade fora do comum. Como estava a chover e fazia frio, acenderam uma grande fogueira e convidaram-nos para junto dela. 3Paulo apanhou um braçado de lenha seca que deitou no fogo. Nisto, uma víbora a fugir do calor agarrou-se-lhe à mão. 4Os habitantes da ilha viram a víbora pendurada na mão de Paulo e disseram uns aos outros: «Este homem deve ser com certeza um assassino, pois conseguiu salvar-se do mar, mas o destino não o vai deixar viver.» 5Mas Paulo sacudiu a víbora para cima da fogueira e não sofreu nada. 6Eles esperavam que ele inchasse, ou que caísse morto de repente. Mas depois de esperarem bastante tempo, e de verem que não lhe acontecia nada, mudaram de opinião e começaram a dizer que Paulo era um deus.

7Nas proximidades daquele lugar, havia umas terras que pertenciam ao governador da ilha, chamado Públio. Ele recebeu-nos muito bem e durante três dias fomos seus hóspedes. 8Ora, o pai de Públio estava de cama com febre e disenteria. Paulo foi visitá-lo e, depois de orar, pôs as mãos sobre a cabeça do doente e curou-o. 9Posteriormente, todos os doentes daquela ilha foram ter com ele e ficaram curados. 10As pessoas, por sua vez, trataram-nos com todas as honras e depois, quando embarcámos de novo, deram-nos tudo de quanto necessitávamos para a viagem.

De Malta para Roma

11Tendo passado três meses na ilha, embarcámos num navio que passara ali o inverno. Era de Alexandria e tinha à proa as figuras dos deuses gémeos Castor e Pólux. 12Desembarcámos na cidade de Siracusa e ficámos lá três dias. 13Dali seguimos ao longo da costa até chegarmos ao porto de Régio. No dia seguinte, levantou-se um vento do sul e em dois dias chegámos ao porto de Pozuoli. 14Aí encontrámos alguns irmãos que nos convidaram a ficar com eles uma semana, e por fim chegámos a Roma. 15Os irmãos que viviam em Roma, logo que souberam que íamos para lá, foram ao nosso encontro até à Praça de Ápio e Três Tabernas. Ao vê-los, Paulo agradeceu a Deus e sentiu-se mais animado.

Paulo em Roma

16Quando chegámos a Roma, Paulo teve autorização para ficar a viver em alojamento próprio, com um soldado a guardá-lo. 17Três dias depois, Paulo convidou os judeus mais importantes de Roma para se reunirem com ele e disse-lhes: «Meus irmãos, eu não fiz nada contra o nosso povo ou contra os costumes que recebemos dos nossos antepassados. No entanto, os judeus prenderam-me em Jerusalém e entregaram-me aos romanos. 18Estes, depois de me interrogarem, quiseram soltar-me porque não encontraram nenhum motivo para me condenar à morte. 19Mas como os judeus se opuseram, tive que pedir para ser julgado pelo imperador, embora não tenha nada de que acusar o meu próprio povo. 20Foi por isso que pedi para vos ver e para vos falar, pois é precisamente por causa da esperança do povo de Israel que eu aqui estou preso com estas correntes.» 21Eles então responderam: «Nós não recebemos nenhuma carta da Judeia a teu respeito, nem aqui chegou nenhum dos nossos irmãos que trouxesse notícias sobre o caso, ou que dissesse mal de ti. 22Mas gostávamos de ouvir da tua boca quais são as tuas ideias, porque sabemos que em toda a parte se fala contra essa seita a que pertences.» 23Combinaram então uma data. No dia marcado, foram muitos até ao lugar onde Paulo estava alojado. Desde manhã até à noite, não cessou de lhes dar testemunho do reino de Deus. Ele procurava convencê-los a respeito de Jesus, baseando-se na Lei de Moisés e nos profetas. 24Uns foram persuadidos pelas suas palavras, mas outros continuaram incrédulos. 25Como não se entendiam, iam-se embora. Mas antes de saírem, Paulo disse-lhes: «Bem falou o Espírito Santo aos vossos antepassados, por meio do profeta Isaías, 26quando disse:

Vai dizer isto a esse povo:

Por mais que oiçam, não vão compreender,

por mais que vejam, não vão distinguir.

27Porque o coração deste povo tornou-se duro.

Taparam os ouvidos e fecharam os olhos

para não verem com os olhos, nem ouvirem com os ouvidos,

nem entenderem com o coração,

nem se converterem a mim, para eu os curar

28Paulo disse-lhes ainda: «Pois fiquem sabendo que esta mensagem de salvação que Deus oferece foi enviada também aos que não são judeus e eles hão de escutá-la.»

29[Quando Paulo disse isto, os judeus foram-se embora a discutir uns com os outros.]

30Paulo ficou durante dois anos completos a morar naquela casa que tinha alugado, e lá recebia todos os que o iam ver. 31Anunciava abertamente o reino de Deus e ensinava a respeito do Senhor Jesus Cristo, sem que ninguém o impedisse.

Atos dos Apóstolos 25-28BPTAbrir na App Bíblia para todos

REFLEXÃO

Que grande história! Paixões conflituosas, conspirações secretas, tensões políticas, um trágico naufrágio — e um final, que deixa em aberto a possibilidade de continuação. Parece um livro de suspense e é mesmo. O Livro dos Atos é uma das melhores leituras da Bíblia.

À partida, parecia que a sequência de acontecimentos estava fora de controlo, e que o derradeiro apelo de Paulo a César (25:11) tinha afundado o seu ministério. Mas, sob o aparente desastre, Deus tinha um plano, tal como a corrente corre forte, sob águas aparentemente calmas. Ele queria que Paulo pregasse o evangelho na cidade mais poderosa do mundo e levou-o até lá, com o patrocínio das autoridades Romanas. Se estás a viver algum tipo de desastre, neste momento, talvez seja bom pedires a Deus que te ajude a ver o plano subjacente: “Senhor, o que me estás a tentar dizer através desta situação difícil?”

No meio do caos aparente, havia duas coisas que mantinham Paulo firme. A primeira era a sua concentração persistente, na missão que Deus lhe tinha dado (9:15). Mesmo sob a pressão de ter de enfrentar o Rei Agripa, Paulo não pestanejou (26:20, 28-29). Não se importava que as pessoas pensassem que era louco. Tudo o que queria era partilhar as Boas Novas. Podes tornar-te numa testemunha, incrivelmente, eficaz quando deixares de te preocupar com o que as pessoas pensam a teu respeito. A segunda era a intervenção do Espírito Santo. Deus alterou, milagrosamente, o curso dos acontecimentos, diversas vezes (27:33-34, 44; 28:1-10). Quando te vires numa situação, em que a única forma de avançar é confiar em Deus, vais começar a experimentar verdadeiramente, o poder do Espírito Santo na tua vida.

No fim, parece que o resultado do ministério de Paulo foi inconclusivo. Mas, na verdade ele concretizou, exatamente, o que Deus desejava dele — pregar o evangelho aos Gentios e aos Judeus e semear a Igreja de Jesus Cristo nas maiores cidades do mundo, até então, conhecido. Bom trabalho, servo bom e fiel!

APLICAÇÃO

Qual é a missão que Deus te deu? Que significado tem para ti, confiares nele nesta situação?

ORAÇÃO

Querido Senhor, Paulo é uma inspiração tremenda. Estou pronto a aceitar qualquer missão que me queiras dar e peço a ajuda do Espírito Santo para a concretizar.

Sociedade Bíblica de Portugalv.4.18.12
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